Terça-Feira, 29 de Maio de 2018 @ 00:00
O tudoradio.com trás mais uma entrevista que mostra a evolução de um mercado de rádio após apostar na evolução das estratégias e dos formatos de programação adotados. Dan Rocha responde artisticamente por um grupo de comunicação que aproveitou a migração AM-FM para ampliar a oferta de opções no meio rádio, trazendo para o dial a Educadora FM, um projeto novo, local e voltado ao formato adulto-contemporâneo.
Uberlândia, praça de atuação do Grupo Paranaíba (onde Dan Rocha atua), só contava com projetos na linha popular, este que já é dominado pela Paranaiba FM. Rocha conta ao tudoradio.com como foi o trabalho para formatar a Educadora FM, a atuação dela e da Paranaiba, os resultados recentes e como lidar com os ambientes digitais.
Aproveite a leitura!
Como surgiu a ideia de formatar a Rádio Educadora como adulto-contemporâneo após a migração para a faixa FM?
Dois anos antes da migração, começamos a conversar internamente sobre as possibilidades de formatos para quando efetivamente migrasse, na ocasião éramos afiliadas da Jovem Pan News no AM. Tínhamos em mente que qualquer que fosse a decisão de projeto, não poderia ser uma emissora que fosse popular ou sertaneja, para não chocar com o conceito e publico da Paranaíba. Procuramos observar bem o mercado e chegamos a conclusão que a cidade estava órfã de uma emissora com um conceito adulto. Partimos desse principio para evoluir o projeto.
Vocês realizaram alguma pesquisa para ver as necessidades do público e do mercado publicitário de Uberlândia?
Não houve pesquisa inicialmente, eu diria que foi mais sentido de analise do cenário musical e de comunicação, pois tínhamos praticamente todas as radios inseridas com o perfil popular e sertanejo. Obvio que com isso ficou claro o potencial de mercado e a quantidade de órfãos de radio que a cidade possuía.
Nosso receio maior era, se ele seria comercialmente viável, qual seria nosso universo de potenciais clientes, enfim, se a conta fecharia, pois a ideia era produzir um conceito bem elaborado no sentido artistico, comercial e de jornalismo. Os trabalhos de chegada dela foram coordenados pelo Marcelo Bonan, que ja trabalhava conosco desde 2010 sendo voz padrão e produtor da Paranaíba. Com a vinda dele para Uberlândia, para coordenar também a Paranaiba, conseguimos desenhar de maneira muito positiva o conceito de trabalho virtual da chegada da Educadora no mercado, com isso, recorremos a contratação de equipe de diversas partes do país para compor no projeto, seja alocado em Uberlândia, seja de maneira virtual. Foi uma decisão correta.
Já no segundo semestre, com bem menos um ano de operação, a Educadora FM apareceu entre os maiores volumes de audiência de Uberlândia. O projeto superou as metas?
Sem duvida! A receptividade do publico, das agencias de publicidade e do mercado local foi incrível. Comercialmente ela alcançou as metas muito rapidamente. E em termos de audiência, sim, foi uma grata surpresa que em seis meses ela ja estivesse em terceiro lugar.
Com o avanço da Educadora FM, vocês notaram um mercado e uma população mais interessada em rádio em Uberlândia? A maior oferta de formatos ajuda nisso, ou seja, trás público que antes não era atendido pelo rádio?
Exatamente. A maior surpresa que tivemos foi o quanto tinha de pessoas que não ouviam mais radio por não se identificarem com as emissoras que estavam no ar. O sertanejo é sem duvida o segmento mais popular do Brasil, mas nem por isso todo brasileiro o consome. Especificamente em Uberlândia, o case da Paranaiba é de longe de maior sucesso nas ultimas décadas. Mas com a chegada da Educadora FM, o que mais ouvimos nesse ano sobre ela foi: "Eu aposentei meu pen drive e cancelei meu Spotify", creio que essa seja a frase mais bonita que um radialista pode ouvir.
Como é o trabalho feito entre a Paranaiba FM e a Educadora FM? Há alguma atuação conjunta nas estratégias ou as rádios operam mais de forma independente?
