Quarta-Feira, 30 de Outubro de 2019 @ 07:31
São Paulo - Proposta tem apoio do setor e faz parte de um processo de revitalização do rádio AM em território norte-americano
A revitalização da faixa AM ou das emissoras que atuam nessa banda parece ser uma necessidade em diferentes locais do mundo. No Brasil, o processo de migração das estações para o FM foi a alternativa escolhida pelo setor para dar uma nova vida para as emissoras que convivem com os problemas atuais que atingem a faixa AM. Já nos Estados Unidos, a discussão que ganha peso é do desligamento do AM analógico, priorizando a operação do AM digital. A proposta ganha força na FCC (Federal Communications Commission - Comissão Federal de Comunicações).
Segundo o portal norte-americano Inside Radio, a proposta que tem o apoio dos radiodifusores e corre no FCC não obrigaria uma operação híbrida (analógico e digital) ou forçaria a digitalização das rádios AMs. "Como a transmissão totalmente digital seria voluntária, os operadores de AM seriam os que decidiram se a transição é adequada para eles", afirmou Ajit Pai, ele que está a frente do FCC desde 2017.
Segundo o Inside Radio, Pai disse que a comissão procurará nos próximos meses mais informações sobre como o potencial de interferência de estações totalmente digitais, bem como abordará quais devem ser os padrões técnicos para estações AM totalmente digitais.
O FCC indica que os detalhes da proposta serão conhecidos já nas próximas semanas. Ajit Pai também disse que vê o que está sendo elaborado como uma maneira pela qual a Comissão pode fazer mais para dar às estações AM o máximo de "flexibilidade" possível para competir na era digital. Pai levará a notificação formal da proposta de regulamentação para votação na reunião da Comissão que será realizada no próximo dia 19.
Atualmente as emissoras de faixa AM recorrem às FMs translators (tipo de estação em FM de baixa potência) para se manterem competitivas nos mercados de porte médio e pequeno, repetindo a programação originada na AM. Porém, como o que ocorre no Brasil, os grandes centros não possuem mais espaços da banda FM e esse formato de FM de baixa potência também é ineficiente nas principais áreas metropolitanas.
Segundo o Inside Radio, executivos do mercado de rádio entendem que o AM digital é uma possibilidade de revitalizar as emissoras, principalmente nos grandes centros. "Esta será uma oportunidade para uma emissora AM desafiada competitivamente para competir com a música novamente", afirma Ben Downs, vice-presidente / gerente geral da Bryan Broadcasting.
Ainda segundo a reportagem norte-americana, o FCC já estava ensaiando a possibilidade de permitir estações AM digitais, sem operação analógica. No ano passado, foi concedida uma autorização experimental de um ano para a realização de testes totalmente digitais para aa Hubbard Radio "The Gamut" WWFD Frederick, MD (820 AM, programação alternativa/adulta). Isso incluiu testes para ver como a mudança para um sinal totalmente digital afeta a área de cobertura da emissora.
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O Inside Radio relatou que nove testes de AM totalmente digitais foram realizados entre 2012 e 2014, com várias estações de diferentes formatos de programação e localizações geográficas. "Essas experiências validaram o desempenho bem-sucedido do serviço de rádio AM totalmente digital", observou a NAB em sua carta à FCC.
David Layer, vice-presidente de engenharia avançada da NAB, disse que o objetivo é eventualmente mudar todas as estações para transmissões somente em HD quando a penetração do receptor digital for alta o suficiente, assim como já ocorre em alguns países de Europa. Mas o setor, assim como a NAB, concorda que esse dia ainda está distante, apesar da evolução dos receptores digitais no mercado norte-americano.
Torre de transmissão da WSM-AM 650 de Nashville, Tennessee (EUA) - é considerada uma das mais antigas dos EUA, inaugurada em 1932 / Crédito: The Cultural Landscape Foundation
Brasil
No Brasil, conforme citado no início desta matéria, a solução atual para a revitalização das emissoras AMs foi a migração de suas operações para a faixa FM analógica, processo que também não foi obrigatório (ficando a critério da rádio se faz ou não a mudança). Iniciado em 2013, a migração AM-FM teve a sua primeira estação AM atuando em FM em 2016 e hoje conta com 646 estações mapeadas por portais especializados em radiodifusão, como o tudoradio.com (clique aqui e veja a lista de migrantes ativas na faixa FM).
Saiba sobre o processo:
> Consulta pública do FM estendido é encerrada com mais de 300 contribuições. Processo gera expectativa entre as rádios
> Levantamento: Chegando a mercados maiores, migração AM-FM se aproxima da marca de 640 rádios ativas
Porém, o processo ainda está restrito ao interior do país ou à mercados de capitais que contavam com espaços na faixa FM para acomodar as migrantes. Em centros maiores, como São Paulo e Rio de Janeiro, é aguardada a liberação do chamado FM estendido, ou seja, o FM convencional que ia de 88.1 FM até 107.9 FM no Brasil recebeu uma extensão de banda. Em breve a faixa FM será iniciada em 76.1 FM.
Os dials e o levantamento:
> Confira aqui a lista de AMs que já estão ativas no dial FM, além do número de estações por estado
> Veja e ouça on-line todas as emissoras em FM e AM do Brasil. Acesse os dials tudoradio.com
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.