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Quarta-Feira, 27 de Outubro de 2021 @ 10:49

Tendências | Em relatório, Reino Unido garante FM analógico por mais uma década e indica o fim do AM

São Paulo - Transição completa para o digital está mais lenta do que era esperado e não deverá ocorrer nesta década

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O governo do Reino Unido lançou um relatório que aumenta ainda mais a repercussão sobre a transição digital do rádio britânico. No ano passado, conforme noticiado anteriormente pelo tudoradio.com, o desligamento do FM analógico foi adiado novamente, agora previsto para 2032. Com isso, o Reino Unido assegura que as transmissões em FM seguirão ativas por mais uma década, impedindo o desligamento total dessa faixa. Porém o AM poderá não ter o mesmo caminho, ao contar apenas com menos de 3% de toda a escuta do rádio inglês.

Para se ter uma ideia desse adiamento, o prazo inicial de desligamento do FM analógico era 2022, sendo adiado em vários momentos pelo órgão responsável pelo setor, o Ofcom, que no ano passado deu permissão para que as estações sigam ativas no dial por mais 10 anos. Segundo o texto emitido pelo governo do Reino Unido, existe a possibilidade de que nenhuma estação seja obrigada a manter a transmissão analógica ativa até lá e é considerada a possibilidade de obrigar que todos os receptores de rádio adotem configurações digitais em 2023.

Para os ouvintes acostumados com o AM, as previsões do relatório britânico são menos otimistas: menos de 3% das escutas de rádio são feitas por essa faixa e, segundo um gráfico divulgado pelo estudo do governo do Reino Unido, é estimada que a faixa não seja mais usada pelos ouvintes até 2028, se mantida a tendência de queda da audiência nesse serviço de radiofrequência.

Julia Lopez, a ministra da mídia do Reino Unido, mencionou no relatório a relevância do setor para a população. "O rádio britânico mostra alguns de nossos melhores talentos criativos e desempenhou um papel vital na pandemia, levando notícias e entretenimento aos necessitados". Ela completa afirmando que "devemos ter certeza de que este meio precioso continua a alcançar o público à medida que a escuta muda para novas tecnologias e que temos uma transição gradual do FM para proteger os ouvintes idosos e aqueles em áreas remotas". 

De fato, a transição digital no Reino Unido está mais lenta do que o esperado justamente por causa da população com faixas etárias mais elevadas. Por isso a indústria de rádio ampliou os esforços para a popularização do DAB + (radiofrequência) e streaming de áudio com foco nessa parcela de ouvintes, através da campanha "Enigmas do Rádio Digital', tendo como mensagem mensagem de que ouvir rádio digital é 'menos enigmático e mais óbvio'.

 “Não teremos uma transição digital até pelo menos 2030 e consideraremos novas regras para manter nosso próspero setor de rádio no centro do cenário de mídia do Reino Unido", afirma Julia Lopez. 

O relatório do governo também afirma que os hábitos de escuta de rádio mudaram significativamente nos últimos dez anos no Reino Unido, com mais opções para os ouvintes, "graças à crescente disponibilidade de áudio on demand e ao desenvolvimento bem-sucedido do rádio digital DAB", indica o texto.

"Existem agora mais de 570 estações disponíveis em DAB em todo o Reino Unido, além de milhares de estações online e mais de 300 estações analógicas. Cerca de 60% de toda a audição de rádio é agora via DAB ou outra plataforma digital, e a revisão conclui que o DAB apoiará a audição até 2030 e além. Novas redes DAB de pequena escala estão entrando no ar, dando a cada vez mais estações locais pequenas a capacidade de transmitir digitalmente", destaca o texto.

A análise do governo também concluiu que "a capacidade da indústria de rádio do Reino Unido de prosperar a longo prazo depende cada vez mais de os ouvintes terem acesso gratuito às centenas de diferentes estações de rádio do Reino Unido em dispositivos de áudio conectados". Ou seja, o relatório chama a atenção para o forte crescimento das smart speakers como Amazon Alexa e Google Home, cenário este inexistente há cinco anos. Hoje, mais de 50% das famílias do Reino Unido têm uma caixa de som com inteligência artificial, dispositivo que tem impulsionado o consumo de rádio digital.

Torre de transmissão localizada no Crystal Palace, onde estão algumas das FMs voltadas à Grande Londres / crédito: depositphotos.com

Rádio digital?

A indústria de rádio está considerando que "rádio digital" é o consumo que ocorre via áudio digital (streaming, por exemplo) e também via ondas terrestres (no caso europeu é através da tecnologia DAB, por exemplo). Ou seja, um eventual desligamento de transmissão de FM analógico, como ocorreu na Noruega, não significa o "fim do rádio via ondas terrestres". Pelo contrário: o ato de sintonizar uma frequência de rádio continua existindo nesses locais, inclusive de forma relevante. E essa transição entre analógico e digital está em estágios distintos em cada país. 

O tudoradio.com já chegou a ponderar que o desafio de contar com as audiências de faixas etárias mais elevadas em canais digitais de rádio escancarado pelo mercado britânico pode ser um indicador importante para outros países, como o Brasil. Independente de não contar com transmissões de rádio digital via ondas terrestres por aqui, a situação exposta por pesquisa no Reino Unido pode responder algumas perguntas sobre como ampliar as audiências concentradas nos streaming de áudio das estações de rádio brasileiras. No Brasil, o áudio on-line tem servido de complemento importante da operação de rádio no dial.

Veja também:
>  Nielsen: Rádio segue forte na Noruega em audiência e investimento publicitário
>  Mais ecológico, rádio digital cresce na Alemanha e é consumido por mais 60% das famílias

Com informações do portal GOV.UK, RAINews e NewsChant

Tags: Rádio, smart speakers, FM digital, radiodifusão, Reino Unido

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Daniel Starck

Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.



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