Quarta-Feira, 08 de Novembro de 2017 @ 09:20
Brasília - Defensores querem a criação de um órgão para fiscalizar candidatos têm relação com meios de comunicação
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) terá uma audiência na próxima quinta-feira, 9, para debater a possibilidade e a necessidade de criação de um conselho para a fiscalização do tempo de exposição de candidatos em rádio e televisão. Foram convidados para debaterem sobre o tema o jurista francês Jean-Philippe Rivaud, o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Paulo Tonet, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e o diretor executivo da ONG Transparência Brasil, Manoel Galdino.
A presença do jurista francês é para explicar a experiência do país, em que um conselho fiscaliza aparições de candidatos na televisão e no rádio. A audiência foi proposta pelo ouvidor do TSE, o juiz federal Ali Mazloum, e aprovada pelo presidente da Corte eleitoral, Gilmar Mendes, que fará a abertura.
De acordo com o ouvidor, o primeiro ponto em relação ao tema é debater se é necessário ou não algum órgão de controle. Ali Mazloum diz que há a preocupação principal é em relação a cidades menores e regiões em que candidatos têm relação com meios de comunicação.
"O que não tem normatização é a programação normal de notícias. Nesses rincões é que eles acabam privilegiando determinados candidatos de um grupo. E cada juiz eleitoral da cidadezinha, como não tem normatização, acaba decidindo de uma maneira, e outro de outra", disse o ouvidor do TSE, esclarecendo que as propagandas eleitorais gratuitas não farão parte da discussão.
Questionado sobre quais são esses rincões e esses grupos dominantes, Ali Mazloum disse, sem dar nomes, que "em determinadas cidades e regiões há pessoas que detêm concessões de meios de comunicação e têm a mídia na mão, e eles acabam, às vezes, interferindo de forma não muito republicana no resultado de uma eleição".
Segundo o ouvidor do TSE, a ideia é que esse órgão hipotético se destine a "resolver eventuais conflitos entre candidatos". "Como não tem legislação específica, então às vezes o candidato que se sente prejudicado entra com reclamação na justiça da cidade dele. Como não tem normatização, cada juiz decide de uma maneira, e depois através dos recursos, quando o tema chega ao TSE, já não é possível resolver, é fato consumado praticamente. É isso que hoje ocorre. Talvez esse órgão, talvez, pudesse encontrar um caminho", disse.
"A gente está pensando não numa eleição presidencial como a de 2018, porque as concessionárias têm uma autorregulação, as emissoras, jornais, rádios, os grandes seguem as regras da imparcialidade direitinho, não é isso que motivou essa vontade de debater o tema. A gente está pensando eleições no Brasil afora. Agora, é claro que é um órgão que, se tiver problema numa cidade maior, ele vai servir para isso, e a composição dele inclusive", disse.
A composição do possível órgão, caso viesse a ser criado, também teria de ser discutida. "Eu estou imaginando, mas não estou dizendo isso, que poderia ser algo como o CNJ, com pessoas de fora. Poderiam ser pessoas até representantes das concessionárias. Representantes da classe política, pode ser uma composição eclética", disse o ouvidor do TSE.
O ouvidor disse que, além deste tema, existe interesse na realização no TSE de audiências públicas sobre outros assuntos, como reforma política, "com base na lei de acesso à informação, que recomenda que se façam audiências".
Com informações do Estadão
Carlos Massaro atua como radialista e jornalista. Já coordenou artisticamente uma afiliada da Band FM (Promissão/SP) e trabalhou como locutor na afiliada da Band FM em Ourinhos/SP e na Interativa de Avaré/SP e como jornalista na Hot 107 FM 107.7 de Lençóis Paulista/SP e na Jovem Pan FM 88.9 e Divisa FM 93.3 de Ourinhos. Também é advogado na OAB/SP e membro da Comissão de Direito de Mídia da OAB de Campinas/SP, da Comissão de Direito da Comunicação e dos Meio da OAB da Lapa/SP e membro efetivo regional da Comissão Estadual de Defesa do Consumidor da OAB/SP. Atua pelo tudoradio.com desde 2009, responsável pela atualização diária da redação do portal.