Indo a Oeste da capital Washington para as montanhas Allegheny, você chega a uma enorme área sem sinal de celular. Aliás, nesta zona, que se estende por 34 mil quilômetros quadrados, não é permitido nenhuma onda de rádio ou sinal elétrico e, por isso, se chama Zona Nacional de Silêncio de Rádio.
Ela foi estabelecida em 1958 para proteger de interferências o telescópio Robert C. Byrd Green Bank, o maior objeto móvel em terra do planeta, com uma área maior que 9,3 mil metros quadrados, 30% a mais que o campo do Maracanã, e mais alto que a Estátua da Liberdade. A zona também dá paz ao maior posto de escuta da Agência Nacional de Segurança.
O telescópio é tão sensível que consegue detectar ondas de rádio emitidas milissegundos depois da criação do universo, mas, por terem viajado muito longe, há muito tempo, elas podem ser facilmente encobertas. "A sensibilidade do aparelho é equivalente ao bilionésimo do bilionésimo do milionésimo de um watt, que corresponde à energia liberada por um único floco de neve que toca o chão", disse Mike Holstone, gerente de negócios do telescópio.
Sendo assim, nesse lugar não há telefones celulares, fornos de micro-ondas e até mesmo campainhas sem fio. Já que qualquer equipamento elétrico pode causar interferências, há uma pessoa encarregada de caçar ondas de rádio no Condado de Pocahontas, com 8 mil habitantes. Chuck Niday afirma que um aparelho que causa muitos problemas é o aspirador de pó, cujos motores geram muita faísca.
Nenhum motor a combustão é permitido em um raio de 1,6 km do telescópio por causa das velas, e nenhum eletrônico pode ser usado nas redondezas. "Temos uma biruta e um tetraedro para que saibamos para qual direção o vendo está soprando", afirmou Holstine.
Há algumas exceções: serviços de emergência podem usar uma frequência em particular e os funcionários do telescópio têm um micro-ondas protegido para evitar o vazamento de sinais elétricos. Além disso, Niday e sua mulher têm um programa de rádio sobre jazz – eles podem manter a estação por terem conseguido isolar a antena. A internet é só por fios e bem lenta – nenhuma operadora quer investir em cabos novos em uma comunidade tão pequena.
Há um grupo de pessoas, chamadas de "refugiados eletrossensíveis", que encontraram paz nesse lugar, como é o caso de Diane Schou, que se define como uma "leprosa tecnológica", pois os sinais de celular a afetam como uma martelada na cabeça. Ela conheceu outras 57 pessoas que sofriam de problemas similares.
A igreja local exibe um letreiro com os dizeres "Deixe Deus ser seu GPS". Felizmente, para os ateus, o sistema de localização por satélite é permitido nesse lugar, já que a Zona não tem autoridade sobre a comunicação pelo espaço.
Com informações da BBC e Tecmundo
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Rádio, sinais, radiodifusão, Estados Unidos