Sexta-Feira, 25 de Setembro de 2009 @ 13:51
Belo Horizonte - Confira a história do rádio em exposição no Minas Shopping
De 22 de setembro a 5 de outubro, evento no Minas Shopping apresenta
cerca de 80 modelos de rádios diferentes; coleção guarda história que vai de
1934 a 1969
Em homenagem ao Dia do Rádio e do Radialista (uma das datas comemorativa é o
dia 21 de setembro), o Minas Shopping promove, de 22 de setembro a 5 de
outubro, a exposição Rádio Retrô, que exibe -no segundo piso, em frente à
loja Zak- cerca de 80 aparelhos de rádio produzidos entre 1934 e 1969. A
coleção, pertencente a Francisco Martins Quintão, de 79 anos, revela um
pouco da história do rádio e dos acontecimentos que marcaram a época.
Em 1934, quando ainda havia apenas cerca de 30 emissoras no país, o destaque
era o Philco Capelinha -um dos aparelhos expostos no evento. Com o formato
de capela e estrutura de madeira, o rádio foi um importante transmissor de
notícias das ações do governo de Getúlio Vargas. "Na época, era um aparelho
que chamava a atenção. Muitos diziam: 'parece uma cidade acesa'. Hoje, pelo
valor histórico, continua a ser um rádio extremamente interessante", conta
Francisco.
Outro modelo que faz parte da coleção é um Semp de 1950, que possui três
faixas de onda, seis válvulas e saída de áudio pushpull. "Lembro-me de que
escutei algo muito curioso nesse rádio. Eram tempos de Repórter Esso: 'Alô,
alô, notícia extraordinária! Nordestino trava luta violenta e mata onça à
peixeira' (risos). É interessante, se comparamos com o noticiário de hoje",
diz.
A coleção, iniciada ainda quando Francisco era adolescente, também apresenta
aparelhos das marcas General Eletric (1947), Mullard (1956), Philips (1945),
CCE (1960), Mitsubishi (1960), Philco (1940), Motoradio (1970), entre vários
outros de anos distintos. Para ele, um dos modelos que também deve atrair
olhares é o Philips de 1960. Semelhante a uma radiola, com três faixas de
onda, ele foi um dos primeiros modelos a ter frequência modulada (FM).
Sobre Francisco
A história de Francisco com os rádios começou quando ele saiu de Alvinópolis
(MG), sua cidade natal, rumo a Ponte Nova, cidade da Zona da Mata mineira.
Ainda com 13 anos, o garoto foi chamado pelo avô, relojoeiro, para
trabalhar. Lá, criou sozinho um rádio-relógio, que, segundo ele, ainda não
era conhecido da população.
Daí em diante, tomou gosto pela área elétrica e aprendeu "a mexer" em fios,
geradores e válvulas e a calcular potência, resistência e outros índices do
campo da física. Qualquer rádio com defeito era um enigma prazeroso para
ele.
Aos 20 anos de idade, veio para Belo Horizonte e construiu carreira como
eletricista em várias empresas de grande porte, mesmo tendo apenas o ensino
básico completo. Mas o gosto por rádio ele nunca abandonou. Seguiu com o
conserto dos equipamentos e, muitas vezes, recebeu outros aparelhos como
pagamento.
Assim, conseguiu colecionar cerca de 80 rádios, hoje guardados em um local
especial de sua casa. Ao lado do filho, Francisco José, de 47 anos, preserva
todas as antiguidades. A maioria ainda funciona.
Aposentado desde 1995, Francisco não consegue ficar parado. "Fico bobo com
alguns colegas aposentados que fazem nada, sentados na calçada." No momento,
ele desenvolve o projeto de um chuveiro elétrico que economiza energia. "Vou
inventando sozinho. Mas, se tivesse o apoio e investimento de alguém, seria
interessante", diz.