Segunda-Feira, 07 de Outubro de 2024 @
População busca o rádio da maneira que for mais conveniente para ela. Cabe a nós disponibilizarmos o caminho
Vamos considerar o seguinte: meios não faltam para você saber quem ganhou e quem perdeu em uma corrida eleitoral no Brasil. A própria Justiça Eleitoral disponibiliza todas as informações possíveis sobre a apuração, e os principais portais de notícia do país conseguem, de modo exemplar, criar áreas interativas para que você veja todos os detalhes da apuração em tempo real. As repercussões nas redes sociais também são grandes, com postagens sobre as apurações e suas devidas reações, sejam dos eleitores ou dos candidatos. Mas onde entra o rádio nesse cenário? Isso prejudica o meio de alguma forma?
A resposta é não. Acho que já passou da hora de entendermos que a população é multiplataforma. Acompanhar algo em portais ou redes sociais não significa que ela não queira também acompanhar via rádio. Ela quer o máximo de informações possíveis, deseja saber o que cada um tem a dizer e quer interagir. Ou seja, em um mundo multiplataforma, o rádio amplia sua capacidade de entregar o que sempre fez: a cobertura eleitoral com credibilidade, as análises dos nomes próximos daquela população, e todos os detalhes possíveis entregues por aqueles que têm grande proximidade com a comunidade local: a rádio e o radialista.
Pode-se argumentar que isso ainda é algo comum em centros menores, onde o acesso ao digital talvez não seja tão difundido quanto nos grandes. Bem, acho importante deixar isso de lado. Todos estão conectados e o acesso ao rádio ocorre de forma mais positiva ou negativa a depender da oferta de conteúdo oferecida pelo próprio veículo, além de sua acessibilidade. Para não soar de forma empírica, vamos aos dados que já temos nesse primeiro dia pós-1º turno.
No Google Trends, em análise feita no mesmo dia das eleições, palavras-chave envolvendo rádio e como ouvi-lo via internet subiram mais de 170%, comparando com os últimos sete dias, período em que já havia uma intensificação do interesse na reta final das campanhas. Detalhe: estamos misturando os mundos, como deve ser feito: rádio, meio que transmite via dial, com seus respectivos streamings de áudio. Ou seja, para o público, não importa: pega o dispositivo mais próximo e busca a rádio desejada.
Colaborando com esses dados, podemos observar o comportamento no nosso agregador, o tudo.radio, que reflete apenas uma parcela desse imenso universo que é o rádio via streaming. Ontem, tivemos impressionantes 1.250,56% a mais de acessos ao portal em comparação a um domingo típico, dia que normalmente movimenta os streamings de rádio por causa das grades musicais e de futebol. Em termos de usuários únicos, a plataforma avançou 1.144,89% neste domingo, em comparação com o anterior. Sim, é impressionante, e ainda bem que nossa equipe técnica conseguiu garantir que, quem acessasse a plataforma, chegasse ao link de streaming da emissora buscada.
E os acessos foram generalizados em termos de cidades e regiões. São Paulo, o maior centro, liderou o volume de acessos. No interior, suposto local onde a internet ainda não chega de forma abrangente, também houve marcas expressivas e incomuns, com algumas rádios registrando aumento de mais de 4.000% nas buscas do Google Trends. Ou seja, a população das grandes e pequenas cidades ouve rádio, confia no rádio e busca o rádio, seja no mundo online ou offline.
Esses números não surgem da noite para o dia. Os primeiros avanços mais significativos no streaming de rádio para acompanhar um resultado eleitoral foram percebidos de forma consistente no pleito de 2016. Em 2020, vimos um recorde. Em 2024, esse recorde foi novamente renovado. Ou seja, o rádio via streaming está cada vez mais enraizado como opção para o público. E isso se reflete na manutenção do interesse pelo dial. É importante destacar que temos pesquisas suficientes que mostram como o rádio terrestre segue relevante. O ponto aqui é entender que a população quer o rádio, mas busca por ele da maneira que lhe for mais acessível. Haverá momentos em que será via dial, e outros em que será via streaming.
As rádios que vêm trabalhando passo a passo no streaming conseguem obter resultados interessantes ao longo do tempo, como parte de uma construção sólida que requer paciência e algum investimento. Já aquelas que trataram o streaming como um acessório secundário podem não ter aproveitado esse “boom” que observamos. E transmitir em vídeo pelo YouTube atrapalha o streaming? Não, a mesma lógica já dita: a emissora será buscada e encontrada da forma que o ouvinte/telespectador preferir. Cabe a nós entregar essas opções e, como já disse, com a melhor experiência possível para a nossa audiência.
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.