A migração AM-FM foi novamente debatida no painel voltado ao rádio no segundo dia do SET Sul, evento realizado entre ontem (6) e hoje (7) em Curitiba. Com recorde de inscritos (mais de 350 inscritos), o evento contou com vários radiodifusores e técnicos do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. No painel “Preservação do Conteúdo Rádio”, foram apresentados os primeiros resultados da migração AM-FM, os desafios na canalização (espaços no espectro) e o conteúdo veiculado. Destaque para a impossibilidade de futuros aumentos de potência para as atuais FMs. Acompanhe:
Segundo André Cintra, membro da diretoria técnica da ABERT, não serão possíveis aumentos de potência e classe no futuro, isso para as estações que estiverem acomodadas entre 88.1 FM e 107.9 FM, seja ela originada como FM ou uma migrante da faixa AM. O motivo é a grande ocupação do espectro na “faixa tradicional” que, após a migração, ficará em seu limite na acomodação das estações que estão no ar.
Cintra e Eduardo Cappia (diretor de rádio da SET e moderador do painel) destacaram que a expectativa do setor é de que o FM estendido seja popularizado de forma rápida, situação liderada pelos receptores FMs em celulares e nos carros (necessitam apenas de uma simples atualização de software para a sintonia da faixa estendida, já que os aparelhos já contam com essa capacidade de recepção a partir de 76 MHz). Além das migrantes AM-FM em grandes centros populacionais, a faixa estendida poderá acomodar estações em FM que desejarem ampliar as suas potências no futuro, já que essa parte do espectro conta com espaço para isso.
O quadro considera apenas os pedidos futuros, já que aqueles que estão em curso serão concretizados. Várias emissoras em FM tiveram as suas classes alteradas para ampliar a potência nos últimos meses.
Cintra também destacou a impossibilidade de acomodar as AMs na faixa FM em vários centros (como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, entre outros), mesmo com uma possível redução das potências em FM dessas migrantes (pratica que tem possibilitado a acomodação no espectro FM convencional no interior do país).
Também foi lembrado que o AM continuará em operação no Brasil, sendo extintas apenas as “AMs locais”, ou seja, estações de até 1kw. Nesse caso as estações não migrantes para a faixa FM terão a sua condição alterada para “AM regional”.
Tendências
Eduardo Cappia lembrou que o setor está realizando esforços para a ampliação da presença do FM nos smartphones, seguindo a tendência de outros países que deverão ou já estão atuando nessa frente (
como o exemplo do México, que proibiu recentemente a produção de smartphones sem a capacidade de recepção de FM). Segundo Cappia, o FM no celular não é só uma demanda do setor, mas sim do público, que poderá continuar recebendo conteúdo gratuitamente (sem conexão com a internet), além do menor consumo de bateria dos aparelhos durante a utilização do FM.
Cappia também destacou o “rádio híbrido”, sistema que alterna a recepção entre FM e streaming, sendo uma alternativa futura ao rádio. O tema esteve em pauta durante a NAB Show 2017, realizada em abril passado nos Estados Unidos. Cappia lembrou do pedido feito na segunda-feira (5) em Curitiba por Alexandre Barros (presidente da AERP) à Gilberto Kassab (ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), para a
retomada dos estudos sobre o rádio digital e a sua possível implantação dele no Brasil.
Eduardo Cappia, Andre Cintra e Roberto Lang durante o painel de hoje no SET Sul 2017
Experiências
Roberto Lang, diretor técnico da AERP, destacou no painel os primeiros resultados obtidos na migração AM-FM no Paraná, que são semelhantes ao cenário visto nos estados vizinhos. Lang destacou que, no interior, foi percebida uma elevação na demanda por rádios FM no comercio, situação motivada pelo interesse da população em receber os sinais das migrantes. Roberto também contou os desafios enfrentados pelas migrantes na instalação das FMs, como autorizações, custos e a migração da audiência atual no AM para o novo canal em FM.
O SET Sul foi realizado em Curitiba pelo segundo ano consecutivo, na Universidade Positivo. Contou novamente com a Hot 107 FM 107.7 do interior paulista como media partner, além dos apoios da AERP, ABERT, RPC, SERT-PR, Abratel e da Universidade Positivo.
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