Terça-Feira, 14 de Abril de 2020 @ 00:00
No bate-papo, Charles explica a importância do mercado de rádio entender melhor o consumo digital de seus ouvintes, seja nas plataformas de streaming, como também na participação de promoções e ações através de canais on-line.
O profissional explica sobre a plataforma Audients, que pretende fazer uma integração completa entre a interação do ouvinte com a rádio, passando também por todos os departamentos da emissora. Isso auxiliará a rádio a traçar estratégias mais acertivas, seja nas áreas artística e comercial.
Acompanhe!
Charles, obrigado por atender o tudoradio.com. Vamos lá… o mercado de rádio ainda conta com poucas informações sobre o seu consumo digital e também do comportamento da audiência nesses ambientes. Vocês identificaram uma oportunidade do rádio ficar mais competitivo ao focar nessa necessidade?
Sim, Daniel. Acompanhamos as interações entre público e rádio desde o início de nossas atividades. Esse acompanhamento trouxe-nos muitas ideias do caminho a ser trilhado. Observando as ferramentas existentes no mercado, não tivemos dúvidas de que precisávamos trabalhar para renovar o Caddo – programa de Cadastro de Ouvintes e Promoções - que temos e adicionar uma grande inovação a isso tudo.
Foi daí que nasceu o Audients? Qual a diferença dele para outros sistemas que geram estatísticas?
Precisamente, a ideia fundamental do Audients é gerar estatísticas sobre os ouvintes e, dessa forma, valorizar a emissora e ajudar a coordenação artística na tomada de decisões. O conceito que mais se assemelha ao que queremos atingir é data-driven marketing (marketing direcionado a dados). Ou seja: adquirir dados do consumidor para entregar o que ele espera e, por conseguinte, maximizar a aceitação da emissora no nicho de audiência que ela quer atingir. Um exemplo icônico disso foi a série Stranger Things, da Netflix. A plataforma usou padrões de consumo de milhares de assinantes para criar um seriado que fosse certeiro para um determinado público e acertou precisamente. É por aí que queremos trabalhar. Entretanto, queremos melhorar isso para não apenas ajudar na entrega, mas também aumentar as formas de interação e gerar mais informação relevante, induzindo pelo FM o ouvinte para consumo do digital e pelo digital induzir o consumo do FM; esse ciclo é fundamental para as rádios modernas. Logo chegaremos num ponto onde não haverá mais essa dissociação - e estaremos prontos para isso -, mas até lá queremos entregar uma ferramenta certeira para a situação atual.
Há uma integração do sistema com vários setores da rádio, alimentando estratégias para todos os departamentos, certo?
Sim, o projeto se estenderá do artístico ao comercial. Uma rádio tem duas frentes de consumo, concorda? O consumo gratuito do conteúdo, por parte do ouvinte, e o consumo pago, em que o anunciante paga pela existência do ouvinte e pela relevância da audiência. Cada um desses consumidores de rádio tem seus próprios interesses, mas a rádio é apenas uma. Temos, então, que fazer o ouvinte tornar-se fiel e mais interessado na rádio; e ao anunciante precisamos dar informações sobre o perfil de condições de consumo da emissora para que seja justificado o investimento na publicidade.
É possível integrar o Audients a todas as plataformas onde a rádio está presente e aquelas que são utilizadas pela equipe da emissora e/ou ouvintes?
A integração do Audients será massiva. A plataforma será integrável com site, aplicativo, mídias sociais e outras ferramentas que temos analisado. O ouvinte até poderá fazer questão de não interagir com a rádio, mas sempre que o fizer teremos condições de saber como foi essa interação.
Vocês já possuem algum resultado positivo desse sistema? Alguma rádio já está rodando o Audients?
Sim, nestes últimos três meses já passamos de 20 mil ouvintes únicos cadastrados e temos trabalhado com algumas formas de interações diferenciadas, especialmente com a Rede Massa FM e com algumas rádios de Jaraguá do Sul.
E quais são as tendências para o setor que você analisa serem mais importantes para as emissoras de rádio em 2020?
Não chamaria de tendência, mas profissionalização é um dos pontos mais importantes que as rádios ainda têm a necessidade de desenvolver em 2020. Vejo muitas rádios com equipamentos de primeira, boa equipe, mas processos internos e controladoria que ainda precisam ser aprimorados. Outro ponto de grande importância é a convergência do digital com FM. A situação do corona vírus atrapalhará bastante financeiramente, mas esta crise certamente ajudará ao público – anunciante e ouvinte – a notar relevância que a rádio possui ao noticiar com responsabilidade e estar perto do público em todos os momentos.
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.