Além de apresentar os relatórios com os testes com os dois padrões que estão disputando a digitalização do rádio no Brasil, engenheiros do Ministério das Comunicações e do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro) apresentaram também os desafios na área técnica que a mudança deve apresentar. Vale lembrar que os padrões europeu (DRM) e norte-americano (HD Radio) foram avaliados em emissoras de diferentes classes e potências em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília.
O encontro foi o segundo de uma série de debates programados pelo Conselho Consultivo do Rádio Digital, formado por representantes do governo federal, do Congresso Nacional, do setor de radiodifusão e da indústria. O objetivo foi apresentar uma visão geral e técnica dos testes e mostrar como foram feitas as medições. O engenheiro do Minicom, Flávio Lima, focou sua apresentação nos desafios técnicos que o setor de radiodifusão terá de examinar para a digitalização do rádio. Na opinião dele, levar em conta somente a qualidade do áudio para a transição não deve ser suficiente para tomar decisões. As dificuldades de instalação, os ganhos e as perdas, além dos custos deverão ser colocados na balança, segundo ele.
Lima apresentou uma série de configurações técnicas possíveis para digitalizar uma emissora e os prós e os contras de cada uma delas. “Qual é o menos impactante e qual deles o radiodifusor estará disposto a pagar? A qualidade do áudio é critério suficiente para digitalizar? Creio que não. Na minha opinião, o mais importante é o serviço agregado”, disse. Dependendo do porte da emissora e do nível de modernização que se deseja alcançar, o valor inicial da digitalização poderá oscilar entre R$ 20 mil e R$ 300 mil, isso já considerando estimativas de preços de equipamentos da indústria nacional. No período do simulcasting, a conta de energia de cada rádio poderá chegar até 110% mais cara que a média de valor pago atualmente, de acordo com o engenheiro do ministério.
Com relação aos desempenhos dos sistemas, Lima disse que é um erro traçar uma relação direta na análise dos dados. A questão é muito mais profunda do que se imagina, avaliou. “Não adianta falar que um serviço que opera em 100 kilobytes por segundo é melhor do que o que opera em 30. Existe uma reflexão técnica que vai além da largura de banda e da taxa de transmissão. Essa inclusive é uma outra falha violenta que vemos nos congressos de radiodifusão digital”, declarou.
A próxima reunião do conselho consultivo está marcada para a próxima sexta-feira, 7 de dezembro, e contará com um debate com representantes dos sistemas DRM e HD Radio. O encontro seguinte, no dia 13, terá a participação de pesquisadores do Rio de Janeiro que trabalham na aplicação do middleware Ginga no rádio digital. “Estamos levantando as questões que ainda precisam ser estudadas. Esse é o momento para se pensar a parte técnica, mas não podemos nos esquecer das outras questões envolvidas, como serviços, produção tecnológica, aspectos econômicos e diplomáticos. Ainda temos muita coisa para discutir”, afirma a coordenadora-geral de Avaliação de Outorgas substituta, Elza Fernandes.
Assessoria de Comunicação da Abert
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