Um grupo de 64 professores universitários de todo o país assina o Manifesto de Pesquisadores de Rádio em Apoio à Migração das Emissoras Públicas para a Frequência Modulada. O documento cobra do governo federal uma posição a respeito da não participação da Empresa Brasil de Comunicação no processo de migração deflagrado pelo o decreto presidencial nº 8.139, de 7 de novembro de 2013.
Os pesquisadores alegaram que estão preocupados com a não inclusão no processo, por exemplo, de emissoras históricas como a Nacional AM 1130 do Rio de Janeiro e da MEC AM 800 do Rio de Janeiro, cidade onde, conforme o levantamento feito pelos professores com base nas pesquisas do Instituto Ibope Media, a amplitude modulada representa menos de um décimo da audiência das estações em FM. Destacam ainda que em todo o país, a migração vai permitir o acesso ao rádio em 160 milhões de aparelhos de telefonia móvel capazes de sintonizar a frequência modulada.
Os signatários do documento pedem também que sejam reservadas para as emissoras públicas frequências classe E (60kW a 100kW) entre 88 FM e 108 FM, mesmo nos grandes centros urbanos. A intenção é assegurar condições de competir pela audiência equivalente às das emissoras comerciais instaladas na faixa. O documento está sendo enviado à presidente Dilma Rousseff, ao ministro das Comunicações e ao diretor-presidente da Empresa Brasil de Comunicação, Américo Martins.
O Tudo Rádio consultou especialistas sobre o assunto. O líder do Comitê Técnico da AESP e diretor da empresa EMC Telecomunicações, engenheiro Eduardo Cappia, que frisou que a migração dessas emissoras para o dial FM vai fazer com que elas percam a abrangência que têm hoje. “O primeiro ponto que gostaria de abordar é que é um processo voluntário, que está apenas em uma fase intermediaria e um pouco longe de sua finalização e portanto pode em etapa próxima ter estas emissoras públicas incluídas. Outro ponto importante é que a Rádio Nacional AM e a MEC AM contam com cobertura nacional e não teriam equivalentes em FM para cobrir o pais todo com sinal, exceto se fosse adotada uma rede de emissoras FM, o que ainda não está contemplado”, ressaltou Cappia.
A redação do Tudo Rádio também consultou um dos idealizadores do manifesto, o professor e jornalista Álvaro Bufarah que explicou a intenção do manifesto. “Temos duas situações importantes: uma é que as emissoras AM públicas tenham uma possibilidade de migração sem prejuízo de suas programações. Isso não significa que irão deixar o AM, mas apenas terem dupla forma de transmissão. O fato de termos o a MEC FM, não invalida a necessidade de levarmos o AM. Se pensarmos em uma migração de médio prazo o AM não será desligado imediatamente, com isso, elas terão uma sobre vida em ambos os formatos. Se futuramente o AM deixar os ouvintes não terão perda de conteúdo, apenas mudarão de plataforma”, comentou.
Bufarah também comentou o atual momento do rádio AM. “Outro ponto é que parte do AM está sendo alugado para as várias religiões. Com a migração talvez possamos reverter este quadro, mas temos de repensar o perfil dos processos de outorga. As emissoras não têm um planejamento estratégico que permitam uma leitura crítica e empresarial viável do que fazer. Ou seja, elas não se veem como empresas, por isso, a migração vai além da mudança técnica para uma avaliação de perfis, programação, etc”, ressaltou.
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Rádio, migração AM, manifesto, Brasília