O ministro das Comunicações Paulo Bernardo prometeu ontem durante o programa Bom Dia Ministro, transmitido pela Empresa Brasil de Comunicação, que irá apresentar ao Congresso Nacional o projeto de lei que prevê a migração das rádios AMs ao dial estendido FM. A ideia é que, assim, essas emissoras alcancem a qualidade de transmissões semelhante das rádios FM. Além disso, o ministro também disse que não existe um plano para a digitalização das FMs.
Durante a sua participação no programa, o ministro explicou, reiteradamente, que diferentemente da televisão, não existe um plano para o rádio. “Não temos conclusão sobre a digitalização do rádio. Não temos um projeto que seja suficientemente convincente para fazer. Não estamos convencidos da conveniência de um ou outro sistema para as condições brasileiras. Diante disso, um tema sensível que é a melhoria da qualidade das transmissões das rádios AM será atalhado com a mudança de faixa de frequência. Temos um acordo com os radiodifusores de que não vamos esperar a definição de um modelo de rádio digital para tratar da questão das AMs. Vamos destinar os canais 5 e 6 para as rádios”, garantiu o ministro.
Radiodifusores de todo o país encaminharam perguntas ao ministro e o tema que mais foi abordado foi a migração das rádios AMs para a faixa estendida do FM. “Já estamos tratando disso no governo. Temos uma minuta de projeto e tenho a expectativa de que possamos mandar isso para o Congresso, porque precisa ser lei, ainda neste primeiro semestre. Isso vai dar uma vida nova para essas rádios, porque a qualidade tem sido prejudicada. A presidenta Dilma achou a ideia interessante, mas ainda tenho que discutir com ela o projeto. E as rádios precisarão fazer um corpo a corpo com os parlamentares para aprovar isso rapidamente”, ressaltou Bernardo.
Além de aspectos técnicos e de custo, a definição do sistema de rádio digital levará em consideração impactos socioeconômicos e a transferência de tecnologia para a indústria brasileira. A rádio digital tem uma qualidade de áudio superior à das rádios atuais. Sua adoção acarretará no acesso a novos serviços de dados, como a recepção de dados textuais relacionados com a emissora e a sua programação, serviços de informação do tempo e do trânsito, alertas de emergência e, dependendo da tecnologia, possibilitará a transmissão de imagens estáticas e em movimento.
O secretário de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Genildo Lins, disse durante audiência pública realizada em dezembro do ano passado que os resultados dos testes de rádio digital conduzidos pelo ministério foram “muito ruins”, especialmente os de FM em alta potência. Além disso, a cobertura do sinal alcançou 70% da que hoje atinge o analógico. “O futuro do rádio é digital, mas esse futuro ainda não chegou. Não temos condições de tomar uma decisão diante desses resultados”, afirmou.
Com isso, o governo aponta com a possibilidade da realização de novos testes, já que a área de cobertura do sinal digital não foi considerada completamente satisfatória. Um dos problemas que foram detectados durante os testes do ano passado foi a área abrangida pelos dois padrões de rádio digital. "Diminuir a área de cobertura é excluir, e não podemos ter um sistema de rádio digital que cubra menos que o sistema analógico. Se conseguirmos vencer essa etapa e ter um sistema que possa cobrir o mesmo que se cobria no analógico, dá para avançar nas outras discussões", explicou o diretor de Acompanhamento e Avaliação do Ministério das Comunicações, Octavio Pieranti.
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