O governo da Turquia anunciou nesta quarta (27) o fechamento de 131 veículos de comunicação —entre eles 45 jornais, 23 rádios e 16 TVs, segundo a agência estatal Anadolu— e emitiu ordem de prisão contra 47 jornalistas. Entre os alvos de ordem de prisão nesta quarta-feira, está o respeitado colunista e cientista político Sahin Alpay, detido em sua casa pela manhã.
O país declarou estado de emergência após uma tentativa fracassada de golpe em 15 de julho, à qual o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan reagiu com a detenção de mais de 15 mil pessoas e um amplo expurgo nas Forças Armadas, no serviço público e no sistema de educação. Erdogan acusa o clérigo Fethullah Gülen, em autoexílio nos EUA desde os anos 90, de criar um Estado paralelo e instigar o golpe de Estado, do qual Ancara alega terem participado setores militares. Gülen nega ter envolvimento.
Sahin Alpay era colunista do "Zaman", maior jornal turco até ser interditado em março, ligado a Gülen. Alpay era um conhecido ativista de esquerda, ex-integrante do CHP (principal partido de oposição) e sem relação clara com o clérigo. "Essas prisões são uma caça às bruxas, uma tentativa de criminalizar opiniões críticas ao governo", disse à reportagem o turco Timur Kuran, professor de economia, ciência política e estudos islâmicos da Universidade Duke (EUA).
Líderes ocidentais e grupos de direitos humanos condenaram a tentativa de golpe, mas expressam temor com a reação, sugerindo que Erdogan esteja reprimindo a oposição e ampliando seu poder.
Com informações da Folhapress
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