Em seu discurso durante a cerimônia de assinatura do chamado decreto da migração das rádios AMs para o FM, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que o governo iria publicar no início de janeiro, no Diário Oficial da União, uma portaria ministerial regulamentando o decreto e orientando como seria o procedimento para a solicitação da migração, o que ainda não foi feito. A possibilidade de o ministro deixar o governo para assumir o comando da campanha para a reeleição da presidente Dilma Rousseff, tem deixado alguns radiodifusores preocupados.
Como ainda não houve movimentação do governo com relação à publicação da portaria, uma série de questionamentos está sendo levantada pelos radiodifusores. A possibilidade da troca no comando da pasta pode adiar o processo de migração. A presidente Dilma Rousseff já promoveu uma minirreforma ministerial, trocando três ministros que irão concorrer nas próximas eleições.
A possibilidade da mudança na pasta das Comunicações foi assunto recente no Blog do Kenney, editado pelo jornalista Kennedy Alencar. Segundo ele, o Partido dos Trabalhadores (PT) quer emplacar o deputado federal Ricardo Berzoini (SP) nas Comunicações. O jornalista apontou como praticamente certa a indicação de Paulo Bernardo para comandar a campanha da presidente à reeleição. Alencar ressaltou que a presidente Dilma resiste a Berzoini, mas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o defende.
Já o jornalista Reinaldo Azevedo, que tem coluna na Jovem Pan AM 620 de São Paulo, escreveu em seu blog que os chamados “blogs sujos” “— aquela rede escandalosamente financiada com dinheiro público para atacar a oposição, elogiar o governo e agredir a imprensa —“ não gostavam de Helena Chagas (que era a titular da Secretaria de Comunicação Social), porque achavam que ela não lhes dava dinheiro o suficiente e também não gostam de Paulo Bernardo.
Segundo Azevedo, Bernardo é, diga-se, o petista que mais apanha da "turma", pois não se mostra um entusiasta do chamado “controle social da mídia” e deixa claro sempre que pode que, qualquer que seja a proposta do governo, não haverá restrição a conteúdo. O jornalista ressalta que o governo pretende ter o controle sobre o que pode ou não ir ao ar, especialmente na área de radiodifusão, que compreende TVs e rádios e são concessões púbicas.
“Não custa lembrar as várias iniciativas dos petistas para impor uma censura branca à imprensa: as mais evidentes foram a tentativa de criar o Conselho Federal de Jornalismo — que teria poderes até para cassar o registro de trabalho de profissionais — e a de usar o Plano Nacional de Direitos Humanos como desculpa para uma agenda ideológica”, escreveu Azevedo em seu blog.
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