Sexta-Feira, 26 de Março de 2021 @ 14:29
Curitiba - Sérgio Silva era considerado um dos principais radialistas do Paraná. O profissional atuava pela emissora
Sérgio Silva, um dos principais radialistas do Paraná, faleceu nesta quinta-feira (25) aos 71 anos de idade. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (26) pela rádio Paraná Educativa FM 97.1 AM 670, emissoras públicas que contavam com Silva como uma de suas vozes. Silva foi vítima de uma parada cardiorrespiratória.
O radialista era uma memória viva do rádio paranaense, onde começou a sua carreira nos anos 50, com passagem pela tradicional e extinta Rádio Clube Paranaense. Nos anos 2000 o radialista também atuou por uma das últimas fases da emissora, que operava em 1430 AM. Atualmente estava na Paraná Educativa FM, com o programa "É Disco que eu Gosto", o qual Sérgio apresentava e produzia.
Sérgio Silva era irmão de outro importante radialista paranaense, conforme lembrado pelo portal Bem Paraná. Tratava-se de Silvio de Tarso, que faleceu em 2013, aos 61 anos.
Acompanhe a nota divulgada pela Paraná Educativa sobre o falecimento de Sérgio Silva:
É em meio a uma tristeza devastadora que comunicamos a você, ouvinte da rádio Paraná Educativa, a morte de Sérgio Silva. Uma das vozes mais conhecidas e importantes do rádio paranaense nos deixou às 7 e meia da noite desta quinta-feira (25), aos 71 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória.
Sim, o rádio do Paraná está de luto. O nosso Serginho reunia capacidade, criatividade, cultura e generosidade. Tudo cabia naquele ser afável, carinhoso, inquieto e de bom gosto invejável, que o levou a ser conhecido e admirado, seja na apresentação, locução, na produção, ou na programação musical. Sua poesia ao viver era dividida com seu irmão, o também já falecido Silvio de Tarso.
Por isso, o que morre com Sérgio Silva é uma parte do rádio e da cultura do nosso estado. Sua voz grave e precisa foi ouvida pela primeira vez nos anos 1950, no auditório da Rádio Clube Paranaense, a PRB-2. O futebol, a música e a religião eram três de suas paixões. Ele cobriu a Copa do Mundo de 1986, no México. E na segunda-feira pós-futebol, não poupava desfeitas aos jogos ruins Paraná Clube, seu time de coração após a fusão entre Pinheiros e Colorado.
De 1973 a 1980, apresentou, em parceria com o jornalista Aramis Millarch, o programa “Domingo Sem Futebol”, em que realizou entrevistas históricas com Elis Regina, Vinicius de Moraes, Toquinho, Taiguara e Gonzaguinha. Sérgio era um dos bambas.
Também era da vida e do palco. Como ator, apresentou-se pela última vez em 2017, na peça “O Canto do Cisne”, de Tchekov. Sérgio viveu o personagem Vassili, que com ironia e humor refletia sobre o papel do teatro na sociedade. A expressão “canto do cisne”, aliás, surgiu a partir da crença antiga de que um cisne, quando morre, canta uma bela canção.
Sérgio Silva era da vida e da música. Na redação da Paraná Educativa, era comum vê-lo ligar um bolero antigo em seu computador e tocar um violão imaginário. Na adolescência, Sérgio tocou em bares de Curitiba. Sempre apoiou e incentivou a produção musical do estado, participando ativamente de vários movimentos. Deu seus pulos como compositor, e escreveu músicas como “João Ninguém” e “Rei da Criação”, em parceria com Jairo Carvalho.
Sérgio era da palavra. Poucos apresentadores e locutores tinham tamanho conhecimento de causa e jogo de cintura para lidar com quem ignora as incertezas do mundo. Menos ainda tinham uma memória tão privilegiada. Sérgio Silva falava de supetão nomes de arranjadores de discos, ou o ano de lançamento de alguma música. Sérgio era fã das vozes femininas. Da MPB não complacente. Do rock revigorante. E de qualquer novidade que lhe fosse apresentada e que suplantasse a sua régua crítica, sempre mais consciente do que detratora.
Scala FM. Difusora Ouro Verde, Rádio Caiobá, Rádio Independência, Rádio Atalaia, Rádio Colombo. Todas elas tiveram, em algum momento, a voz de Sérgio Silva em seus microfones. Informando, cultivando, esclarecendo, reportando.
Em mais de 20 anos de Paraná Educativa, Sérgio Silva foi apresentador dos programas Brasil e Companhia, Serestas Brasileiras, Grandes Maestros e Suas Orquestras Maravilhosas, Coisas Nossas, Reserva Especial, Brasil de Todos os Cantos, Chiclete com Banana e Damas na Noite. Foi companheiro de conversas inesquecíveis. De aulas de MPB. De causos impagáveis que só quem sabe aproveitar a vida passa adiante. Sérgio mesclava propriedade e improviso. Rigor e despretensão.
Já no fim de sua jornada, fazia questão de ir até a rádio mesmo na cadeira de rodas, com seu bom humor intocável. Brincava que dava seta ao estacionar em sua mesa. Pedia meio copo de café com adoçante. Ligava uma música linda, e começava a compartilhar histórias de vida, reflexões e humildade. Vá em paz, caro amigo.
O velório de Sérgio Silva acontece a partir das 11 horas desta sexta-feira (26) na capela 1 do cemitério Água Verde. O enterro será às 15h, em cerimônia reservada a alguns familiares devido às restrições sanitárias impostas pela pandemia.
Sérgio Silva / Crédito: Facebook Paraná Educativa FM
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.