De maneira artística e comercial elas operam de maneira muito independente, pois queremos que cada uma mantenha sua identidade própria de programação, o que envolve, por exemplo, não utilizar nenhum apresentador da Paranaíba na Educadora e vice-versa. Comercialmente também temos equipes distintas para as radios. Em operações, administrativo e outras areas no Grupo de Comunicação, vários colaboradores atuam em ambas as emissoras e na TV Paranaiba Record TV, assim com é padrão em grupos que possuem varias emissoras. Mas a identificação de ambas em campanhas iguais esta sendo feita somente em ações institucionais do Grupo. O Marketing de ambas tem foco e estratégias distintas.
Concorrentes também optaram por apostar em outros formatos, como a estreia da Mix FM. Como isso pode ajudar o mercado e as operações das rádios do Grupo Paranaiba?
Naturalmente o interesse pelos ouvintes foi ampliado no radio local. As opções de escolha fazem com que o mercado cresça e desenvolva conceitos e ideias cada vez melhores. Isso fortalece o veiculo radio e amplia todas as possibilidades artísticas e comerciais.
Mesmo líder isolada, a Paranaiba FM pode se beneficiar de alguma forma do mercado mais aquecido? Esse momento foi ainda mais positivo para a rádio?
Com absoluta certeza, afinal, quando se lidera pesquisa em um mercado aquecido e ampliado, isso tambem te posiciona de maneira positiva. Óbvio que tínhamos toda a consciência que com a chegada de novos players, a fatia de audiência seria mais dividida, por isso nosso foco continua em ser primeiro lugar dentro do que é o conceito dela como uma radio popular, ou seja, que dentro do universo de quem consome o segmento dela, a gente continue desenvolvendo um bom trabalho para mante-la em primeiro lugar de maneira bem consolidada.
Com a migração AM-FM avançando pelo Brasil, você imagina que esse novo cenário em Uberlândia deverá ser repetido em outras praças?
Acredito que sim, principalmente em praças acima de 300 mil habitantes, o potencial de novas radios sempre existe, mas precisam ser projetos inovadores, com diferenciais... De mesmice o radio esta cheio e saturado. Por isso é importante que as radios criem, saiam da caixa e mostrem que o radio pode ser sim um veiculo que não parou no tempo.
Tanto a Paranaiba como a Educadora FM notam uma audiência crescente vinda de canais digitais? Como isso tem beneficiado a operação de vocês no rádio?
Sim, porém nos temos uma maneira diferente de avaliar a audiência da radio na internet. Eu acho muito difícil que pelo habito das pessoas na internet, principalmente através do celular, que ela fique um bom tempo medio ligada em nosso streaming. O hábito do internauta é diferente de quando ele esta ouvindo radio no carro ou em casa. Por isso investimos e aperfeiçoamos a cada dia nosso posicionamento na internet como um complemento do que é nossa programação. Seja através de musica, promoções, noticias... o contato direto com o internauta é feito de uma maneira que ele esteja também consumindo o que a radio cria, o que ela produz... mesmo que ele não esteja ouvindo ela naquele momento.
E quais são os próximos passos das duas emissoras do grupo em Uberlândia?
Sem duvida essa evolução do trabalho de comunicação delas junto aos canais digitais é uma tendência que não podemos deixar de lado. Precisamos lembrar que o ouvinte novo, aquele jovem, possui hábitos diferentes de seu pai e seu avô. Nosso objetivo é fazer com que ele consuma a Paranaiba e a Educadora (essa na época do AM) da mesma forma que seu pai, seu tio, seu avô consomem. Por isso são ações diárias e muito amplas em busca desse trabalho para manter as radios fortes no futuro. Estamos acertando, estamos errando... mas não estamos parados, precisamos ir adiante olhando o futuro.
Em um curto período, continuamos investindo também na ampla divulgacão e ampliação de nossa grade, seja através de eventos, ações promocionais, jornalismo e marketing. E cuidando para que a radio seja um veiculo vivo em sua comunicação, que ele converse com seu público, seu ouvinte... afinal, de players musicais a internet já está cheia.
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.