Quarta-Feira, 24 de Dezembro de 2014 @ 07:53
São Paulo – Gabriela Rangel usou uma câmera escondida e fez relato da experiência na rádio paulista
A jornalista Gabriela Rangel da CBN AM 780 FM 90.5 de São Paulo saiu às ruas da cidade para registrar as “cantadas” que as mulheres sofrem. O resultado da experiência foi divulgado na manhã desta terça-feira (23) em formato de matéria na rádio, relato para o site da emissora e vídeo no canal Youtube.
Foram aproximadamente quatro horas de registro. Rangel caminhou por oito regiões da capital paulista por dois dias vestindo calça jeans e camiseta preta. A sua frente, andava o estagiário Hermínio Bernardo com uma câmera escondida na mochila. Segundo a jornalista, a quantidade de vezes em que sofreu assédios verbais variou de acordo com a área. Na Rua Santa Ifigênia, por exemplo, onde há maior circulação masculina (atribuída ao comércio de eletrônicos), houve mais cantadas. No entanto, a postura dos homens é diferente quando há mais mulheres ao redor. Rangel destaca que não sofreu assédio na Avenida Paulista, que é uma das áreas nobres da cidade.
O vídeo de um minuto e cinquenta segundos com o registro da experiência está disponível no site da CBN. Segundo a contagem da emissora, foram pelo menos quinze assédios. Ainda assim, em seu relato posterior a jornalista afirma que percebeu certa conscientização por parte de alguns homens em relação ao tema. Ela cita a repreensão que um senhor teria feito a uma das pessoas que a assediou, dizendo ao rapaz que se esse se colocasse no lugar dela não gostaria da atitude.
A matéria foi inspirada numa ação semelhante do jornal The Independent de Nova Iorque, que mostrou os assédios feitos à atriz Shoshana Roberts enquanto ela caminhava sozinha e em silêncio pelas ruas da cidade norte-americana. O vídeo teve 38 milhões de visualizações até então.
A jornalista da CBN ressalta que às vezes a cantada vem disfarçada de elogio e em outras tem tom agressivo. E lembra que, segundo um levantamento da Organização Brasileira Think Olga realizado com 7.762 mulheres, apesar de quase todas já terem sofrido assédios verbais, 83% afirmam não gostar e 81% já mudaram os planos de trajetos para evitar os assédios.
Vídeo - Clique aqui para assistir o vídeo da reportagem especial da CBN, publicado no perfil da emissora no You Tube
Ana Ferreira é de Curitiba e atua na administração do Tudo Rádio.com há cinco anos. É Mestre em Letras pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e artista.