Terça-Feira, 11 de Junho de 2019 @ 00:00
Paulo Ramalho é um experiente radialista e, como você poderá conferir em sua resposta inicial na entrevista, tem uma ligação muito próxima ao rádio e a música. Recentemente o tudoradio.com teve acesso ao trabalho que o profissional está desenvolvendo como consultor, onde possuí uma ferramenta que auxilia a composição de uma programação musical.
Atualmente a grade musical é considerada um "tapa buraco" em vários projetos de FMs brasileiras, mas em outros locais, onde o rádio está mais competitivo, a música é talvez a principal arma do meio contra o avanço de outras plataformas.
Nesse papo, Ramalho explica em detalhes como a ferramenta DMT (Digital Music Test) pode ser fundamental para o sucesso de rádios de diferentes formatos no Brasil. Trata-se de uma nova ferramenta digital para aferição de músicas para compor uma grade de programação.
Acompanhe!
Vamos começar falando sobre você. Como você começou no rádio e quais emissoras passou?
Ih! Eu sou um cara muito antigo! Nasci no Rio de Janeiro e desde cedo ouvi muito rádio. Da infância até a adolescência ouvia principalmente a Rádio Tamoio e a Rádio Mundial, ambas AM. Ia muito ao estúdio xeretar o programa do Big Boy até ter um pouco de amizade com ele. Frequentava os Bailes da Pesada no Canecão e nos vários clubes do subúrbio que ele fazia com o famoso DJ do Le Bateau Ademir Lemos. Aos 15 anos montei minha primeira equipe de som e fazia domingueiras em vários lugares como Tijuca Tênis Clube, Clube dos Caiçaras na Lagoa e muitos outros. O tempo foi passando e passei a gravar fitas cassetes para vender entre os amigos da faculdade com repertório importado comprado em lojas como Simphonie, Billboard e Modern Sound. Já estava quase conseguindo um estágio na Mundial quando um dia, recebi o telefonema de um senhor que se dizia interessado em comprar fitas. Ele ia em casa, ouvia várias músicas e não comprava nada. Quando eu já estava ficando irritado, lá pela sexta vez, ele me chamou para ir até São José dos Campos conhecer as instalações de uma FM que ele estava montando. Claro que eu fui. Chegando lá, ele me convidou para cuidar de toda a programação musical e explicou que estava procurando alguém do Rio porque ele achava as programações de rádio superiores às de São Paulo (ele devia estar se referindo à Radio JB). A rádio era a primeira FM do Vale do Paraíba e se tornou a lendária Stereo Vale FM onde fiquei por 15 anos. Depois, fui convidado a inaugurar a 17ª afiliada da Rede Transamérica em São José que durou apenas um ano e meio. Foi nessa época que conheci Marcelo Braga e Wagner Mendes. Fui então para a Rede Difusora de Taubaté que estava mudando o formato da Difusora FM de São José dos Campos para RD 90 FM. Eu não tinha a menor intenção de me mudar para SP para continuar em rádio e, quando saí da RD 90, resolvi trabalhar em agência de publicidade onde aprendi muito fazendo atendimento a clientes, chegando a apresentar um programa de ofertas na TV (o primeiro do Vale baseado no Shop Tour). Fiz também alguns comerciais para TV e gravei muitos vídeos institucionais e de treinamento para várias empresas da região. Sete anos depois de ter saído da Stereo Vale, Décio Matos me convidou para assumir a Direção da Rádio Cidade em SP. Fiquei de 1999 até o apagar das luzes em 2004 (a mudança do nome para Rádio Sucesso FM foi um pouco antes e caiu no meu colo). Aliás, eu acompanhei a Rádio Cidade desde antes do seu nascimento pois até na hora de negociar o local da antena no prédio da Paulista eu estava presente. Participei da primeira reunião feita por Carlos Townsend com os locutores escolhidos para a primeira equipe, todos sentados no chão pois ainda não havia móveis. Dalí fui para a Tropical FM onde fiquei por um ano e pouco. Fui também Diretor Artístico da Rede Antena 1 por quase dois anos até o final de 2013. Foi quando tive um problema de saúde, então voltei para o interior e comecei a fazer Consultorias que é o que faço hoje, a maioria On Line. Fiz mais dois trabalhos para a Antena 1: o primeiro foi a Gerência Comercial na filial de São José dos Campos e o segundo, uma Consultoria Artística em 2018. Até Web Rádio eu já coordenei, a Showtime.
