Terça-Feira, 29 de Abril de 2025 @ 06:47
São Paulo - Com falhas generalizadas em serviços digitais, rádios a pilha e emissoras com geradores asseguram informações oficiais durante crise energética
Grandes cidades como Madri (Espanha) enfrentaram um apagão generalizado nesta segunda-feira (28), o que evidenciou, mais uma vez, a importância do rádio como fonte de informação em situações de emergência. Segundo o colunista Quino Petit, em artigo publicado no jornal "El País", o meio radiofônico foi fundamental para manter a população informada diante da falha dos sistemas digitais, provocando uma corrida da população por receptores de rádio a pilha. O país europeu já havia enfrentado situação semelhante nos temporais que atingiram criticamente o litoral espanhol em 2024. Portugal, outro país afetado pelo apagão, também teve o rádio como protagonista no auxílio à população.
Segundo Quino Petit, o rádio comercial e o público, que juntos alcançam mais de 32 milhões de ouvintes por mês na Espanha, demonstraram mais uma vez sua relevância como um serviço público essencial e gratuito, especialmente em momentos de crise.
De acordo com o colunista do El País, um agente de polícia relatou que, ao chegar à sede do Senado, após caminhar desde a região de Herrera Oria, presenciou uma jovem sentada em um banco, segurando um rádio a pilhas, acompanhada de uma senhora idosa. Ambas acompanhavam as notícias sobre o apagão pelo rádio. Ele também observou que diversos motoristas circulavam com o rádio ligado em alto volume, retransmitindo informações aos que estavam nas ruas.
Assim como ocorrido durante a catástrofe da DANA (tempestade severa) na Comunidade Valenciana e na noite do golpe de Estado de 23 de fevereiro de 1981, o rádio voltou a demonstrar sua capacidade de transmitir informações essenciais quando outros meios de comunicação falham. Conforme relatado por Quino Petit, milhares de cidadãos tomaram conhecimento do chamado “corte zero” energético e acompanharam os desdobramentos da crise graças às transmissões radiofônicas.
Pouco depois das 18h (horário local), o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, realizou uma declaração oficial, também difundida pelo rádio. Na ocasião, Sánchez afirmou que ainda não há informações conclusivas sobre a causa do apagão e pediu que a população buscasse informações apenas pelos canais oficiais. Ele garantiu que os hospitais continuavam funcionando com autonomia e que não havia problemas de segurança pública, embora o tráfego aéreo tivesse sido reduzido em 20% e o ferroviário paralisado por segurança.
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O apagão também gerou uma corrida por rádios portáteis em várias localidades. Em Badalona, uma enfermeira que caminhava com um rádio portátil foi cercada por pessoas ávidas por informações. Em poucos minutos, lojas e bazares venderam todos os rádios disponíveis, junto com pilhas, lanternas e velas. Em Barcelona, Juan Carlos León, surpreendido pela falta de energia na estação de Sants, adquiriu um kit de sobrevivência com rádio, fones de ouvido e velas.
Em uma rua de Alcalá, um morador abriu as portas de seu carro e aumentou o volume do rádio para compartilhar as notícias com os pedestres, que, naquele momento, já não conseguiam utilizar os celulares devido à falta de sinal. Em Alicante, o proprietário da loja Lo Retro Mola também colocou um radiocasete a pilhas na rua para que a vizinhança pudesse se informar.
Emissoras como a Cadena SER e a RNE (Radio Nacional de España) também mantiveram suas transmissões, informando sobre as causas do apagão e as medidas adotadas pelas autoridades.
Não apenas na Espanha
Durante o apagão que também afetou Portugal e partes do sul da França nesta segunda-feira, 28 de abril, as emissoras de rádio desempenharam um papel crucial na manutenção da comunicação com a população. Com a interrupção generalizada da energia elétrica, que impactou serviços essenciais como transporte, telecomunicações e hospitais, muitos cidadãos ficaram sem acesso à internet e redes móveis.
Nesse cenário, as rádios, especialmente aquelas equipadas com geradores de emergência, tornaram-se fontes primárias de informação. Em Portugal, a Rádio e Televisão de Portugal (RTP) e suas emissoras associadas continuaram transmitindo atualizações sobre a situação, fornecendo orientações e notícias em tempo real.
A resiliência das emissoras de rádio em situações de crise reforça sua importância como meio de comunicação confiável, especialmente quando outras formas de comunicação falham, segundo a imprensa europeia.
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Com informações do jornal El País
Ilustração da sintonia 100.0 FM, em Barcelona / tudoradio.com
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.