O Ministério das Comunicações publicou nesta quarta-feira (25) no Diário Oficial da União a Portaria que trata dos detalhes para a migração das rádios AMs para o dial FM, assinado na terça-feira pelo ministro André Figueiredo. Apesar de os valores da tarifa de concessão atender aos pedidos dos radiodifusores, os empresários ainda têm a preocupação sobre o investimento que deverá ser feito para a adequação da emissora para a transmissão na nova faixa.
De acordo com estimativas da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), os custos que as rádios de pequeno ou médio terão com a mudança devem variar entre R$ 250 mil e R$ 300 mil reais dinheiro que muitas delas não teriam em caixa atualmente. "Por enquanto esses valores serão de responsabilidade total delas (as rádios)", explica o presidente da Abert, Daniel Slaviero. De acordo com o executivo, uma vez resolvida a questão dos valores e critérios, a conversa agora será em torno de linhas de financiamento especiais para que as rádios façam a adequação de suas instalações.
Se as conversas com o governo federal estão em estágio inicial, a articulação da Associação das Emissoras Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (AESP) junto ao governo paulista já está ocorrendo, de acordo com o presidente da entidade, Paulo Machado de Carvalho Neto. "Já faz alguns meses que a AESP e o governo estadual de São Paulo estão conversando no sentido de viabilizar repasses", afirmou Carvalho Neto, vislumbrando também a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) no negócio. "Mas seriam linhas de crédito com juros de mercado e condições normais", ressalta o dirigente.
Segundo informações da Abert, 98% das rádios brasileiras são pequenas ou médias a maioria delas prestando serviços no âmbito regional ou municipal. Além de investimentos robustos na compra de novos aparelhos e construção de antenas, estratégias de marketing também precisarão ser revistas. "Será um grande trabalho, pois mudaremos um hábito dos ouvintes", avalia Carvalho Neto.
A adequação é necessária em um momento no qual grande parte da audiência das rádios vem de transmissões via aparelhos celulares, que só recebem sinal FM. Slaviero também cita um "ganho de qualidade de áudio", uma vez que a faixa AM é muito suscetível à interferências.
Segundo dados do Ministério das Comunicações, das quase 1,8 mil rádios AM do País, 1,4 mil já solicitaram a mudança e cerca de 1 mil já poderão fazê-la assim que adquirirem os lotes. A Abert explica que as 437 restantes alocadas em grandes centros, como São Paulo e Belo Horizonte ainda dependem da limpeza do espectro hoje ocupado pela TV analógica para efetuar a migração.
Em entrevista coletiva ontem depois da cerimônia de assinatura da Portaria, o ministro André Figueiredo ressaltou que já há conversas com o BNDES para o lançamento de uma linha de financiamento para a compra de equipamentos. Além disso, segundo o ministro, também haverá será conversado sobre a possibilidade de financiamento da tarifa da outorga.
Clique aqui e veja a Portaria na íntegra publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira.
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Rádio, migração AM, Minicom, Brasília