Você vê muita diferença no relacionamento entre o rádio e o ouvinte hoje em comparação há alguns anos?
O ouvinte de rádio quer o mesmo sempre: música, informação e entretenimento. A diferença é que hoje a oferta de opções é muito grande. O rádio tem que dividir a atenção com as várias plataformas disponíveis. Tudo vem mudando de forma extremamente rápida e as tecnologias já não são as mesmas de poucos anos atrás. Os meios de comunicação, o comércio, as empresas têm corrido para se adaptar a estes novos tempos. O fato mais importante e inegável é que o relacionamento humano, em todo o mundo, ficou extremamente dependente do conhecimento e de todo tipo de informação. O rádio é reconhecido como o veículo mais versátil e que melhor tem se adaptado a estas novas plataformas. Nos Estados Unidos o rádio está mais forte do que nunca, vencendo todos os concorrentes, inclusive os digitais. Entretanto, o modelo de rádio que vem sendo praticado no Brasil, apresenta alguns problemas que vêm comprometendo a credibilidade, o crescimento da audiência e até o faturamento de muitas emissoras.
Eu consideraria alguns pontos, como...
Estagiários e iniciantes ascendendo para posições de comando sem estudo adequado, nenhuma experiência, nem treinamento. Os bons e "velhos" radialistas estão "velhos" e "caros", segundo a avaliação dos empresários...
Subutilização das mídias sociais, onde a maioria das rádios limita-se a colocar sua programação on-line. Seus sites são inconsistentes, com atualização precária e só se tornam interessantes ou interagem com os ouvintes quando tem alguma promoção especial.
Baixo investimento em qualificação profissional.
Queda vertiginosa dos salários praticados em todo o país.
Escassez de profissionais com real conhecimento de técnicas de programação musical... eles são escolhidos para esta função de acordo com a sua afinidade com música e não com a técnica. Isto sem falar nas outra áreas.
Excesso de erros no jornalismo, principalmente problemas com a língua portuguesa.
Produção "Feijão com Arroz", do tipo: "vou me livrar disso rápido".
Locução sem consistência, sem criatividade (engessada).e cheia de "muletas"
O crescimento assustador do jabá - um problema cada vez mais grave.
Como era feita a aferição de músicas antigamente?
Antigamente não havia aferição. Havia os pedidos dos ouvintes por telefone e por carta. O resto era "feeling". E isso era um erro, descobriu-se mais tarde, pois o mesmo ouvinte pode ligar 30 vezes no mesmo dia, por vários dias. E quando há prêmio envolvido, famílias inteiras ligam incessantemente usando dezenas de telefones diferentes. É impressionante! Isto pode levar uma música ao topo da parada e enganar toda a equipe da rádio... Antes da Crowley havia a Link, uma iniciativa do meu grande amigo Clever Pereira, um dos criadores da Rádio Cidade do Rio de Janeiro e um dos gênios do rádio brasileiro, quase esquecido (acho que o TudoRádio devia procurá-lo para uma entrevista. Seria muito enriquecedor). Havia mais uma ou duas que não lembro os nomes, que atuavam em algumas capitais e eram feitas à mão, tipo rádio-escuta. Mesmo assim, isto era a aferição das músicas que estavam sendo "executadas" e NÃO do que era "sucesso".
Sabemos que um dos principais problemas que as rádios enfrentam é se identificar com seu público-alvo. Existe uma forma menos onerosa para a rádio de solucionar esse problema?
