Sexta-Feira, 02 de Outubro de 2020 @
Mesmo que, em um primeiro momento, os assistentes pessoais sejam vistos apenas como facilitadores de ações do dia-a-dia, como fazer ligações ou consultar a agenda, as mesmas facilidades também estimulam os usuários, que acabam consumindo mais conteúdo virtual. O dispositivo da Amazon, por exemplo, pode até ler livros, através de uma integração com o Kindle, que é o dispositivo para leitura de livros digitais da mesma empresa.
A pesquisa Smart Audio Report 2020, realizada nos EUA pela National Public Media, entre 31 de dezembro de 2019 e 01 de maio de 2020, dá algumas pistas sobre o impacto desses dispositivos no consumo de conteúdo midiático. Por lá, 24% dos habitantes com mais de 18 anos já possuem um Smart Speaker.
45% desses usuários pedem para que o assistente pessoal reproduza alguma rádio AM/FM pelo menos uma vez por semana. Entre o grupo de pessoas que utiliza comandos de voz, mas apenas pelo celular, sem possuir um Smart Speaker, essa porcentagem cai para 30%, mostrando como o dispositivo incentiva o consumo das estações de rádio.
Em geral, a função de reprodução de rádios é a 7° mais usada pelos donos dos dispositivos. Ela só é menos frequente do que o uso para tocar músicas em aplicativos, responder dúvidas
pontuais, checar a previsão do tempo, ver notícias, conferir a hora e programar um alarme. Aqui no Brasil, o estudo da Nextdial sobre consumo digital de rádio já inclui o Smart Speaker
entre os dispositivos analisados.
A grande mudança dos Smart Speaker é a volta do áudio como elemento presente no cotidiano dos lares. Todas as inovações tecnológicas mais recentes tinham como foco o aspecto visual, como os smartphones, os tablets, os computadores e as televisões. Dessa maneira, o formato dos assistentes pessoais valoriza os conteúdos em áudio – motivo que também traz oportunidades de crescimento para os podcasts.
Outro fator importante é o que os assistentes pessoais significam para seus usuários. Na edição de 2018 do estudo Smart Audio Report, 61% dos usuários afirmaram que utilizar o dispositivo era como ter alguém para conversar – característica muito valorizada pelos ouvintes do rádio.
A oportunidade para atingir um crescimento na audiência é grande, por conta da retomada do protagonismo do áudio. No entanto, as emissoras de rádio precisam encontrar formas de se adaptar a esse dispositivo, pois o consumo de conteúdo dentro deles pode ser muito condicionado pelos algoritmos impostos pelos desenvolvedores.
Para entender mais sobre essas contradições, vale a pena ler o artigo de Marcelo Kischinhevsky e Debora Cristina Lopez, de 2019, "A emergência dos smart speakers: desafios e oportunidades para o rádio no contexto de big data".
Por Lincoln Guilherme Copceski - Formado em Comunicação e Multimeios pela Universidade Estadual de Maringá, especialista em Produção Audiovisual pela PUC-PR e mestrando em Tecnologia e Sociedade pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Trabalhou com assessoria de comunicação empresarial e política, diretor audiovisual e, hoje em dia, escreve sobre diversos assuntos.
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