A criação de um novo órgão, com a tarefa de supervisionar o trabalho jornalístico dos veículos oficiais da Câmara Federal, é a proposta do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A ideia causa polêmica entre profissionais desses veículos e sindicatos, pois a estrutura seria ligada à Mesa Diretora da Casa e estaria acima da Secom. O comando ficaria a cargo de um deputado da bancada evangélica, com assessoria de um membro da Rede Record.
Entidades como o Sindicato dos Servidores do Legislativo (Sindilegis) e o Sindicato dos Jornalistas do DF já emitiram nota alertando para a possível interferência política na linha editorial e na programação dos veículos do Legislativo, em especial a TV Câmara. Por quase 17 anos de existência, os veículos da Câmara sempre foram comandados por profissionais do jornalismo que são servidores de carreira da instituição.
O sistema abrange a Rádio Câmara FM 96.9 de Brasília e rede, jornal, TV e agência, atuando subordinado à Secretaria de Comunicação Social, um órgão diretamente ligado à Presidência da Câmara. Conforme o Portal dos Jornalistas, os servidores da Casa alegam que presidentes anteriores nunca colocaram o sistema de comunicação sob o comando de uma corrente político-ideológica, nem promoveram a contratação de profissionais de emissoras comerciais para supervisionar a programação da TV Câmara. Segundo eles, o canal sempre se definiu pela “diversidade, pluralidade, laicidade e independência”, para que todas as orientações políticas e partidos fossem contemplados.
“É muito preocupante nomear um deputado para sua chefia. Iremos atuar fortemente contra essa medida”, afirmou o presidente do Sindilegis, Nilton Paixão, que destacou também a capacitação dos funcionários que hoje realizam o trabalho de comunicação. O Sindicato dos Jornalistas do DF defendeu a manutenção da direção de comunicação dos servidores de carreira e a preservação da pluralidade e isenção dos veículos da Câmara. “É preciso conclamar deputados e a sociedade civil a atuar contra essa mudança, que pode ter consequências devastadoras para o interesse público”, afirmou a entidade em nota.
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