Rádio ON debate o futuro próximo do rádio e insights do pós-congresso da AERP

A última edição do podcast Rádio ON, iniciativa do tudoradio.com, foi lançada na última quinta-feira (31), debatendo uma mescla do que foi discutido durante o 26º Congresso Paranaense de Radiodifusão da AERP e o que se projeta como futuro próximo para o rádio, com foco no início do próximo ano. A percepção de que o rádio é moderno surge naturalmente entre os ouvintes, mas o mercado precisa demonstrar isso de maneira mais efetiva e, em alguns casos, até ressignificar. Confira os principais pontos discutidos.

Daniel Starck, do tudoradio.com, observa que os ouvintes notaram a modernização do rádio ao longo do tempo, uma percepção apoiada por dados da Kantar IBOPE Media: 76% reconhecem a modernização do rádio em seus conteúdos e formatos, e 38% afirmam que a opção de ouvir online enriqueceu sua experiência - números em ascensão. Contudo, essa visão não é amplamente compartilhada pelo mercado publicitário.

No congresso da AERP, em Foz do Iguaçu, esse cenário foi amplamente debatido. Os painelistas apontaram a necessidade do rádio de reformular sua imagem perante os compradores de mídia, distanciando-se do conceito de “rádio apenas como receptor” ou de um “radinho de pilha antiquado”. De fato, como percebido pela audiência, o rádio é mais abrangente, impulsionado por emissoras que adotaram a distribuição multiplataforma, o que também incentivou estações com investimentos mais modestos.

Starck ressalta que tanto o streaming de áudio quanto o FM estão presentes em dispositivos modernos e atrativos, contribuindo para a percepção de modernidade do rádio pela audiência. Isso impulsionou o ecossistema do rádio como um todo. Segundo a plataforma Extended Rádio da Kantar IBOPE Media, o digital amplia em média 35% do alcance no dial das estações. Muitas emissoras já cumpriram ao menos o básico: proporcionar uma boa experiência de áudio no streaming. Porém, segundo Daniel, é crucial acreditar mais nesta evolução, pois uma possível seleção natural, excluindo os que não acompanham as tendências, pode estar próxima.

Cristiano Stuani, consultor de rádio e inteligência artificial, destaca a importância do conteúdo das emissoras. O rádio, de modo geral, já percebeu a necessidade de estar presente em todos os canais de distribuição, tanto no dial quanto no digital. No entanto, a adoção de fórmulas antigas na criação e execução do conteúdo artístico - seja na grade ou nas ações promocionais - pode atrasar o meio. Para Stuani, é essencial estar atento a isso.

A discussão no congresso e no Rádio ON também abordou o uso da palavra “rádio”. A sensação geral é que as emissoras devem se apresentar de forma mais abrangente ao mercado, com marcas que englobem diversas frentes de negócio de publicidade e mídia. No entanto, o termo “rádio” ainda está muito vinculado ao receptor (device) e deve ser utilizado ao entregar conteúdo de áudio ao vivo, seja por programação no dial ou streaming da estação. Os participantes alertaram que, se o setor abrir mão completamente dessa nomenclatura, outros serviços poderão tentar se apropriar dela. Plataformas digitais e soluções de áudio corporativas já usam a palavra “rádio” para entregar conteúdo ao vivo ou algo semelhante, como playlists musicais randômicas dentro de um gênero/formato.

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A importância da programação musical nas estratégias de conteúdo de emissoras de entretenimento também foi um ponto chave do debate. Starck destaca que, embora seja comum discutir conteúdo nos congressos de rádio, geralmente isso se refere ao “conteúdo falado”, e não ao musical. Daniel elogiou a AERP por tornar esse tópico central no congresso em Foz, lembrando que o aspecto comercial é fundamental para qualquer emissora e deve ser “embalado” de forma a se alinhar ao formato da estação e ao seu público.

Stuani endossa essa visão e chama atenção para o tratamento do comercial como um ponto de “interrupção” ou “negativo” na programação. Para ele, essa perspectiva é equivocada, pois o comercial representa um conteúdo de grande interesse para a audiência, abrigando a agenda de eventos da cidade e/ou do público-alvo da estação, oportunidades de negócio, vantagens oferecidas pelo comércio local, serviços prestados por empresas e entidades públicas, entre outros. Portanto, cabe às rádios e aos radialistas apresentar e produzir a grade comercial de maneira atraente e alinhada ao formato da emissora e às expectativas do seu público.

“Essa abordagem evidencia a necessidade de uma renovação no conteúdo oferecido pelas rádios, tanto no aspecto musical quanto no falado, para manter o meio radiofônico relevante e atrativo na era digital,” conclui Stuani, apontando para um futuro promissor para as rádios que se adaptarem e evoluírem conforme as tendências atuais.

A cada duas semanas, um novo episódio do Rádio ON será lançado no Spotify sempre às quintas-feiras, às 19h00 (horário de Brasília). E no YouTube às 09h00, às sextas-feiras, no canal do tudoradio.com. Ouça o primeiro episódio no player disponível abaixo:

Podcast Rádio On T1 E5 - O breve futuro do rádio; Insights do Congresso da AERP - assista no player acima

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