Este problema tende a se eternizar porque a grande maioria das emissoras não realiza pesquisas para saber o que realmente o seu público deseja ouvir. Parece obvio que em nosso país tudo fica difícil e até inviável por causa dos altos custos de tudo. E pior: não há a tradição nem a pretensão de se mudar este tipo de conformismo. Uma rádio pode ficar 20 anos em segundo lugar e se conformar com esta posição porque julga não haver nada que possa ser feito. Ela não acredita em pesquisa, acha cara, inviável e desnecessária. Mas, nos principais mercados do mundo as rádios mais bem sucedidas não vivem sem pesquisa. No Brasil, esta não é uma prática comum e por isso mesmo é um diferencial imbatível e surpreendente. Lembre-se: "em terra de cego quem tem um olho é rei".
Como funciona o DMT?
O DMT (Digital Music Test) é a evolução do AMT (Auditorium Music Test) que é feito nos Estados Unidos e em vários outros países da Europa, além do Japão, Austrália e até alguns da América Latina. Desde o final dos anos 50 os testes de auditório eram feitos em cinemas ou teatros colocando um certo número de ouvintes, cada um com uma prancheta na mão, para responder sobre suas preferências, ouvindo todas as músicas da programação. A partir de 1985, o sistema evoluiu para radinhos individuais rastreados por um software que armazena os dados e analisa posteriormente para saber quais músicas foram mais pontuadas. Não é necessário falar do alto custo deste tipo de teste pois requer um grande esforço e técnicas específicas para ser realizado.
Como curiosidade, vou relatar um dos 5 testes que pude realizar quando estava na direção da Rádio Cidade. A empresa Broadcast Architeture foi contratada para a realização dos testes com um custo de US$25,000.00 mais passagens, hospedagem e alimentação para quatro pessoas. Além disso, tivemos que contratar uma empresa de trabalho de campo para fazer o recrutamento dos ouvintes no target da rádio. Houve também despesas com aluguel de duas salas de convenções, por uma semana, em um hotel da Alameda Santos para a acomodação dos ouvintes, mais o aluguel de equipamento de som e vídeo. Sem contar com o deslocamento de equipe da rádio para receber e animar os participantes com prêmios e brincadeiras para que ficassem bem à vontade e tranquilos (O estresse e o cansaço podem alterar os resultados do teste).
Os americanos chegavam no Domingo. Na Segunda-Feira os computadores da empresa eram abastecidos e configurados com as músicas a serem testadas. Na Terça, eram realizados os testes com ouvintes de classe A e B. Na quarta, os da classe C,D e E. Na Quinta, compilação e análise dos dados e na Sexta, reunião para exposição e discussão sobre o resultado da pesquisa. Ufa! A partir dali, eu tinha à disposição um ranking das músicas mais pontuadas na pesquisa e podia visualizar também as menos pontuadas (em um mercado competitivo como São Paulo a recomendação era que eu só tocasse as músicas que estavam nos primeiros 60% da lista). Além disso, eu tinha o ranking das musicas por classe social, por idade e o ranking das músicas preferidas pelos ouvintes dos meus concorrentes mais próximos. O resultado disso é que, aplicados esses resultados na programação, a Rádio Cidade que antes do teste estava em primeiro lugar com 9,86% de Share subiu para inimagináveis 11,03%! Um resultado nunca mais alcançado por nenhuma outra emissora em São Paulo! Quem acompanha o IBOPE sabe do que eu estou falando.
O acesso ao DMT é feito apenas pelo computador?
Os ouvintes da rádio são convidados a participar de uma pesquisa onde eles vão ajudar a emissora a tocar as melhores músicas. Este convite pode ser feito por e-mail, pelo site da emissora, pelas redes sociais ou até por chamadas no ar. A inscrição é simples bastando responder perguntas pessoais e algumas de percepção, qualitativas. A partir daí, ele é estimulado a ouvir cada música (entre 7 e 9 segundos do refrão mais forte) e a qualifica de acordo com o seu gosto pessoal. O processo não demora mais do que 10 minutos e pode ser feito no computador ou em qualquer dispositivo móvel, smartphone ou tablet, IOS ou Android. Mas pode ser interrompido para finalizar mais tarde ou nos dias subsequentes, contanto que não ultrapasse a data limite.
