Sábado, 15 de Fevereiro de 2025 @ 10:18
São Paulo - Ação judicial contra empresas de inteligência artificial pelo uso não autorizado de conteúdo jornalístico em treinamentos de IA, conforme revelou o Semafor
Um grupo de grandes editoras planeja uma ação legal contra empresas de inteligência artificial, em um dos movimentos mais significativos do setor contra o uso não autorizado de conteúdo jornalístico no treinamento de modelos de IA. A informação foi divulgada pelo portal Semafor e destaca como a pressão sobre as big techs tem gerado divisões entre os próprios veículos de mídia. O caso tem repercutido na imprensa especializada norte-americana desde a segunda quinzena de janeiro.
Nos últimos meses, empresas como a OpenAI firmaram acordos milionários de licenciamento com veículos renomados, incluindo Financial Times, Condé Nast, Dotdash Meredith, News Corp, The Atlantic, Vox Media e Hearst. Outras companhias, como Perplexity e Meta, também estabeleceram parcerias com um número mais restrito de publicações. Esses acordos têm sido uma estratégia para evitar disputas judiciais, mas nem todas as editoras estão dispostas a seguir esse caminho.
Esse cenário tem impulsionado a atuação da News Media Alliance (NMA), organização que representa o setor jornalístico e que, nos últimos anos, tornou-se uma das principais vozes contra a crescente influência das empresas de tecnologia na distribuição de conteúdo noticioso. A preocupação com o avanço da inteligência artificial reacendeu o papel da NMA na defesa dos publishers, que temem perdas de tráfego e receita publicitária devido à presença cada vez maior dessas plataformas.
No entanto, essa mobilização também tem exposto tensões dentro do próprio setor. No começo de janeiro, durante uma reunião entre os membros da NMA, o CEO e presidente da Gannett, Mike Reed, criticou duramente a Axios por sua parceria com a OpenAI no âmbito da cobertura local. O encontro discutia a melhor estratégia para anunciar a ação judicial, e os participantes sugeriram que a exclusividade da notícia fosse oferecida primeiro ao The New York Times, depois ao The Wall Street Journal, caso o Times recusasse, e, por fim, à Axios. Foi neste momento que Reed se opôs à ideia, acusando a Axios de “roubar” conteúdo em mercados locais devido ao seu acordo com a OpenAI, segundo três fontes presentes na reunião.
Após a divulgação da informação, a porta-voz da Gannett, Lark-Marie Anton, afirmou que as declarações de Reed foram retiradas de contexto. “Minha lembrança é que Mike Reed mencionou a Axios no contexto de uma reportagem que está sendo trabalhada. Sua fonte está fornecendo informações erradas, e isso é, para dizer o mínimo, irresponsável”, declarou Anton ao Semafor.
A presidente da News Media Alliance, Danielle Coffey, também negou lembrar-se desse trecho da conversa conforme descrito. A Axios, por sua vez, não respondeu ao pedido de comentário.
A possível ação judicial pode representar um divisor de águas na relação entre o jornalismo e a inteligência artificial, intensificando debates sobre direitos autorais, distribuição de tráfego e a sustentabilidade do modelo de negócios da mídia diante do avanço da tecnologia.
Decisão judicial nos EUA pode impactar o uso de conteúdo protegido por IA
Em fevereiro, um tribunal federal em Delaware, EUA, proferiu uma decisão significativa no debate sobre inteligência artificial e propriedade intelectual. O juiz Stephanos Bibas determinou que a startup de IA Ross Intelligence violou os direitos autorais da Thomson Reuters ao utilizar indiretamente seu conteúdo para treinar um produto de IA. Esta decisão pode ter amplas implicações para empresas de IA que frequentemente utilizam grandes volumes de dados, possivelmente contendo material protegido por direitos autorais, para treinar seus modelos.
O juiz rejeitou as alegações de uso justo apresentadas pela Ross, o que, segundo alguns especialistas jurídicos, pode estabelecer um precedente preocupante para a indústria. Embora a decisão possa influenciar futuros casos relacionados ao uso de conteúdo protegido no treinamento de IA, o impacto específico no panorama mais amplo da IA ainda é objeto de debate entre os especialistas.
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E por qual razão olhar para lá fora?
O tudoradio.com costuma observar esses pontos de curiosidade dos números do rádio internacional para mapear possíveis mudanças de hábitos e a manutenção do consumo de rádio em diferentes países. Assim como ocorreu no ano anterior, periodicamente a redação do portal irá monitorar o desempenho do rádio nos principais mercados do mundo e, é claro, fazendo sempre uma comparação com a situação brasileira. E, como de costume, repercutindo também qualquer número confiável sobre o consumo de rádio no Brasil.
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Com informações do Semafor e barrons.com