Os desafios das marcas e anunciantes no ambiente digital, ameaçado pelo avanço das fake news, e as oportunidades para os veículos assegurarem a certificação das informações e a consistência das audiências foram tema do painel Brand Safety em Foco, realizado na tarde de quarta-feira, em Florianópolis. Promovido pelo Grupo RBS, com apoio da ACAERT, o encontro contou com a presença de 250 pessoas — entre profissionais do mercado publicitário, jornalistas, estudantes e empresários — e discutiu os rumos do mercado de comunicação diante desse cenário.
Marcelo Rech, que preside a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e também o Fórum Mundial de Editores (WEF), foi o primeiro palestrante da tarde. Ele apresentou um resgate histórico do modelo de comunicação de massa, que deixou de ser uma prerrogativa de jornalistas profissionais e empresas do setor para o mundo das redes sociais, em que todos são emissários e receptores de informação.
Para Rech, a grande transformação recente do poder de disseminação das redes sociais se deu na Primavera Árabe. “Há seis ou sete anos, se destampou uma série de vozes que nunca tinham tido acesso a se expressar livremente. Isso levou a uma derrocada de regimes ditatoriais e um ambiente de democracia se instalou. Porém, isso acendeu um alerta e governos como o do Irã perceberam a possibilidade de identificar quem estava disseminando essas informações e usar a ferramenta a seu favor”, disse.
O presidente da ANJ elencou exemplos em que boatos alavancados pelas mídias sociais resultaram em problemas concretos. A eleição norte-americana que deu vitória ao Republicano Donald Trump e o Brexit estiveram entre os casos.
Rech afirma que o grave problema foi levado pelo WEF à ONU. Porém, vê com temor o avanço de defesas de uma dura regulamentação do setor de notícias como alternativa para o problema. “Sou um grande defensor da autorregulamentação e não de regulamentação. O grande risco que se coloca é quem define o que é notícia falsa ou não. Podemos criar um grande irmão, big brother, que vai definir o que vamos ler ou não”, afirmou.
Pedro Martins da Silva, presidente do instituto verificador de circulação (IVC) falou na sequência. Ele apresentou soluções que a entidade vem desenvolvendo para atestar a confiança de sites de notícia e também de campanhas no ambiente on-line. Para Silva, a certificação ajuda editores a identificar e reduzir fraudes e garante confiança do veículo no mercado.
Em relação a métricas na internet, o presidente falou em três passos para obter a Quality Certifier. “Os veículos têm as métricas do Google Analytics. Entramos para atestar que ela está perfeita, que há qualidade do tráfego e que são pessoas, e não robôs que geram audiência”. Para isso, um algoritmo é treinado para identificar esses comportamentos por probabilidade. Ele garante que são ferramentas que aumentam a eficiência de agências e anunciantes.
Em seguida, houve um debate. Além de Rech e Silva participaram Pedro Cherem, presidente do Sindicato das Agências de Propaganda de Santa Catarina (Sinapro/SC), e George Fortunato, gerente executivo de jornais do grupo RBS em SC.
Com informações do Diário Catarinense e ACAERT
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