No teste que eu citei acima a escala usada foi de 5 pontos que é comum em todas as empresas que fazem este trabalho nos Estados Unidos. Nós usamos uma escala de 6 pontos baseada em: Favorita, Gosto, Neutra, Cansada, Negativa e Desconhecida, uma evolução da técnica com algoritmos exclusivos. Também usamos uma métrica para uma Pontuação POP, uma pontuação de popularidade (média ponderada entre os 3 primeiros índices abaixo). Em vez de tentar julgar uma música apenas balanceando os resultados nas 6 métricas (os 6 pontos), a Pontuação POP fornece uma única referência para julgar o sucesso da música como um sucesso ou não.
Vou detalhar como funciona essa classificação das músicas..
1. Favorita
Favorita = "Uma das minhas músicas favoritas"
Uma pontuação percentual favorita acima de 20% é um indicador de um verdadeiro impacto
2. Gosto
Gosto = "Eu gosto dessa música"
Eles gostam da música quando ouvem no rádio.
3. Neutro
Neutro = "Já ouvi falar, mas não tenho opinião"
Nenhuma Opinião Real - Eles ouviram a música, mas não têm opinião sobre ELA. Não gostam nem desgostam.
4. Cansada
Cansada = "costumava gostar, mas agora está cansado de ouvir"
Cansado de - Eles costumavam gostar da música, mas agora se cansou e não gosta de ouvir no rádio.
Normalmente você tentaria evitar tocar qualquer música com um Grau de 20% ou mais. Atualmente, é mais provável que uma decisão seja baseada em uma pontuação de 25% ou mais nas Cansadas.
5. Negativo
Negativo = "Eu não gosto dessa música"
Nunca Gostou - Eles não gostam dessa música e nunca gostaram de ouvir no rádio.
Você deve evitar tocar uma música com uma pontuação negativa de 20% ou mais. As músicas Cansadas podem se recuperar no futuro, mas uma música Negativa sempre será uma música negativa.
6. Não familiar
Desconhecida = "Não está familiarizado com esta música"
Eles nunca ouviram essa música antes.
Não teste músicas desconhecidas. Todas as músicas testadas, sejam elas de Currents (Hits), Recurrents (Mids) ou Gold (Clássicos), devem estar abaixo de 20% de desconhecimento. Se a falta de familiaridade de uma música for maior que 20%, isso pode tornar qualquer outra pontuação pouco confiável, por isso é um desperdício de tempo e dinheiro.
Aí, temos como o objetivo principal satisfazer P1's, que são os ouvintes que declaram ouvir a sua rádio por mais de 4 horas diárias, e construir Alcance Semanal
Você tem que basear sua estratégia e abordagem em dois níveis ao analisar seus dados:
1. Você quer manter seus ouvintes mais leais felizes e engajados.
2. Você quer ver se pode converter aqueles que atualmente experimentam você semanalmente, mas ainda ouvem seu(s) concorrente(s) a maior parte do tempo, para ouvi-lo mais, contanto que isso não interfira no ponto 1.
A partir disso, eu te pontuo os principais benefícios do sistema, que são...
Segmentar áreas ou regiões específicas - ideal para estações nacionais e regionais.
Monitorar facilmente o comportamento de cada ouvinte - taxas de resposta e valores consistentes.
Usar os estilos de música para filtrar e direcionar fãs de música específicos para sua compilação de painel.
Módulo Percepções para dar mais informações sobre as expectativas e desejos dos seus ouvintes.
Filtragem e ramificação completas - não desperdice o tempo de seus membros em perguntas irrelevantes para eles.
Login e compartilhamento de mídia social para conscientizar os amigos e familiares do pesquisado.
Análise dinâmica de pesquisa ativa - não é necessário esperar até a data de fechamento para ver os acertos e erros.
Gerenciar facilmente relatórios para auxiliar suas decisões de categorias e rotação.
Importar facilmente os resultados mais recentes da pesquisa para o seu sistema de programação musical.
Repetir facilmente a análise de pesquisas anteriores.
A mobilidade deste sistema permite, por exemplo, que uma rede de emissoras teste cada praça, separadamente e ao mesmo tempo, conseguindo saber com precisão as tendências de cada mercado.
O que isso pode trazer de benefício para a área artística da rádio?
