Segunda-Feira, 24 de Outubro de 2022 @ 00:00
O tudoradio.com retoma as entrevistas e, em outubro, conversa com Eduardo Leite sobre a sua nova trajetória à frente da JBFM e também revisita a sua passagem pelo CG2. Acompanhe:
Eduardo, obrigado por aceitar bater esse papo com os leitores do tudoradio.com. Como surgiu esse convite para você assumir a direção artística do Grupo JBFM? Pode nos contar um pouco dos bastidores?
Foram muitos anos no Grupo Camargo e entrar em uma zona de conforto é natural. Mas isso me incomodava e fez com que eu pensasse em sair. Já existia uma proximidade com o Grupo JB por projetos entre as duas rádios. A partir da minha saída da Alpha, o convite para JB veio naturalmente.
No anúncio sobre a sua ida para a JBFM, você comentou para o tudoradio.com que apenas "um desafio à altura do seu cargo em São Paulo" faria você encerrar seu ciclo pela Alpha. É possível dizer que a sua chegada à JBFM é uma continuação de uma história única dentro do rádio de perfil adulto-contemporâneo no Brasil?
Acredito que sim. Com todo respeito a história da JB, as particularidades de cada público e a individualidade de cada rádio, vejo as duas muito próximas e consequentemente a maneira de pensar a JB é muito parecida ao que era com a Alpha
Rádios como JBFM e Alpha são consideradas as grandes referências do rádio adulto-contemporâneo local no Brasil, correto? Mas existem diferenças entre elas. Seriam esses os desafios que você terá pela frente?
Entender a JB é o maior desafio de todos. São as maiores referências, mas cada uma com características muito específicas. Tenho como missão atualizar a JB, mas não posso errar fazer com que ela deixe de ser JB
E durante as conversas com o Grupo JBFM, o que você encontrou nas emissoras? Qual é o atual momento do grupo? E como é enxergado o avanço do digital no consumo de mídia?
Como concorrente, eu já enxergava a força digital da JB, nas conversas como CEO tive certeza que era a estratégia e o objetivo. E agora percebo ainda mais a construção digital do grupo que já é bastante sólida. Esse foi também uma razão que fez com que eu aceitasse o desafio. Cada dia que passa acredito mais no Radio, mas sei que o caminho passa pela utilização de ferramentas digitais para pesquisa, relacionamento com a audiência e investimento para que nosso produto (Rádio) chegue ao consumidor (ouvinte) através de todas as formas possíveis. E vejo o Grupo JB e Rádio Cidade a frente nessa questão
Quem observa os números da JBFM e também da Alpha deve imaginar que não há nada para ser mudado ou até inventado por lá. Essa percepção é correta ou não? Há um processo de modernização em curso nas duas emissoras?
Evito a palavra modernização. Principalmente em relação a playlist da Alpha sempre preferi a palavra atualização e é dessa forma que estou pensando a JB. Nosso foco continua sendo o mesmo público, na mesma faixa etária. Mas 40 anos hoje é absolutamente diferente de 40 nos anos 90. Além disso, gosto de pensar na jornada de nosso ouvinte e imaginar qual playlist pode agradar mais em diferentes momentos do dia, mas sem esquecer que em Radio precisamos buscar sempre agradar a maioria.
Vejo a JB e a Rádio Cidade de formas muito complementares e pretendo usar isso dentro da jornada do ouvinte.
E como foi essa saída da Alpha FM? Foram 22 anos por lá? Haverá alguma transição?
Foram 22 anos só de Alpha, 27 de grupo Camargo
A saída está sendo um momento muito especial da minha vida. O carinho e o respeito que estou sendo tratado é muito gratificante.
Haverá uma transição e sigo como consultor da emissora. O principal objetivo dessa transição é não tirar a Apha do trilho. Mas considero que um novo pensamento artístico também vai ser muito bom pra emissora. Renovar é sempre preciso. E ester próximo vai fazer com que JB; Alpha e,mais importante, o público das duas sejam beneficiados
A Rádio Cidade também estará sob sua gestão artística, correto? O que é pensado para a emissora?
Estava longe do Rio há muito tempo. E é impressionante a força da Rádio Cidade.
Sim, a gestão artística da Rádio Cidade também é minha e como falei antes, vejo as duas muito complementares. Acredito que ambas conversam com o mesmo público sem faixas etárias diferentes, mas com uma intersecção muito grande. Pretendo aproveitar as duas emissoras para completar a jornada do ouvinte
Você sempre foi muito discreto em sua atuação profissional e teve uma longa passagem pelo rádio de São Paulo, sendo natural do Rio de Janeiro. Conte um pouco sobre sua trajetória para os leitores do tudoradio.com.
Comecei muito cedo, no dia que completei 14 anos. Hoje tenho 51 e nunca trabalhei em nada que não fosse Rádio, embora o início na área técnica tenha me levado a cursar Faculdade de Engenharia
O início foi no Rio de Janeiro na Rádio MEC, com os queridos Jaca, Betinho e Soraya. Aos 18 fui convidado por Antônio Ivan para os Diários Associados. Algum tempo depois Paulo Martins assumiu a Direção da Tupi FM para transformar a emissora instrumental em Adulta e o trabalho dele foi minha grande inspiração para Alpha.
Apesar do sucesso, alguns anos depois foi decidido concorrer no segmento popular. Essa missão foi assumida por Ricardo Henrique, que criou o Amor do Rio. O aprendizado com ele foi o melhor que poderia acontecer em minha carreira, aprendi a pensar rádio independente do segmento. Alguns anos depois ele foi convidado para implantar em SP o mesmo modelo e começou minha carreira em São Paulo, os cinco primeiros anos na Nativa e os vinte e dois seguintes na Alpha.
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.