Terça-Feira, 23 de Julho de 2024 @
Mais formatos no ar? Mais alcance e audiência para o rádio. Mas a experiência do ouvinte precisa ser a melhor possível
Note: não entre naquela bola dividida de achar que, quando se fala bem de um formato musical, significa automaticamente que aqueles que não contam com música são errados, fracos, etc. Pelo contrário: essa maior diversidade no dial ajuda justamente a ampliar o alcance do meio. Afinal, vivemos de sazonalidades. O jornalismo, por exemplo, é o formato de maior participação nos EUA, mas por lá os formatos musicais contam com mais gêneros e um número muito maior de estações, ou seja, é um universo mais fragmentado. Dependendo da oferta de artistas, estações do ano (está quente? Frio? Dá ou não para sair de casa? etc.), interesse em notícias/acontecimentos, entre outras situações, teremos cenários distintos ao longo de um mesmo ano.
As rádios bem-sucedidas estão cada vez mais especializadas no que fazem, com comportamentos bem definidos. O comportamento de "grade mosaico", mais difícil de ser bem-sucedido quando a formatação do dial é maior, também é possível dependendo do apelo que tem aquela marca e programação. Basta ver os rankings de audiência Brasil afora para perceber como há uma maior formatação da audiência, o que é positivo. Formatos são impactados diretamente pelos artistas (qualidade das músicas, interesse em determinados gêneros, etc.) e pelo conteúdo que acompanha aquela grade musical. Ter conteúdo com comunicadores, comerciais bem elaborados, etc., também ajuda diretamente nessa balança favorável ou negativa para uma emissora.
Músicas com melhor qualidade de áudio ajudam diretamente na audiência. É uma questão básica: se um som te incomoda, você ouve ele por menos tempo ou acaba não ouvindo mais, partindo para outra experiência. Isso não vale apenas para o rádio, mas também para qualquer plataforma que trabalhe com música. Ou seja, é do interesse de todos que o público tenha a melhor experiência possível com o áudio.
Dito isso, é sempre bom lembrar que "música é conteúdo", ou seja, para se diferenciar de uma playlist, sua grade de programação precisa ser bem assertiva, com base em pesquisa (oportunidades na praça, tendências, ofertas de música, conteúdo agregado ao playlist, comunicação, desejo dos ouvintes, etc.) e acompanhada de um plano que sabe explicar a escolha do formato e, consequentemente, vender ao mercado. Sim, vender rádios musicais é um desafio, mas sobram bons exemplos no Brasil e lá fora de emissoras que souberam apresentar seu perfil ao mercado publicitário.
Ou seja, essa discussão entra diretamente nas anteriores, que estavam na área mais técnica: precisamos oferecer o máximo de boa experiência para a nossa audiência e ao mercado publicitário. Concorremos pelo tempo das pessoas, ou seja, para retê-las por mais tempo, a experiência com a sua emissora precisa ser excelente, melhor do que no serviço de música: o comunicador precisa falar algo que faça sentido com o formato da rádio, a programação musical não pode ter achismos, a qualidade de som precisa ser excelente no dial e no streaming e, ao aparecer em qualquer tela, precisa utilizar todos os recursos possíveis, de RDS, metadados e elementos visuais, quando disponíveis.
Parece óbvio? Não é. E não podemos mais errar.
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.