Não tenho dúvida de que os benefícios são incalculáveis. Imagine você ter absoluta certeza de que as músicas que você está tocando estão atingindo em cheio a maioria esmagadora dos seus ouvintes, uma atrás da outra. A grande vantagem sobre os concorrentes de segmento é que todos os Midbacks ou Flashbacks da sua programação terão eficiência total enquanto eles continuarão tocando músicas no escuro, sem saber quais estão funcionando. Você também pode testar os sucessos Atuais (Callout) acompanhando a evolução de cada música semanalmente ou a cada 15 dias.
Como eu disse no início, eu sou um radialista muito antigo, do tempo em que a gente sabia que 90% do sucesso de uma rádio musical era a música. Hoje essa verdade se dissipou um pouco porque alguém disse num certo momento que o que vale agora é o conteúdo. Ué! Agora??? Hoje, em todos os fóruns, conversas e discussões sobre o futuro do rádio, do posicionamento do veículo como multiplataforma, a palavra de ordem é "conteúdo". Ora bolas, conteúdo o rádio sempre teve!!! A diferença está na diversidade e na imensa oferta de informações proporcionadas hoje pela web e que vem provocando uma sensação de hipersegmentação. Outra diferença fundamental é a velocidade destas informações. Mas, como em tudo na vida, o que importa é o bom senso para decifrar e separar esta avalanche de conhecimento e direcionar o que interessa para o seu público-alvo.
E o departamento comercial também poderá se beneficiar com o programa para comprovar a execução das músicas?
Bom, é o seguinte: não tenho absolutamente nada contra o excelente e necessário trabalho das gravadoras e escritórios que divulgam incessantemente os seus artistas porém, o volume excessivo de lançamentos pode prejudicar tremendamente as programações de rádios que não tomam muito cuidado. Sabemos que investimentos vindos destes artistas fazem parte da meta de faturamento comercial de algumas emissoras... Isso é contra tudo o que aprendemos ao longo do tempo. Não dá para misturar as coisas... Com esta "novidade" os departamentos comerciais, principalmente de rádios em pequenos e médios mercados, encolheram e se tornaram menos eficientes pois já não são tão cobrados. Esta acomodação generalizada fez com que os salários de todos os setores das emissoras, já pequenos, chegassem ao fundo do poço. Hoje é tudo baseado no piso. Não há mais chance de crescimento a não ser com acúmulo de função, se houver. Esta situação culminou com a evasão de talentos registrada nos últimos anos, infestando as emissoras de estagiários e iniciantes nem sempre competentes. E pior: salvo em algumas excessões, faltam profissionais antigos ensinando, treinando, coordenando, dirigindo adequadamente esses novos radialistas. Com isso, o interior de São Paulo, por exemplo, que sempre foi um um grande celeiro onde as grandes emissoras da capital iam colher, parou de exportar os grandes talentos. Este fenômeno começa também a atingir essas grandes emissoras perigosamente em todo o país. Uma coisa é certa! Não dá pra ter as duas coisas ao mesmo tempo: muitos compromissos com artistas e grande audiência. A não ser que a concorrência seja muito fraca. Em emissoras onde o departamento comercial trabalha seriamente, é lógico que altos índices de audiência no target pretendido e uma boa posição no ranking resultará em melhores vendas.
Por estes dias assisti um vídeo no Facebook de um conceituado radialista anunciando pacotes de vinhetas e conteúdos diversos produzidos em seu estúdio porém, ele afirmava que "acredita que a programação musical é apenas uma "pequena parte" de uma rádio". Sinto muito amigo, mas tenho que discordar de você... Aprendemos nos anos 60 e 70 que a programação musical é a parte mais importante de uma emissora musical (Olha aí uma vantagem de ser antigo!). Os americanos aprenderam isso com intensas discussões e pesquisas desde os primeiros trabalhos como The Psychology of Radio (Cantril & Allport, 1935) e The People Look to Radio (Lazarsfeld & Field, 1946). Houve também o Bureau of Applied Social Research da Columbia University que entrevistou disc-jockeys e diversos profissionais da indústria da música em 1953. Sabemos que quando o ouvinte liga o rádio ele está procurando especificamente por notícias, esportes, todo tipo de informação, programas, apresentadores e, no caso de emissoras musicais, música é claro! E não importa que ele tenha disponível na Web milhões de músicas em serviços de streaming. É o rádio que vai dar consistência ao sucesso. Inconscientemente o ouvinte sabe disso e é sempre no rádio que ele vai procurar o que ouvir... O rádio sempre proporciona uma relação de credibilidade com o ouvinte... É baseado no que toca no rádio que a maioria dos ouvintes vai escolher o que baixar em seus smartphones. Por isso, em todo o mundo, as emissoras têm muito cuidado com o que é tocado e como é tocado.
