Paulo Tonet Camargo / AIR

Em entrevista exclusiva ao tudoradio.com, Paulo Tonet Camargo, presidente da AIR, compartilhou suas visões sobre o atual estado da liberdade de imprensa e o impacto das novas tecnologias no jornalismo. O cenário é complexo, com repressões governamentais severas em países como Nicarágua e o desafio adicional imposto pela disseminação de notícias falsas através de plataformas digitais.

Dia Mundial da Liberdade de Imprensa - Entrevista com Paulo Tonet Camargo, presidente da AIR - veja acima a entrevista completa

Com as celebrações do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o tudoradio.com conversa hoje com Paulo Tonet Camargo, presidente da AIR, sobre os desafios enfrentados pela mídia nas Américas, incluindo a regulação das plataformas digitais e o impacto da inteligência artificial na disseminação de notícias. Tonet, obrigado por conversar com a gente hoje. Como que o senhor avalia a liberdade de imprensa atual nas Américas?

Bom, Daniel, um prazer estar aqui com vocês. Em primeiro lugar, temos dois pontos na questão da liberdade de imprensa nas Américas. Um que é uma questão que já vem de mais tempo, que é o ataque dos governos, de alguns governos sobre a liberdade de expressão. Então, nós temos hoje exemplos segue uma violação à liberdade de expressão brutal na Venezuela, em Cuba já há de muitos anos, mas o mais emblemático movimento atual na América Latina é a Nicarágua onde praticamente todos os publishers de jornais e os radiodifusores estão no exílio.

E quais desafios as big techs impõem ao jornalismo?

Então, o novo desafio que nós temos é que hoje com o advento da tecnologia, que é muito bem-vinda, estamos vendo um novo momento de disseminação de informações, muitas vezes falsas. E essa disseminação de informação falsa acaba repercutindo na liberdade de expressão. Porque uma coisa é você fazer jornalismo com responsabilidade, com independência, apurando com profissionalismo, mas fundamentalmente com responsabilidade. A outra coisa é uma plataforma dessas distribuir conteúdo de entretenimento e de informação sem nenhum compromisso com a verdade e sem nenhuma responsabilidade e porque não tem responsabilidade é que não tem compromisso com a verdade.

Como que o senhor observa tudo isso?

É urgente a regulação de plataformas digitais justamente para a gente não ver a situação deteriorando cada vez mais, não? É urgente, eu concordo com você, é preciso uma regulação, mas atenção sempre que se fala em regulação, o discurso fácil do outro lado é o seguinte: estão violando a liberdade de expressão, estão se metendo em conteúdo. Eu sou absolutamente contra isso. Eu acho que não se pode, o Estado de maneira nenhuma pode interferir no conteúdo. O que o Estado pode estabelecer é parâmetros para um negócio ser realizado e o Estado pode estabelecer a responsabilidade sobre uma atividade seja ela qual for.

E como que o senhor avalia a situação também da influência da liberdade de imprensa nas Américas?

Bom, do ponto de vista das Américas acendeu uma luz amarela na Costa Rica, incrivelmente o país com maior normalidade democrática desde os anos 40 na América Latina é a Costa Rica e acendeu uma luz amarela quando o presidente da república diz que ia fazer um apagão de todas as emissoras de rádio e televisão do país. Isso é muito grave. Então isso nos demandou muita atenção e estamos atentos ao que está acontecendo na Costa Rica.

Agradeço muito pela conversa. Muito obrigado, Tonet.

Muito obrigado, Daniel. Eu estou plenamente à disposição de vocês para qualquer esclarecimento e vamos estar juntos na Conferência Mundial de Liberdade de Expressão. Um abraço.