De dentro do presídio onde está custodiado no Rio Grande do Norte, um preso usou um telefone celular para conceder uma entrevista a uma rádio de Jucurutu, cidade da região Oeste potiguar. O detento, identificado como Cássio Augusto de Souza, conhecido como Cassinho, foi preso por tráfico de drogas e também teve a prisão decretada em dezembro na Operação Alcatraz, que investiga a atuação de organizações criminosas nos presídios de quatro estados.
O coordenador de Administração Penitenciária do Rio Grande do Norte, Leonardo Freire, informou ao G1 que soube da entrevista concedida pelo detento e está apurando o caso. A ligação para a rádio aconteceu na segunda-feira (9) e foi feita da Cadeia Pública de Caraúbas, na região Oeste do estado.
Na entrevista com o radialista Damião Oliveira, o preso afirma ser dono de drogas apreendidas na semana passada em uma operação da Polícia Civil e admite fazer uso de drogas dentro da unidade prisional por que não tem como "entreter a mente". "Sou viciado em drogas, não nego. Uso tudo. Não tenho como entreter a minha mente, uso tudo (sic)", diz o detento.
Em grande parte da entrevista, o preso sai em defesa do pai e do irmão, presos na operação da Polícia Civil como possíveis receptores do crack e maconha que vieram da cidade de Assu para Jucurutu. "Meu pai não é bandido. Bandido sou eu", afirma o detento, que é suspeito de estar comandando o tráfico de drogas em sua cidade de origem, Jucurutu.
O delegado Ricardo Ferreira, titular da Delegacia de Jucurutu, explica que além do irmão e do pai do preso, um outro homem foi detido em flagrante na operação. "Interceptamos drogas que vinham de Assu para Jucurutu e prendemos esse homem. Ele nos disse que as 50 gramas de maconha e 60 gramas de crack seriam entregues para o pai e o irmão de Cassinho", conta.
Um revólver calibre 38 e munições foram achadas na casa do suspeito preso em flagrante. "Esse homem disse que a arma era do irmão do detento", afirma o delegado Ricardo Ferreira, titular da Delegacia de Jucurutu, que também encontrou munições de revólver 38 na casa do pai do detento. Tanto o pai quanto o irmão de Cassinho negam os crimes, tiveram as prisões relaxadas pela Justiça e já estão em liberdade.
O preso ainda nega crimes cometidos em Jucurutu, como o incêndio em um carro da Polícia Militar ocorrido em 2013. "Não tenho nada a ver com essa história de queima de viatura. Porque quando quero fazer, não mando recado, mando fazer", afirma Casssinho, que diz ter vontade de deixar a vida de crime, mas não consegue. "A pessoa procura sair e não acha solução", encerra o preso.
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