O radialista João Valdecir de Borba, 52 anos, foi morto a tiros na noite desta quinta-feira enquanto trabalhava pela Rádio Difusora AM 1490 de São Jorge D’Oeste, cidade que fica no oeste do estado do Paraná. A Polícia Civil e a Criminalística foram acionadas para fazer o levantamento de informações no local do crime.
Segundo informações repassadas pela Polícia Militar, uma testemunha do fato que estava junto com a vítima na emissora, disse que dois homens armados entraram na Rádio Difusora e efetuaram um disparo contra João, que foi atingido no abdômen. Depois do fato os elementos fizeram a testemunha como refém trancando no banheiro. Na sequência, os autores fugiram em um veículo Fiat Strada de cor escura pela rua Campos Novos.
O assassinato ocorreu no mesmo dia em que entidades brasileiras representantes do setor de comunicação social e o escritório da UNESCO no Brasil levaram ao governo federal preocupações com o número crescente de violência contra profissionais da imprensa. Uma análise observada pela Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (Aerp) no último mês já alertava para o perfil das vítimas fatais na imprensa brasileira. Ano passado, metade dos homicídios envolvendo profissionais de veículos de comunicação foram contra radialistas.
De acordo com informações do Relatório, em 2015 foram 116 casos de ameaças, intimidações, vandalismos, agressões físicas e homicídios praticados contra os profissionais da imprensa, que colocam o país no ranking de quinto local do mundo mais arriscado para o exercício da profissão.
Na carta assinada pela Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), a Abratel (Associação Brasileira de Rádio e Televisão), a Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas), a ANJ (Associação Nacional de Jornais) e o escritório da Unesco no Brasil - entregue nesta quinta (10) ao ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva - as entidades fazem o pedido para que o governo adote medidas que garantam a segurança e o pleno exercício da liberdade jornalística no Brasil.
Em resposta, o ministro Edinho Silva ressaltou o compromisso do governo com a liberdade de imprensa e de expressão. “Em posse dessa manifestação, encaminharei às áreas competentes do Governo, farei chegar uma cópia também à presidenta Dilma e ao Ministério da Justiça para que, dentro daquilo que compete ao governo federal, possamos tomar as providências cabíveis”, disse o ministro.
O crime registrado nesta quinta-feira possui perfil semelhante a outro caso chocante ocorrido em agosto de 2015. O radialista Gleydson Carvalho estava no ar, apresentando seu programa na rádio onde trabalhava, em Camocim (CE), quando foi morto a tiros por dois homens que invadiram o local. O profissional era conhecido por denunciar irregularidades cometidas por políticos da região.
Para o presidente da Aerp, Alexandre Barros, o próprio perfil do meio rádio acaba se tornando um agravante em meio a essa violência contra a imprensa. “Justamente por seu imediatismo, linguagem direta e proximidade junto às comunidades, o rádio desenvolve uma atuação social muito mais forte que outros veículos. Isso faz com que a repercussão de seus conteúdos tenha um grande peso na opinião pública”, avalia Barros.
Em 2016, as agressões a jornalistas e protestos contra empresas de comunicação vêm tornando ainda mais preocupante a realidade enfrentada para o exercício da profissão. Segundo a Abert, apenas neste início de março, foram contabilizados 21 casos de agressões, detenções, ofensas, ataques e vandalismo. Desde o início do ano, os números impressionam ainda mais: em cerca de dois meses, foram 57 casos de atentados à liberdade de imprensa.
Com informações da Assessoria de Imprensa da AERP
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