Quarta-Feira, 12 de Agosto de 2015 @ 00:00
Hoje o papo é com Antonio Rosa Neto, mais conhecido como "Toninho Rosa", empresário com mais de 35 anos de experiência em mídia e comunicações e vencedor do Prêmio Caboré em 1991 como melhor profissional de mídia do Brasil.
Conversamos com Toninho sobre o atual momento do rádio e o panorama é positivo. Existe uma tendência de crescimento do consumo de rádio por parte da população, afirmação baseada em pesquisas recentes. O Tudo Rádio procurou entender o momento através da experiência de Toninho.
Confira o resultado.
Toninho, recentemente o meio acompanhou a divulgação de dados relacionados ao consumo de rádio nos Estados Unidos, que bateu novo recorde de audiência. Isso é uma tendência? O que podemos esperar para o Brasil?
Sim, o que notamos, não só no mercado americano, mas exatamente no mundo todo uma nova realidade no consumo das mídias. A sociedade moderna se mostra muito ativa, acorda mais cedo, trabalha mais, estuda mais, passeia mais e isto concorre com o tempo a ser dedicado a mídia. O meio Rádio é o único que não é afetado por este inexorável problema, ao contrário, agrega informação e entretenimento para esta sociedade ativa.
E como o rádio obteve esse impulso no consumo do veículo nos Estados Unidos (veja)?
Como afirmei antes, a atividade concorre com as mídias, exceto o Rádio. E outro fator nos EUA é o tempo em que as pessoas permanecem no carro. Pesquisas demonstram que eles preferem o Rádio a ouvir CDs ou MP3.
Recentemente o Ibope Media divulgou um panorama da audiência em 13 regiões brasileiras que contam com a pesquisa regular do instituto (veja). Com base nesses dados chegou a marca de 89% da população afirmando que consome o rádio. O que atrai essa população? Podemos ter a estabilização desses números ou ainda um crescimento?
Os números tendem a subir ainda mais, veja que estamos falando não só na capacidade do meio em cobrir a população, mas sim também as horas consumidas diariamente. Hoje no Brasil o meio Rádio é líder em consumo diário, superando a Televisão.
O que falta para o mercado olhar com mais atenção para o rádio? Você vê uma atenção maior das agências e empresas para a publicidade no rádio ou isso ainda não é uma realidade no Brasil?
O problema do meio se assemelha ao da publicidade na Internet, são mais de três mil emissoras comerciais e o planejamento estratégico do uso do meio demanda muito tempo e esforço dos mídias das agências, que infelizmente tem estruturas absolutamente enxutas, praticamente inviabilizando a seleção do meio em larga escala.
Recentemente a diretora geral da Vevo disse em entrevista que considerava o jeito de trabalhar músicas de artistas através do rádio como uma "tendência antiga" (veja). Em resposta, a AERP enviou um manifestado repudiando tal posição, utilizando os dados recentes do Ibope sobre o consumo do rádio e argumentando sobre a convergência dos meios. Afinal, o rádio é ou não um veículo moderno e atual? Como ele pode e deve se posicionar perante essa disputa entre as mídias? Um não deveria complementar o outro?
Infelizmente poucas pessoas dominam as características do meio e por isto mesmo cometem falhas graves nas interpretações. Quando em 2005 o meio Rádio começou a ser avaliado e premiado no Festival Mundial de Criatividade de Cannes, até então era basicamente Televisão e Impressos, notei que era irreversível, ou seja assim como outros meios o Rádio precisa ser compreendido e fazer parte da comunicação integrada dos anunciantes.
E sobre o que está no ar no Brasil. As emissoras de rádio estão se adequando perante os interesses da audiência e do mercado? Considera que as programações das principais rádios do Brasil estão caminhando para essa nova realidade?
Tenho certeza disto, o Rádio é um meio muito interativo, as emissoras são avaliadas não só pelas pesquisas de audiência, mas também pelo contato estreito com os ouvintes. Quer seja por telefone ou agora pelas Redes Sociais.
Muito se fala no mercado sobre a queda dos índices relacionados ao "tempo médio" das emissoras em diferentes cidades. Porém isso significa uma queda no alcance e impacto do rádio? Seria uma adequação aos atuais costumes da população?
Em cidades com muita atividade, como São Paulo, o Rádio cresce de audiência todos os dias, ainda mais favorecido pelo transito caótico e do rodízio dos automóveis, que a noite só são liberados às 20h.
Basta também observar a audiência da Televisão, o chamado Prime Time, ou horário nobre já migrou das 19h para às 20 e agora das 20h para às 21h. Ou seja, antes das 21h não há massa de telespectadores em casa. Estão no Rádio. Que a propósito lidera entre os meios, com o consumo de mais de 16 horas diárias.
Para finalizar, você acha que o rádio via ondas em FM continuará com essa relevância que possui atualmente no Brasil e também lá fora? Ou a tendência é caminhar para a internet? Dá para sinalizar que o ideal seria a convergência entre os modelos de transmissão?
Acredito que o FM terá uma grande sobrevida, de fato teremos já a partir do próximo ano a migração das emissoras AMs para o FM. Isto se dará pela ampliaçào do espectro eletromagnético, ocupando o hoje canal 6 da Televisão.
No futuro o meio deverá ser digitalizado e com isto convergir com a tecnologia, permitindo a integração de voz, vídeo, texto, etc.
A trajetória de Toninho Rosa:
- Presidente da Dainet Multimídia e Comunicações, criada em 1994 sendo a primeira empresa especializada em mídia do país.
- Diretor Conselheiro do site AdNews.
- Vice-Presidente e Conselheiro da ABEMD – Associação Brasileira de Marketing Direto.
- Foi presidente fundador do IAB – Interactive Advertising Bureau Brasil.
- Foi presidente fundador do GPR – Grupo dos Profissionais do Rádio.
- Autor do Livro "Atração Global" – A Convergência da Mídia e Tecnologia, publicado pela MakronBooks
- Co-autor do livro "Building an Information Society: a Latin American and Caribbean Perspective" publicado pela ONU
- vencedor do Prêmio Caboré em 1991 como melhor profissional de mídia do Brasil
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.