Quinta-Feira, 22 de Outubro de 2020 @
Um dos grandes efeitos do período pandêmico é o comprometimento da saúde mental da população. O medo da morte, as preocupações com a contaminação pelo coronavírus, a crise econômica, o desemprego, o isolamento social, as incertezas sobre o futuro e outros fatores podem provocar o desenvolvimento de quadros de depressão e ansiedade. Ainda há o perigo de outros transtornos, como o de estresse pós-traumático.
Com isso, o rádio novamente se torna um importante veículo de disseminação de informações voltadas aos cuidados com a mente. Ainda há muitos tabus que envolvem os transtornos emocionais, e acabar com eles é uma difícil tarefa que a imprensa deve assumir. Para isso, vale incentivar a procura por apoio profissional, com psicoterapeutas e psiquiátricas.
Ainda há muita desinformação sobre os transtornos emocionais em nosso país. Uma pesquisa Ibope realizada no ano passado sobre depressão mostrou que entre os brasileiros com 24 a 35 anos, 63% não revelariam o estado depressivo aos amigos e familiares por vergonha. Entre os mais jovens, de 13 a 17 anos, 23% não veem a depressão como uma doença grave, mas sim como apenas um “momento de tristeza”.
Abordar o tema na imprensa ajuda na conscientização e pode salvar vidas. Um levantamento do portal GUIADEBEMESTAR mostrou que o número de buscas na internet pelos sintomas da depressão aumentou 23,1% no mês de setembro, em comparação ao mês anterior, com a propagação dos conteúdos voltados à campanha “Setembro Amarelo”.
Por isso, assim como ocorre com a conscientização de outras doenças, como câncer de mama e o câncer de próstata, é justo que as emissoras insiram na programação blocos informativos sobre os transtornos emocionais, como forma de chamar a atenção da população para os principais sintomas, acabar com os preconceitos e estimular o tratamento adequado.
Além disso, também deve-se cogitar um maior espaço para o tema na programação jornalística do rádio – e isso não deve ficar restrito ao setembro amarelo, ainda mais considerando o período difícil que todos estão passando. Entrevistas com profissionais da saúde mental e depoimentos de pacientes podem ser constantes.
Por fim, as emissoras não podem esquecer e ignorar os problemas de saúde mental dentro de suas próprias equipes. A organização de encontros e palestras sobre o tema pode ajudar a acabar com o tabu entre os funcionários.
Por Lincoln Guilherme Copceski - Formado em Comunicação e Multimeios pela Universidade Estadual de Maringá, especialista em Produção Audiovisual pela PUC-PR e mestrando em Tecnologia e Sociedade pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Trabalhou com assessoria de comunicação empresarial e política, diretor audiovisual e, hoje em dia, escreve sobre diversos assuntos.
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