Terça-Feira, 10 de Julho de 2012 @ 17:02
Goiânia - Valério foi assassinado em frente à rádio onde trabalhava
A Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios de Goiás (DIG) investiga a morte do radialista esportivo Valério Luiz de Oliveira, 49 anos, assassinado na última quinta-feira em frente à Rádio Jornal AM 820 de Goiânia, na qual trabalhava. Segundo a delegada Adriana Ribeiro de Barros, as suspeitas são morte por encomenda, vingança ou desavença. "Estamos investigando o crime por essas causas e já temos um suspeito. Mas ainda não podemos dar mais informações." A delegada não quis comentar se o suspeito era sobre o mandante ou o assassino.
Adriana comentou que o radialista era uma pessoa tranquila. "Valério era reservado, estava sempre com a esposa e os três filhos." Segundo o delegado adjunto da DIG, Carlos Caetano, o jornalista tinha opiniões muito fortes. "Ele era um jornalista esportivo, mas era muito duro em algumas opiniões. Não media palavras. Era muito amado e muito odiado."
Valério foi assassinado em frente à rádio onde trabalhava por um homem que estava em uma moto e lhe deu sete disparos, sendo que quatro atingiram seu toráx. No momento do crime, as câmeras de segurança do prédio da emissora estavam desligadas. A perícia analisa as imagens feitas por câmeras de monitoramento das residências e de estabelecimentos comerciais vizinhos. Testemunhas disseram aos policiais que o homem que fez os disparos fugiu em uma moto.
O Atlético Goianiense, clube que proibiu a entrada dos dois veículos em que o cronista trabalhava após comentários dele, divulgou uma nota dizendo estar de luto "pelo brutal assassinato do cronista esportivo e atleticano Valério Luiz de Oliveira, ex-integrante da Rádio Jornal 820 AM e da PUC TV. Valério Luiz se caracterizava por seus comentários, que em alguns momentos desagradou alguns setores do clube, porém, a opinião forte do cronista já serviu até para a tomada de decisões que colaboraram desta forma com o crescimento do Atlético".
O Atlético-GO ainda pede "à Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás que faça a mais profunda apuração do assassinato e que os responsáveis pelo crime sejam punidos com a devida justiça".
O presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Gustavo Mohme, disse que lamenta a "onda de violência que abala o jornalismo brasileiro" e que considera necessário que as autoridades acabem com o clima de impunidade que "impera em torno dos crimes" contra jornalistas. Mohme, diretor do jornal peruano La República, pediu às autoridades para "esclarecerem com prontidão este caso e punirem os responsáveis". Este foi o quinto caso do tipo em 2012 no Brasil.
"O crime de Oliveira ocorreu logo quando a Câmara dos Deputados do Brasil realiza audiências públicas nas quais são estudadas propostas para federalizar os crimes contra jornalistas e adotar outras medidas de proteção para a imprensa", informou a SIP.
Neste ano foram assassinados no Brasil outros quatro jornalistas: Décio Sá, em São Luís (MA); Paulo Roberto Cardoso Rodrigues (Paulo Rocaro), em Ponta Porã (MS); Mário Randolfo Marques Lopes, em Vassouras (RJ) e Laécio de Souza de Simões Filho, em Simões Filho (BA).
A Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV também divulgou nota pedindo celeridade às investigações sobre a morte do radialista. Veja abaixo a íntegra da nota.
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) apela às autoridades policiais do Estado de Goiás para que investiguem com celeridade as circunstâncias do assassinato do radialista Valério Luiz, ocorrido na tarde desta quinta-feira, em Goiânia.
Valério saía da rádio onde trabalhava, no Setor Serrinha, quando foi atingido por seis tiros disparados por um homem em uma motocicleta. Neste ano, quatro profissionais de imprensa foram mortos por sua atuação profissional.
É extremamente preocupante a reincidência de atos criminosos contra jornalistas no país e, sobretudo, a impunidade que caracteriza a maioria dos casos.
Reiteramos a necessidade da pronta reação das autoridades, sob pena de vermos a liberdade de expressão e de imprensa, princípios vitais à democracia, ameaçada por imposição da violência.
EMANUEL SOARES CARNEIRO
Presidente
Carlos Massaro atua como radialista e jornalista. Já coordenou artisticamente uma afiliada da Band FM (Promissão/SP) e trabalhou como locutor na afiliada da Band FM em Ourinhos/SP e na Interativa de Avaré/SP e como jornalista na Hot 107 FM 107.7 de Lençóis Paulista/SP e na Jovem Pan FM 88.9 e Divisa FM 93.3 de Ourinhos. Também é advogado na OAB/SP e membro da Comissão de Direito de Mídia da OAB de Campinas/SP, da Comissão de Direito da Comunicação e dos Meio da OAB da Lapa/SP e membro efetivo regional da Comissão Estadual de Defesa do Consumidor da OAB/SP. Atua pelo tudoradio.com desde 2009, responsável pela atualização diária da redação do portal.