Quinta-Feira, 19 de Agosto de 2010 @ 08:37
São Paulo – Imposições não afetam a internet. Emissoras aproveitam
Época de eleições. Durante esse período as emissoras de rádio no Brasil precisam arcar com mais uma imposição em suas grades de programação: horário eleitoral gratuito. Fora da discussão se isso é certo ou errado, as emissoras de rádio e televisão executam 100 minutos diários (de segunda a sábado) de propaganda eleitoral, sem contar as inserções nos intervalos comerciais. Isso não é novidade. Porém o novo fator existente nesse quadro está relacionado à internet.
Várias estações de rádio que operam em FM ou AM estão “ignorando” a existência do horário eleitoral gratuito em suas grades quando o assunto é transmissão via internet. Enquanto as faixas em FM e AM retransmitem os programas eleitorais, várias estações que possuem seus áudios via internet mantém suas grades em alterações na transmissão on-line.
Em resumo: o ouvinte que geralmente acompanha a programação musical da Interativa FM 94.9 de Goiânia, por exemplo, poderá migrar para a internet durante as transmissões do horário eleitoral na faixa em FM. Através da web a Interativa segue executando sua programação normal, sem alterações, retomando a transmissão em FM após o final da propaganda política obrigatória.
Esse formato de transmissão é comum nas rádios de São Paulo. Todas as emissoras do Grupo Bandeirantes estão separando suas transmissões durante o horário eleitoral gratuito, mantendo suas programações normais via internet e também pelos “smartphones”. Situação também observada nas rádios da Eldorado (FM 92.9 e AM 700), Jovem Pan,(FM 100.9 e AM 620), 89 FM 89.1, CBN (AM 780 e FM 90.5), entre outras.
O mesmo ocorre com a transmissão obrigatória da Voz do Brasil. As rádios que não possuem liminares e processos que flexibilizam o horário de transmissão estão apelando para a divisão das transmissões, separando o áudio on-line da transmissão convencional em FM ou AM. A legislação não impõe a transmissão obrigatória do horário eleitoral ou da Voz do Brasil via internet.
Concorrência
Seguir com a mesma linha de programação via internet enquanto as transmissões convencionais são obrigadas a adotar o roteiro imposto por lei é uma ferramenta poderosa para o meio radiofônico. Essa linha de raciocínio faz da internet uma aliada do rádio e não uma concorrente.
Em resumo: ouvintes de rádio que possuem acesso à internet via computadores ou celulares não deixarão de ouvir suas emissoras de rádio convencionais devido a existência de outras mídias e formatos on-line. A internet passa a ser uma espécie de complemento ou nova opção do rádio convencional e não concorrente.
Além de conduzir a audiência convencional aos canais de internet, o rádio também pode criar um efeito contrário: conduzir a audiência on-line para os seus canais em FM e AM, criando um sistema integrado em favor do meio rádio, além de possibilitar a aproximação de públicos que não estão presente no formato convencional.
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Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.