IBC2025: Rádio mantém relevância em emergências e divide espaço com avanços como 5G Broadcast

O rádio foi novamente apontado como um dos pilares da comunicação de emergência durante o painel “Citizen Communication in a Crisis as the World Order is changing”, realizado nesta sexta-feira (12) no IBC2025, em Amsterdã. Especialistas da BBC, ITV, Levira (Estônia) e do governo estoniano discutiram como os cidadãos recebem alertas em situações de crise, ressaltando a resiliência da radiodifusão frente a falhas em redes digitais.  O tudoradio.com cobre o IBC2025 direto da Holanda, com os apoios de AMIRT, ASSERPE, BeAudio, BrasilStream e RadioData.

Histórico e confiança do público

Mark Moran, chefe de resiliência tecnológica da BBC, relembrou o papel desempenhado pela emissora desde a Segunda Guerra Mundial, quando a população britânica buscava no rádio e na TV informações seguras em meio a incertezas. Para Moran, a grande diferença entre o passado e o presente está na multiplicação de plataformas e na fragmentação da audiência.

“Hoje o primeiro alerta pode chegar pelo celular, mas nem sempre com credibilidade. O público ainda recorre ao rádio e à TV como fontes confiáveis. Essa confiança é um ativo precioso que precisa ser protegido”, afirmou o executivo. Ele citou que, em eventos recentes de apagões em países como Portugal e Espanha, as redes móveis falharam em poucos minutos, restando apenas transmissões em FM como canal de informação.

Integração de meios e novos projetos

A estoniana Kadi Luht-Kallas, representante do Ministério do Interior, relatou que seu país utiliza SMS baseados em localização como ferramenta principal de alerta. Porém, ressaltou limitações em áreas de fronteira, onde parte da população acessa redes de comunicação de países vizinhos, além de dificuldades em situações de queda prolongada de energia. “É essencial estar presente onde as pessoas realmente estão, sem depender apenas de canais únicos”, afirmou.

Diante desse cenário, a Estônia vem testando o 5G Broadcast em parceria com a Levira, operadora de rede local. Segundo Martti Kinkar, diretor de Inovação da empresa, a tecnologia permite enviar alertas diretamente para dispositivos móveis, inclusive em modo offline, mas não substitui o rádio e a televisão. “Já vimos células móveis caírem em 15 minutos durante tempestades. As redes de radiodifusão, ao contrário, conseguem permanecer ativas por dias com sistemas de redundância. Essa é a diferença fundamental”, explicou.

Rádio e televisão como infraestrutura crítica

O debate também abordou a necessidade de reconhecer rádio e TV como parte da infraestrutura crítica nacional. Simon Farnsworth, CTO da ITV, defendeu que o setor precisa de apoio governamental para manter sua relevância em um cenário digital cada vez mais fragmentado. “O excesso de informações, inclusive com conteúdos gerados por inteligência artificial, torna ainda mais importante a presença de vozes confiáveis e independentes no ar”, destacou.

Na parte final do encontro, o Brasil foi citado como exemplo de inovação. O projeto de TV 3.0, que vem sendo implementado pela radiodifusão brasileira, foi lembrado por Mark Moran como referência de integração entre transmissão tradicional e recursos digitais. A iniciativa combina a cobertura ampla da TV aberta com funcionalidades avançadas, viabilizadas por 5G Broadcast, e está projetada para atender mais de 200 milhões de pessoas. 

Painel Citizen Communication in a Crisis as the World Order is changing / crédito: tudoradio.com

Cobertura tudoradio.com do IBC2025

O IBC2025 (International Broadcasting Convention), também conhecido como IBC Show, ocorre entre os dias 12 e 15 de setembro, no centro de exposições RAI Amsterdam, na Holanda. Todo o conteúdo produzido pelo tudoradio.com no pré, durante e pós-evento está disponível em destaque na capa do portal, nas redes sociais e também na página especial tudoradio.com/ibc2025, com os apoios de nomes como AMIRT, ASSERPE, BeAudio, BrasilStream e RadioData. 

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