Quinta-Feira, 24 de Novembro de 2022 @ 10:48
São Paulo - Amazon está revendo o tamanho da divisão que é responsável pela assistente virtual. Mídia especializada indica que Alexa não dá lucro
Reportagens em portais especializados em tecnologia levantam um fato que pode impactar indiretamente o setor de rádio. A Alexa, assistente virtual inteligente embarcado em dispositivos eletrônicos da Amazon, estaria com o seu futuro incerto, algo que a companhia nega. A suposição é baseada no replanejamento que a empresa está fazendo na divisão de tecnologia que cuida do produto, com a previsão de demissão de mais de 10 mil funcionários. Segundo a Business Insider, que teve acessos a documentos que detalham a situação, a Alexa causou um prejuízo de US $10 bilhões para a Amazon, isso relativo a 2022. A assistente tem ajudado o rádio a ampliar a sua audiência nas residências norte-americanas e na Europa, virando uma espécie de “novo radinho”.
Segundo a mídia especializada, só no primeiro trimestre de 2022, a Worldwide Digital perdeu US $3 bilhões - o dobro de qualquer outra divisão dentro da Amazon. Essa é a divisão que responde pela Alexa e deverá ser impactada pelo próximo processo de demissões em massa que a Amazon está planejando, segundo veículos que acompanham a área de tecnologia.
Uma reportagem do Tilt, do UOL, lembra que uma solução não dar lucro em seus primeiros anos de operação era algo comum e tolerável dentro do ecossistema tecnológico, tendo em vista todo o potencial que pode ser alcançado em um futuro próximo. Porém, esse cenário não é mais aceitável dentro de um contexto de crise econômica e alta dos custos, como é o caso global, incluindo o país sede da companhia, os Estados Unidos.
Outro ponto que não colabora com a Alexa é a maior divisão do mercado de caixas de som inteligentes, as smart speakers, algo que pode ser um cenário de proteção desse ambiente de interesse do rádio em caso de saída de cena da Amazon. Empresas como o Google (que já está bem próxima de ultrapassar a Alexa na liderança desse mercado) e Apple têm avançado na concorrência, tornando o cenário de liderança da Amazon mais incerto, ou seja, com menos tolerância para prejuízos financeiros.
Também entra na conta da Amazon o fato da companhia não ter achado uma forma de monetizar a assistente, que acaba impulsionando apenas faturamentos indiretos, como a venda de dispositivos da linha Echo (que carregam a Alexa) e produtos dentro do marketplace da Amazon. A ideia era “invadir os lares”, ganhando escala, para depois pensar em soluções que tornem a assistente rentável, como pagar por possíveis serviços ligados à ela. Também havia o interesse de ser hegemônico no mercado de automação residencial, algo que ainda está em expansão pelo mundo.
Para o rádio, a Alexa tem sido fundamental para a popularização da audiência nas residências através de dispositivos conectados, ampliando a oferta além do dial. No Reino Unido, por exemplo, as smart speakers já respondem por uma parcela relevante do consumo de rádio. A Alexa também está envolvida no desenvolvimento da criação de entrega de publicidade personalizada e interativa através do streaming de rádios, conforme relatado anteriormente pelo tudoradio.com.
Porém, a maior divisão do cenário entre as concorrentes pode manter essa tendência intacta. Tanto que as rádios que propagam esse tipo de serviço já não utilizam mais o nome de uma companhia em específico para promover sua presença em smart speakers, simplesmente informando que é para “pedir ao seu dispositivo” para ouvir determinada emissora.
Como era esperado, a Amazon respondeu a Business Insider, afirmando que a Alexa segue nos planos da companhia. "Estamos tão comprometidos com Alexa e Echo quanto sempre estivemos. Vamos continuar a investir pesado neles", afirma o vice-presidente de aparelhos e serviços da Amazon, David Limp, como também destacou a editoria Tilt, do UOL.
Modelo da 3ª geração da Amazon EchoDot, comercializado no Brasil / fonte: tudoradio.com
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Com informações da Business Insider e do Tilt / UOL
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.