Terça-Feira, 12 de Abril de 2022 @ 07:29
São Paulo - Share of Ear serve de base para analista em recomendações a investidores de Wall Street. Ações de rádio podem representar retornos atraentes
Uma recomendação feita por um analista de comunicação tem chamado a atenção da indústria de rádio norte-americana. Tomando como base os dados mais recentes da pesquisa Share of Ear da Edison Research, Dan Day, analista de comunicação e mídia da B. Riley Securities, recomenda que seus clientes deem "uma olhada nas ações de rádio". Os maiores grupos de rádio dos EUA estão na bolsa de valores e, segundo o analista, as empresas estão bem posicionadas e a atuação delas em ativos digitais também podem valorizar o setor. O analista também mostra como o custo de anúncio no rádio é mais barato, podendo ser uma estratégia importante para as empresas locais. Acompanhe:
Segundo Day, chama muito a atenção o fato do rádio ser líder disparado em consumo entre todas as mídias de áudio que contam com veiculação de anúncios, fato repercutido pelo tudoradio.com no mês de março, em dado atualizado pela pesquisa Share of Ear.
“Em contraste com as percepções generalizadas de que o rádio perdeu relevância em relação a outras formas de mídia de áudio, o relatório anual Share of Ear indica que o rádio AM/FM continua a dominar o áudio suportado por anúncios”, escreve o analista. Sua análise foi repercutida e destacada pelo portal especializado Inside Radio.
O analista destaca dados como a participação de 76% do rádio no bolo geral de áudio que é suportado por anúncios (e 40% dominantes quando os serviços de áudio baseados em assinatura estão incluídos). “No carro, o domínio do rádio é ainda mais pronunciado”, lembra Day, observando que o recorte da participação de áudio suportada por anúncios do AM/FM se manteve estável em 88% entre pessoas com mais de 18 anos desde 2019.
Contra a percepção de que públicos mais jovens “ouvem menos rádio do que seus pais”, Day lembra que essas gerações também são atendidas pelo rádio através das iniciativas digitais das empresas, em especial pela oferta de podcasts. “Eles inventam em podcast. Para o grupo demográfico mais jovem, 21% do TSL suportado por anúncios consiste em podcasts, quase o dobro da participação de 11% da amostra geral”, escreve o analista em sua recomendação.
De fato, as três maiores empresas de rádio dos Estados Unidos (iHeartMedia, Audacy e Cumulus Media) são participantes no crescente espaço de podcast “e estão bem posicionadas para se beneficiar do aumento do consumo de podcasts”, diz o analista. Vale recordar que o tudoradio.com também repercutiu recentemente os balanços e as projeções positivas sobre o faturamento dessas empresas.
Menos restrições de deslocamento, mais valorização do rádio
Mais dependente de deslocamentos diários da população nos Estados Unidos, o recuo da pandemia da covid-19 (que mudava esses hábitos) tende a valorizar ainda mais o setor de rádio. O analista argumenta que, com a escuta constante e aumentando a confiança de que as restrições de distanciamento social acabaram, “as ações de rádio oferecem um perfil de risco / recompensa atraente nos próximos 12 a 24 meses, em nossa opinião”.
Day lembra também que as ações de rádio permanecem “bem acima” de suas mínimas da primavera de 2020 (primeiro semestre daquele ano), quando os recuos de anúncios causados pela pandemia puxaram o freio no rádio norte-americano.
O analista indica que, se os gastos com anúncios em rádios de transmissão (via ondas AM e FM) continuarem a se recuperar ao longo de 2022 e 2023, como a empresa de investimentos espera, Day diz que todas as três empresas devem atingir ou superar seus níveis de ganhos de 2019 até 2023. A iHeartMedia tem essa previsão já para 2022.
Digital ajudará na alta do faturamento. E custo baixo do rádio é um atrativo para anunciantes
Serviços digitais, como o streaming de áudio das emissoras, podcasts e marketing devem ajudar o rádio norte-americano a superar os volumes de ganhos financeiros observados até 2019. Já a receita de transmissão terrestre deve se recuperar entre 85% a 95% até 2023, segundo o analista.
Day também chama o rádio de “o meio de alcance mais econômico” com um custo médio por mil impressões (CPM) de US$ 6,75 contra US$ 10 para vídeo móvel/desktop, US$ 12 a US$ 19 para TV a cabo, US$ 20 a US$ 36 para transmissão de TV, US$ 30 para vídeo OTT e US$ 47 pelo jornal.
O analista recomenda que as empresas locais, que foram mais impactadas pela inflação e pelos preços de energia, também em alta nos EUA, devem olhar para o rádio como uma alternativa de publicidade de suas atividades, "podem optar por reduzir os gastos com anúncios aumentando os gastos com rádio versus alternativas de custo mais alto”, argumenta Day.
+ Rádio dos EUA atinge hoje o maior nível de escutas desde o início da covid-19
Fotografia em Wall Street, onde fica o coração histórico do atual Distrito Financeiro da cidade de Nova York, endereço da Bolsa de Valores da cidade / crédito: depositphotos.com
E por qual razão olhar para lá fora?
O tudoradio.com costuma observar esses pontos de curiosidade dos números do rádio internacional para mapear possíveis mudanças de hábitos e a manutenção do consumo de rádio em diferentes países. Assim como ocorreu no ano anterior, periodicamente a redação do portal irá monitorar o desempenho do rádio nos principais mercados do mundo e, é claro, fazendo sempre uma comparação com a situação brasileira. E, como de costume, repercutindo também qualquer número confiável sobre o consumo de rádio no Brasil.
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Com informações do portal Inside Radio e Edison Research / Share of Ear
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.