O documentário “Rádio Nacional”, de Paulo Roscio, abriu, na noite desta segunda-feira (11), no auditório do Museu da Imagem e do Som (MIS), a Mostra em homenagem ao Dia do Radialista, comemorado em 21 de setembro. A Rádio Nacional foi a principal emissora da Era de Ouro do rádio brasileiro, e o documentário foi construído a partir de depoimentos de personalidades que fizeram sua história, com destaque para os funcionários que foram demitidos da rádio após o golpe civil-militar de 1964, mostrando a influência política nos rumos de um meio de comunicação.
A Mostra tem curadoria do jornalista e radialista Clayton Sales e está sendo realizada em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão, Televisão, Publicidade e Similares (SinterCom). Para Clayton, é sempre importante homenagear o radialista, pois é uma profissão que engloba muitas funções. “Sempre nos lembramos do locutor, mas tem o sonoplasta, o operador de áudio e muitas outras funções. O dia-a-dia do produtor de rádio, seu trabalho, faz parte da nossa vida, seja formando, entretendo, seja formando mal, porque não tem só santos na nossa área. Esses profissionais muitas vezes são ocultados pela própria mensagem, mas são profissionais que fazem parte de nossa vida”.
Como mostra o documentário de abertura da Mostra, o rádio tem uma importância histórica muito grande, pois prestava serviços, entretinha e também possuía uma importância afetiva. “O brasileiro adora o rádio, gosta de ouvir conversas, contar histórias. Hoje este meio de comunicação está passando por transformações, de acordo com as novas tecnologias adaptações são necessárias. As pessoas estão ouvindo ‘podcasts’, como se fosse um ‘youtube’ sonoro. Estes ‘podcasts’ estão disponibilizados no ‘soundcloud’, que é uma plataforma de áudio, ou no próprio ‘youtube’ e blogs. É um jeito de fazer rádio, uma possibilidade que aparece”.
Para selecionar os filmes, o curador se baseou em critérios afetivos. “Como se pensou na Mostra basicamente sobre o rádio, pensei que a melhor maneira de homenagear o radialista é mostrar como o rádio influenciou e influencia a vida das pessoas, escolhendo filmes que abordam essa relação nossa, humana, com o rádio”.
A presidente do SinterCom, Rose Borges, explica que a ideia da Mostra surgiu com a aprovação da lei federal que institui “verdadeiramente” o Dia do Radialista como 21 de setembro, devido ao decreto lei 7.984, de 21 de setembro de 1945, que regulamentou as funções de radialista e fixou níveis mínimos de salário para a categoria. “É um mercado em expansão, hoje não temos mais o curso superior de Rádio e TV, ficamos sem formação acadêmica. Temos agora o profissional por experiência, como os vários radialistas que marcaram a infância da gente pela voz, temos rádios comunitárias bem alternativas que o sindicato não abrange e estamos trazendo essas pessoas para o profissionalismo, para tirar DRT [registro na Delegacia Regional do Trabalho]”.
Rose diz que hoje são 94 profissões regulamentadas que fazem parte da profissão de radialista, como o técnico, o engenheiro, o editor de imagens, o operador de áudio. A lei 6.625 regulamenta a profissão do radialista e a carta-horária de trabalho. “Ainda em setembro vamos realizar um seminário no MIS sobre legislação, registro profissional e a profissão do radialista com o objetivo de preparar as pessoas para se regulamentar. E no dia 21 de setembro, também no MIS, vamos lançar a memória radiofônica de Mato Grosso do Sul. Até outubro estaremos gravando vozes dos nossos locutores, fazendo registros, fotos, bibliografia, para compor esta memória”.
A Mostra que comemora o Mês do Radialista acontece esta semana até o 15 de setembro (segunda a sexta), com exibições de filmes e debate sobre a profissão do radialista, sempre às 19 horas, com entrada franca.
Com informações do A Crítica
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