




Terça-Feira, 25 de Novembro de 2025 @ 06:46
São Paulo - Dados expõem limitações de conectividade fora dos centros urbanos, o que afeta o avanço de soluções como streaming, rádio híbrido e conectividade veicular
Uma reportagem do jornal O Globo, veiculada nesta segunda-feira (24), revelou que menos da metade das estradas brasileiras têm cobertura de sinal 4G, e o sinal de dados móveis na tecnologia 5G não chega a 12%, estando geralmente ligado à cobertura urbana próxima a trechos rodoviários. Os números mostram um cenário desafiador para avanços no consumo digital de mídia ao vivo e também para outros serviços conectados, como um possível futuro na automação de carros. Para o rádio, isso gera oportunidades para o FM analógico, mas também desafios no streaming e na competitividade com outras plataformas on-demand. Acompanhe os detalhes:
De acordo com a reportagem, repercutida pela CBN nesta segunda-feira (24), as operadoras alegam que investir em cobertura de dados nas estradas brasileiras representa um alto custo para as empresas, sem um retorno financeiro adequado com esse processo. A Anatel estuda incluir, no próximo leilão de frequências de rede móvel, a obrigatoriedade do serviço em parte das rodovias federais, processo este que está previsto ainda para este ano. Boa parte das BRs entre capitais não conta com cobertura completa de sinal, inclusive com trechos sem sinal de rede móvel para voz e dados.
Para o rádio, esse quadro gera desafios. Existe a argumentação de que o FM analógico é a única forma de acesso a conteúdo ao vivo nesses trechos, já que são poucas as áreas onde existe um “apagão de FM”, ou seja, locais sem captação de sinais de rádio, tendo em vista o crescimento da oferta de emissoras em todo o país, principalmente após a migração do AM para o FM. Ou seja, para se ter algum conteúdo ao vivo, o motorista precisa recorrer ao dial FM.
Porém, cada vez mais, os carros estão com capacidades de espelhamento de smartphones e contam com aplicativos de serviços de mídia on-demand, onde plataformas como Spotify, YouTube, entre outras, oferecem opções de pré-carregamento, possibilitando o consumo de conteúdos mesmo sem conexão de dados móveis. E a forma de o rádio competir em interfaces conectadas é através do streaming ao vivo de rádio, que requer conexão constante, além de podcasts (já disponíveis nesse formato de pré-carregamento). O “rádio híbrido”, que une dados conectados com o sinal de FM, também pode ser prejudicado nesses trechos sem rede móvel.
Mesmo com esses “apagões” nas estradas, o uso do streaming de rádio vem crescendo, utilizado em trechos com conexão de dados e também nas áreas urbanas, onde a oferta encontra uma rede de dados móveis mais disponível para esse tipo de serviço. A chegada de alguns carros chineses com internet via satélite embarcada, como é o caso da montadora Geely em seus modelos de maior custo, também pode ser vista como alternativa de acesso à rede conectada.
A título de comparação, a reportagem do O Globo mostra que países como os Estados Unidos e o México, locais onde o rádio FM segue em alta de consumo e o streaming de rádio cresce de forma progressiva ano a ano, a cobertura de rede móvel em estradas chega a 90% da malha rodoviária.
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Ilustração rodovia conectada / depositphotos.com


