Há exatos 71 anos, entrava no ar pela primeira vez nas rádios brasileiras, o programa Repórter Esso. O noticiário, que ficou no ar por quase 30 anos, foi o primeiro modelo de radiojornalismo no Brasil. Patrocinado por uma empresa estadunidense, o programa foi criado, inicialmente, para disseminar informações sobre a segunda guerra mundial, sob a ótica dos aliados, rivais da Alemanha, Itália e Japão.
Apoiado pelo presidente Getúlio Vargas e sob a orientação do Departamento de Imprensa e Propaganda, o DIP, o Repórter Esso foi um dos primeiros sintomas da globalização das comunicações, já que as matérias eram enviadas por uma agência internacional de notícias, que era controlada pelos Estados Unidos da América.
Às 12h55min do dia 28 de Agosto de 1941, na Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, o programa Repórter Esso era iniciado no Brasil. Após um mês, ele entrou na Rádio Tupi, de São Paulo. Em junho de 1942, o programa passa a ser transmitido no Rio Grande do Sul, em Recife e Minas Gerais, sendo essas as cinco capitais que tinham o Repórter Esso.
Sem nunca ter atrasado um só minuto, estando sete dias por semana no ar, o Repórter Esso tornou-se referência para os próximos noticiários que viriam a aparecer no decorrer do tempo, já que possuía o lead (cabeça da matéria) mais profissional do jornalismo brasileiro, além de ter imposto um ritmo com o qual noticiava as informações no rádio. O programa noticiou marcos históricos do Brasil e do mundo, como a leitura da carta escrita por Getúlio Vargas antes de ter cometido suicídio, em 1954 e a vitória de Fidel Castro na Revolução Cubana, em 1959.
No entanto, no período da Segunda Guerra Mundial, a Rádio Tupi foi a primeira a noticiar o fim da batalha, mas por conta da alta credibilidade que o Repórter Esso tinha com seus ouvintes, a notícia ainda não seria tratada como verdade: "Se o Repórter Esso ainda não deu, não deve ser verdade", dizia a população brasileira na época.
Para Douglas Gonçalves, professor do Centro Universitário de Volta Redonda e membro da comissão dos 70 anos do Repórter Esso no Brasil, o Repórter Esso foi pioneiro em tudo quando se trata de radiojornalismo. “O modo como ele apresentava suas notícias era forte, pois colocava o tom de urgência em todas as notícias que informava, o que aumentava a vontade do ouvinte de saber do que se tratava. O programa tinha um base forte, a começar pelos slogans: ‘O Primeiro a Dar as Últimas e Testemunha Ocular da História’”, disse.
Por causa do crescimento da TV, que afetou a audiência do noticiário radiofônico, e do alto custo pedido pelas emissoras para a renovação anual dos contratos, o Brasil, em 31 de dezembro de 1968, dava adeus ao Repórter Esso, o programa de maior credibilidade da história do radiojornalismo do país.
Com informações do site A Voz da Cidade
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