Sexta-Feira, 22 de Agosto de 2025 @ 16:02
São Paulo - Tecnologias como voz sintética e automação são apontadas como aliadas para ampliar a atuação das emissoras
A aplicação da Inteligência Artificial (IA) nas mídias sonoras foi destaque em um dos painéis do SET Expo 2025, evento realizado nesta semana em São Paulo. Intitulado "Avanços da IA no Rádio Brasileiro", o encontro reuniu especialistas para debater os impactos, desafios, oportunidades e aspectos éticos da adoção da tecnologia no rádio, podcasts e plataformas digitais. Com mediação de Eduardo Cappia, conselheiro da SET e diretor da EMC, o painel contou com a participação de Álvaro Bufarah Junior (Intercom), Tuta Neto (Jovem Pan/Sampi) e Carlos Aros (Rede Jovem Pan News).
Durante a exposição inicial, Álvaro Bufarah Junior destacou o crescimento do uso da IA nas emissoras brasileiras, impulsionado pela popularização de ferramentas como o ChatGPT. Ele citou aplicações já comuns no setor, como a clonagem de voz, conversão de texto em fala, geradores de música e softwares de análise de sentimento.
Um dos pontos levantados foi o uso de vozes sintéticas baseadas em locutores reais ou personalidades falecidas, o que exige atenção quanto aos direitos autorais e à ética. “Um exemplo é o caso da radialista Gisele Souza, cuja voz foi comercializada como se fosse de uma IA”, alertou.
Bufarah ainda ressaltou que, mesmo antes da adoção de IA, muitas rádios podem avançar na digitalização por meio de ferramentas como sistemas de CRM. Tuta Neto abordou as mudanças no consumo de conteúdo e apontou que, atualmente, o canal é menos relevante do que o conteúdo em si. “É o conteúdo que conecta as pessoas. O que importa é a credibilidade da marca e do canal”, afirmou.
Ele também destacou a necessidade de adaptação do rádio a novos formatos, como vídeo, e a concorrência com influenciadores em coberturas de grande alcance, como a Copa do Mundo. “A IA já está pronta, acessível e com custo reduzido. Quem não adota perde competitividade”, disse o executivo, reforçando que o jornalista moderno precisa atuar em múltiplos formatos e canais.
Carlos Aros compartilhou a experiência da Jovem Pan na integração da IA à produção de conteúdo. “Há mais de dez anos iniciamos essa transformação. Hoje estamos em todas as plataformas”, afirmou. Ele apontou que a IA já é utilizada pela emissora em redes sociais e conteúdos automatizados, integrados à produção local.
Carlos Aroscompartilhou a experiência da Jovem Pan na integração da IA à produção de conteúdo - Foto: SET
O diretor também citou casos internacionais, como a BBC e a NPR, que utilizam soluções de IA para expandir sua produção. “Temos mais de 4,2 bilhões de visualizações nos nossos conteúdos. Isso só é possível com uma equipe que entende a IA como uma aliada do jornalismo”, disse.
Apesar dos avanços, Aros alertou para os riscos do uso indiscriminado da tecnologia. “O jornalista deve estar no comando. A curadoria humana continua sendo essencial para garantir credibilidade e qualidade”, concluiu.