O Tudo Rádio publicou no sábado uma matéria sobre uma reportagem especial da SulAmérica Trânsito FM 92.1 de São Paulo sobre o cumprimento de metas de aplicação de multas que os agentes da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) devem seguir (
clique aqui e saiba mais). Nesta terça-feira, a emissora levou ao ar nova reportagem especial, ressaltando que os agentes de trânsito foram orientados a não ficarem visíveis para flagrar irregularidades dos motoristas.
Estas ordens, entretanto, vão contra o regime e as normas internas de conduta do agente e são, curiosamente, verbalizadas apenas em reuniões a portas fechadas. Uma delas, porém, foi registrada e assinada. A SulAmérica Trânsito FM recebeu um documento com a seguinte diretriz: "Ao fiscalizar PPV, não fique nem deixe VTR visível ao infrator".
PPV é o programa de proteção à vida, que monitora infrações em faixas de pedestre. VTR são as viaturas dos agentes. Em outras palavras, ao fiscalizar uma irregularidade deste tipo, o ‘marronzinho’ deve se esconder. O documento, datado de quatro de agosto deste ano, leva um carimbo da companhia e a assinatura de um Gestor de Trânsito de sobrenome Sato, com um número de registro: 12215-7. Trata-se do empregado de carreira, Daniel Sato, do departamento de engenharia de tráfego CN-3.
O regimento interno dos agentes de trânsito é claro: "É necessário ver e ser visto, portanto, deve-se buscar um posicionamento adequado no espaço físico em que executa sua atividade, visando sempre a sua segurança e a do munícipe". Em entrevista na última sexta-feira, o Secretário dos Transportes, Jilmar Tatto, afirmou que a ordem para o agente não ficar visível ao realizar este tipo de autuação não existe: "Não precisa ficar invisível [o agente]. Ao contrário, ele precisa estar visível". Na entrevista, Jilmar diz desconhecer o documento e pede para verificar sua autenticidade. "Se existir algo assim, eu peço para revogar imediatamente."
Em nota, a CET chama de "equívoco" e promete investigar a colocação do cartaz que pede aos agentes que não deixem os carros e eles mesmos visíveis ao motorista. O material, segundo a assessoria de imprensa, foi imediatamente recolhido.
Na mesma resposta, a Companhia não faz nenhuma citação ou defesa do Superintendente Jair de Souza Dias. A empresa apenas reitera que não há orientação nem iniciativa que indique o estabelecimento de metas nesse sentido.