Quarta-Feira, 14 de Agosto de 2024 @ 07:01
São Paulo - Dados sugerem possível recuperação do grupo após reestruturação. Houve avanço das receitas digitais do grupo que antes era conhecido como Entercom
A Audacy, segundo maior grupo de rádios dos EUA, divulgou seus resultados financeiros para o segundo trimestre de 2024, revelando um cenário misto de aumento nas receitas digitais e esportivas, mas com uma queda na publicidade spot. A notícia é relevante pois colabora com as previsões de que o crescimento de receita para o rádio está na publicidade digital, indicando que a venda tradicional do meio tende a cair, estabilizando-se em um novo patamar. Especialistas destacam a urgência para que emissoras e grupos se especializem na venda de soluções digitais. Além disso, o resultado da Audacy é visto com atenção, já que o grupo está passando por um processo de reestruturação de sua operação.
De acordo com a imprensa especializada nos EUA, o relatório foi discretamente publicado na sexta-feira (9), marcando um ano completo desde a última teleconferência formal de resultados da empresa liderada pelo executivo David Field. No geral, a Audacy registrou um modesto lucro líquido de US$ 2,93 milhões, um desempenho significativamente melhor em comparação com o prejuízo líquido de US$ 125,80 milhões no segundo trimestre de 2023.
Ainda de acordo com os dados publicados, as receitas líquidas totalizaram US$ 301,61 milhões no trimestre, representando uma ligeira melhora em relação aos US$ 298,51 milhões do mesmo período em 2023. Esse aumento nas receitas foi impulsionado por uma alta na publicidade política, que atingiu US$ 2,26 milhões, além de iniciativas digitais. A Audacy também relatou ter recebido mais US$ 13,6 milhões em dinheiro com a venda de ações que detinha na Broadcast Music Inc., adquirida pela New Mountain Capital, LLC.
A publicidade spot local e nacional teve uma leve queda, passando de US$ 187,11 milhões em 2023 para US$ 179,66 milhões em 2024, enquanto as receitas digitais cresceram para US$ 74,39 milhões, em comparação com US$ 66,65 milhões no ano anterior. A receita das rádios musicais aumentou 1%, alcançando US$ 146,81 milhões em 2024. A programação esportiva apresentou um crescimento mais substancial, com um salto de 8,33%, de US$ 65,61 milhões em 2023 para US$ 71,08 milhões em 2024. Por outro lado, o segmento de notícias e talk shows teve uma leve diminuição na receita, caindo cerca de 2,33%, para US$ 43,06 milhões em 2024.
As despesas operacionais totais para o trimestre diminuíram para US$ 304,57 milhões, em comparação com US$ 433,08 milhões em 2023, com US$ 3,87 milhões em encargos de reestruturação. Essa reestruturação parece estar surtindo o efeito desejado, já que a emissora registrou uma perda operacional líquida de US$ 2,96 milhões – uma melhora considerável em relação à perda operacional de US$ 135,29 milhões reportada em 2023. As perdas por desvalorização foram de US$ 5,47 milhões, uma queda significativa em relação aos US$ 125,35 milhões do ano anterior, indicando uma estabilização na avaliação dos ativos, enquanto a Audacy aguarda sua saída do processo de falência do Capítulo 11, iniciado no começo de 2024.
"Nosso desempenho financeiro em aceleração reflete nossos significativos ganhos de participação de mercado, crescimento de dois dígitos nas receitas de publicidade digital, crescimento de um dígito alto nas receitas de rádio em rede e reduções prudentes de despesas, compensando a fraqueza contínua nos mercados tradicionais de publicidade.", afirma David Field, CEO da empresa.
Quanto às expectativas para o terceiro trimestre, Field afirmou que a empresa aguarda a aprovação final e a saída do processo de falência do Capítulo 11 durante o trimestre atual. “O terceiro trimestre está atualmente apontando para um crescimento de um dígito baixo, e esperamos mais um trimestre de crescimento significativo do EBITDA Ajustado.”, afirma o executivo.
"Nosso time fez um trabalho excepcional ao impulsionar nosso progresso e acelerar o desempenho enquanto simultaneamente administrava nosso plano de reorganização, tudo isso sem interrupção para nossos parceiros, ouvintes, clientes, fornecedores ou nossa equipe”, completa Field.
+ Audacy revela tendências de audiência de áudio para 2024
Projeções para o setor
Recentemente, o tudoradio.com destacou previsões publicitárias que sugerem que o rádio precisa intensificar seu foco no digital. Segundo a eMarketer, a publicidade em áudio digital deve crescer substancialmente até 2028, enquanto a receita publicitária do rádio via dial deve diminuir. O setor de radiodifusão já está respondendo a essa tendência, com um aumento de 6,8% na receita digital em 2023.
Durante o NAB Show 2024, realizado em abril passado, esse tipo de previsão já era colocado como um alerta para o rádio, destacando que o crescimento do setor depende fortemente da integração com o digital. Especialistas apontam que, para o rádio se manter relevante e competitivo, é crucial investir em plataformas digitais e explorar novas oportunidades de receita, como publicidade digital e streaming. A ênfase foi na necessidade de adaptação às mudanças no comportamento do consumidor e no mercado publicitário para garantir o futuro do rádio.
Em julho agora, houve uma revisão das previsões de receitas publicitárias nos Estados Unidos feita pela BIA Advisory Services para 2025. A atualização dos dados mostra um crescimento nas receitas publicitárias digitais, reforçando a tendência de que o setor deve continuar priorizando o digital para sustentar o crescimento. Além disso, há uma expectativa de estabilidade nas receitas de publicidade tradicional, com um leve aumento em setores específicos.
Também foi destaque no tudoradio.com o alerta da necessidade de que equipes de rádio combinem vendas online e offline para impulsionar o crescimento das receitas de publicidade local. Com a crescente importância do digital, é essencial que as emissoras integrem estratégias digitais com as tradicionais para atender às demandas do mercado e maximizar o potencial de receita. De acordo com a reportagem anterior, o sucesso na venda de publicidade local depende de uma abordagem híbrida, combinando as forças dos meios online e offline.
Leia sobre essas previsões:
> Previsões publicitárias sugerem necessidade de atenção do rádio com o digital
> Previsões econômicas para o rádio apontam que o digital é fundamental para o crescimento
> BIA Advisory Services revisa previsão de receitas em publicidades para 2025 nos Estados Unidos
> Para crescimento em receitas de publicidade local, equipes de rádio precisam vender on e offline
> Uso de metadados e RDS pelas estações é vital para o rádio na busca por audiência e engajamento publicitário
Fachada da sede da Audacy de Las Vegas (EUA) / crédito: tudoradio.com
E por qual razão olhar para lá fora?
O tudoradio.com costuma observar esses pontos de curiosidade dos números do rádio internacional para mapear possíveis mudanças de hábitos e a manutenção do consumo de rádio em diferentes países. Assim como ocorreu no ano anterior, periodicamente a redação do portal irá monitorar o desempenho do rádio nos principais mercados do mundo e, é claro, fazendo sempre uma comparação com a situação brasileira. E, como de costume, repercutindo também qualquer número confiável sobre o consumo de rádio no Brasil.
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Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.