Essa ferramenta é usada apenas para a aferição das músicas?
Esta fantástica ferramenta é uma poderosa "arma secreta" que pode pegar o concorrente totalmente desprevenido. Com ela você pode também testar os estilos musicais da sua programação identificando tendências e percebendo, antes de todos, que um certo estilo vem caindo ou subindo no gosto popular. Com os resultados da pesquisa você ajusta com segurança o percentual de cada estilo na programação musical. Tem também as rádios que estão há bastante tempo no topo em seu mercado e começam a perceber uma concorrente subindo mês a mês e não sabe o que fazer para estancar esta subida.
Vou dar dois exemplos: no primeiro temos uma emissora popular que é bombardeada e assediada por lançamentos diariamente. Entre as canções escolhidas, estão aquelas que não viram de jeito nenhum, nem com mais investimento, nem com mais promoção, nem com mais insistência do divulgador. Só que com estas tentativas a música acaba tocando mais do que deveria, não produz resultado e pior, influencia as emissoras concorrentes que passam a acreditar que a música está "andando". Com duas ou mais emissoras do mercado executando estas músicas é inevitável a impressão de que estes produtos são um sucesso. Essa situação é agravada se essas emissoras forem cabeças de rede pois vão influenciar muitas regiões do país...
No segundo exemplo, uma emissora com foco no público adulto elabora sua programação com sucessos de todos os tempos e músicas mais recentes ou regravações que se tornaram unanimidade em programações de rádios como Alpha e Antena 1 em São Paulo ou JB no Rio de Janeiro. Pelo Brasil afora, emissoras que pretendem atingir este mesmo público, sentem-se muito seguras em reproduzir uma programação baseada nestas emissoras. O problema é que, na era pré-internet, muitos "clássicos" em São Paulo nunca tocaram no Rio e vice-versa, imagine em outras cidades e em outras regiões. Temos que admitir que isso é um veneno para uma rede, não é? E pior: quais flashbacks ou midbacks que "tocaram muito" ainda estão funcionando bem hoje em dia?
Considerando os dois casos e sabendo-se que uma rádio musical para ter audiência deve tocar um sucesso atrás do outro para não perder ouvintes e manter o tempo médio mais alto possível, como ter certeza de que todos os elementos da sua playlist tem um mínimo de acerto? Uma, apenas uma música errada pode fazer seu ouvinte mudar de estação sem pestanejar... Imagine dezenas, centenas ou milhares de ouvintes fazendo isso ao mesmo tempo... Todo o esforço e investimento artístico e promocional pode estar saindo por entre os seus dedos a cada música errada...
Comerciais também poderão ser aferidos pelo programa?
Até poderiam mas não é essa a finalidade. O objetivo é pegar a sua playlist e enxugar estrategicamente para que a programação musical da emissora tenha mais eficiência com a obtenção de resultados consistentes, sólidos e confiáveis. Não é possível que programadores, coordenadores e radialistas em geral ainda acreditem que só feeling, experiência e tempo de profissão sejam suficientes para definir com segurança (eu disse SEGURANÇA) o que deve e o que não deve ser tocado em suas rádios. Não é preciso dizer que pedidos por telefone, WhatsApp, e-mail, carta, tambor, sinais de fumaça nunca funcionaram e continuam não funcionando para definir o que é sucesso. Peguei pesado? Desculpe, mas tem muita gente que precisava ouvir isto...
A própria rádio pode definir um prazo para aferição das execuções?
