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Quinta-Feira, 25 de Fevereiro de 2016 @ 10:55

Levantamento aponta que metade dos jornalistas assassinados em 2015 trabalhava no rádio

Brasília - Forte característica social do meio pode provocar risco em cenário de violência contra o profissional da imprensa

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Dados divulgados pelo Relatório ABERT sobre Liberdade de Imprensa – 2015, lançado nesta segunda-feira (22) e divulgado pelo Tudo Rádio, coloca em foco a realidade vivida pelos profissionais brasileiros no exercício do jornalismo. Segundo o documento, "o levantamento anual feito pela Press Emblem Campaign (uma ONG independente criada por jornalistas, com base na Suíça) mostra que o Brasil é hoje o quinto local mais arriscado do mundo para os profissionais de imprensa". O país aparece em pior situação do que nações como Iêmen e Sudão do Sul, que estão em guerra - a Síria, local mais perigoso para a atividade, registrou 13 mortes em 2015; no Brasil, foram oito. E o rádio é o veículo de trabalho de metade dos jornalistas que foram assassinados no ano passado no país. Acompanhe:

Um dos casos mais chocantes e emblemáticos dessa situação foi o assassinato do radialista Gleydson Carvalho. Ele estava no ar, apresentando seu programa na rádio onde trabalhava, em Camocim (CE), quando foi morto a tiros por dois homens que invadiram o local. O profissional era conhecido por denunciar irregularidades cometidas por políticos da região.

O crime, que aconteceu em agosto, retrata bem o perfil das vítimas fatais no jornalismo em 2015. Todos os oito mortos eram homens. Seis deles foram executados no Nordeste. E a maioria, assassinada a tiros, estava envolvida com a cobertura da política local. Quatro eram radialistas e outros quatro, blogueiros.

Para o presidente da Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (Aerp), Alexandre Barros, o próprio perfil do meio rádio acaba se tornando um agravante em meio a essa violência. "Justamente por seu imediatismo, linguagem direta e proximidade junto às comunidades, o rádio desenvolve uma atuação social muito mais forte que outros veículos. Isso faz com que a repercussão de seus conteúdos tenha um grande peso na opinião pública", avalia Barros.

De fato, a praticidade e a informalidade do rádio são características apontadas por especialistas como elementos fundamentais para o compromisso social que o meio desenvolve. De acordo com o jornalista e professor, Valdir Cruz, o rádio, por ser um veículo barato e ágil, está sempre próximo da população e garante uma função social natural. “Entre todos os meios de comunicação, incluindo a internet no celular, o rádio é o mais prático, já que exige apenas um sentido para ser captado, a audição. Além disso, a agilidade na transmissão dos conteúdos complementa esse potencial de utilidade social; com isso, ele se torna fundamental para o fortalecimento da cidadania, oferecendo e disseminando informação, cultura e educação”, explica.

Impunidade

Diante do cenário vivenciado dia a dia pelos profissionais e retratado no relatório da Abert, o presidente da associação nacional, Daniel Slaviero, acredita que a união da sociedade em defesa da liberdade de expressão precisa ser reforçada, assim como o combate à impunidade.Em 2016, segundo ele, a situação é ainda mais preocupante por ser ano de eleições municipais.

“Todos os casos (de morte) que ocorreram em 2015 estavam relacionados à investigação em casos de corrupção, seja envolvendo agentes públicos ou empresários. Então, como estamos em um ano de eleições municipais e os veículos de comunicação fazem um papel investigativo muito forte, é uma preocupação para a Abert e para as outras entidades que acompanham o trabalho jornalístico que esses números não sejam agravados. E para que isso não ocorra, precisa haver uma ampla investigação, apuração e punição rigorosa nesses casos para que outras pessoas que queiram ter esse tipo de atitude contra profissionais da imprensa sejam inibidas".

Segundo o Relatório ABERT sobre Liberdade de Imprensa – 2015, além das oito mortes, foram registradas 64 agressões. Esses casos, somados a ameaças, intimidações, vandalismo e ataques, totalizam 116 ocorrências de violações à liberdade de expressão. O documento compila os casos que aconteceram durante todo o ano de 2015, de janeiro a dezembro.

Texto e levantamentos cedido pela AERP ao Tudo Rádio.

Tags: Levamento, violência, ABERT, AERP, rádio, imprensa, Brasil

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Daniel Starck

Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.



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