Acusado de assédio contra a jornalista Basília Rodrigues, da CBN FM 95.3 de Brasília, o deputado Wladimir Costa, do Solidariedade, deve ser alvo de representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. O caso aconteceu na semana passada, quando o parlamentar estava sendo questionado sobre a falsa tatuagem que fez no ombro em homenagem a Michel Temer.
Ao ser solicitado para mostrar o desenho, ele disse a repórter, durante entrevista à imprensa, que para ela 'só mostraria o corpo inteiro'. Como passou a ter de dar explicações sobre a conduta, o deputado usou as redes sociais para fazer novos ataques.
Em uma publicação no Facebook, postou fotos da jornalista sem autorização, fez ofensas pessoais, colocou em xeque a competência da repórter e usou palavras agressivas para negar o assédio. O ato gerou mais ofensas, publicadas por seguidores do parlamentar.
O deputado Júlio Delgado, do PSB, diz que a atitude fere o decoro e quer levar o caso ao Conselho de Ética. 'Vou tentar representar partidariamente para que o partido PSB possa representar contra um cidadão que não tem correspondido à ética e ao decoro parlamentar. Não é um exemplo um deputado agir dessa forma', afirma.
A Frente Parlamentar em Defesa das Mulheres na Câmara também quer fazer uma representação. Maria do Rosário, do PT, lembra que deputadas e assessoras de parlamentares são vítimas constantes de assédio dentro da Câmara e reclama que a Casa não se mobiliza como deveria porque existe um machismo que protege os deputados. 'Todas as jornalistas que, por força da sua profissão, tem que lidar muitas vezes com pessoas que agem de forma criminosa e desrespeitosa como é o caso. Tenho procurado registrar ocorrência, levar ao conhecimento do Ministério Público para denúncia ao STF da falta de postura e da atitude criminosa dos deputados. Nenhuma mulher deve passar por esse tipo de constrangimento', disse.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo publicou nota de repúdio, afirmando que a conduta do deputado foi machista e desrespeitosa ao trabalho jornalístico. O Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal classificou a atitude de Wladimir como antiética, misógina, machista e racista. E ressaltou que as mulheres jornalistas, em especial as negras, estão submetidas a uma série de desigualdades e violência dentro e fora das redações que precisam ser combatidas.
Procurado pela reportagem da CBN, o deputado ainda não se posicionou. No Facebook, admitiu que a tatuagem era falsa, classificou a atitude como uma brincadeira e negou o assédio - afirmou que o fato de dizer que mostraria o corpo todo para repórter não significa que ele ficaria nu.
Wladimir Costa já responde por peculato no STF e no dia da votação da denúncia de Temer, foi flagrado no plenário pedindo fotos de mulher nua em uma conversa no WhatsApp.
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