A rádio define tudo: as músicas a serem testadas, quais as perguntas qualitativas a serem formuladas, as datas das pesquisas, qual a melhor forma de convidar os ouvintes para participar e qual o target a ser pesquisado. As pesquisas são digitalizadas e personalizadas com a marca, as cores e o logotipo da emissora. O sistema se adapta e exibe todos os textos em português. Você pode comparar facilmente a amostra e, com o módulo de gerenciamento de relatório, projetar os resultados e exportar os dados mais recentes para o seu software de programação musical. Uma vez que os ouvintes foram acionados, não há necessidade de esperar até a data de encerramento da pesquisa. Você tem acesso a uma análise dinâmica à medida que a amostra vai crescendo.
Por tudo isso você tem que conhecer o iRate Cloud Research Software - Um Sistema Integrado de Construção de Painéis, Trabalho de Campo e Análise totalmente On Line. Todo o acesso é feito pela internet, sem necessidade de baixar nada. Este não é um software independente que pode ser baixado. Como é baseado em nuvem, ele está hospedado em nossos servidores e não é permitido que ele seja operado em outros servidores para proteger a propriedade intelectual associada a ele, como nossos algoritmos exclusivos.
Tenho um acordo operacional exclusivo com esta empresa europeia que desde 2003 presta serviços de pesquisa e consultoria para empresas de radiodifusão em países de todo o mundo, incluindo Austrália, Reino Unido, Irlanda, Grécia, Holanda, Portugal, Espanha e Itália.
Com experiência em uma ampla gama de metodologias de pesquisa de rádio, identificamos as oportunidades de crescimento em seu mercado. Em seguida, fornecemos a análise e as ferramentas para garantir que seu produto esteja no alvo e entregando exatamente o que seu público deseja. iRate Cloud, o software de pesquisa musical que já ajudou emissoras de rádio em todo o mundo a alcançar o status de líder de mercado!
E o custo para ter essa ferramenta na rádio?
Uma simples taxa de licença mensal com contrato de um ano te dá o poder de analisar a sua programação musical, toda as vezes que precisar, por um preço muito menor do que se possa imaginar. E não é necessário implantação, treinamento, manutenção nem contratar nenhuma consultoria pois ela é feita por mim On Line e já está embutida no pacote.
Caso haja interesse por parte da rádio, como é feito o contato?
O iRate Cloud Research Software é representado no Brasil com exclusividade pela minha empresa ABA Comunicação - Paulo Ramalho Consultoria Os contatos são: [email protected] ou WhatsApp no +55 (12) 98160-0866 ou +1 (407) 956-7017 Para conversar e tirar qualquer dúvida sem compromisso, pode me adicionar no Skype, onde meu login é paulormramalho.
Os melhores programadores do mundo são aqueles que combinam a sua paixão pela música com a objetividade da ciência da pesquisa. Se você descobrir quais são as músicas que irão manter seus ouvintes ligados mais tempo na sua rádio e aquelas que irão fazê-los ir embora, é obvio que você vai melhorar a eficiência da sua programação e aumentar a sua audiência em pouco tempo. Investindo em pesquisa você estará no caminho certo e o resultado logo aparecerá pegando os seus concorrentes de surpresa.
Agradeço ao tudoradio.com pela oportunidade de mostrar ao mercado de rádio esta sensacional ferramenta que é, sem dúvida, uma arma muito importante na guerra pela audiência.
Até a próxima!
Carlos Massaro atua como radialista e jornalista. Já coordenou artisticamente uma afiliada da Band FM (Promissão/SP) e trabalhou como locutor na afiliada da Band FM em Ourinhos/SP e na Interativa de Avaré/SP e como jornalista na Hot 107 FM 107.7 de Lençóis Paulista/SP e na Jovem Pan FM 88.9 e Divisa FM 93.3 de Ourinhos. Também é advogado na OAB/SP e membro da Comissão de Direito de Mídia da OAB de Campinas/SP, da Comissão de Direito da Comunicação e dos Meio da OAB da Lapa/SP e membro efetivo regional da Comissão Estadual de Defesa do Consumidor da OAB/SP. Atua pelo tudoradio.com desde 2009, responsável pela atualização diária da redação do portal.