Segunda-Feira, 09 de Março de 2020 @ 07:32
São Paulo - Segundo relatório da Nielsen, público de áudio é mais relutante a pagar pelo conteúdo por estarem acostumados com o acesso gratuito da plataforma. O rádio tem participação fundamental neste quadro
Um relatório da Nielsen apontou um cenário que já era uma impressão do mercado de rádio. O consumidor de áudio é mais avesso à cobrança pelo acesso a esse tipo de conteúdo, diferente da maior aceitação ocorrida no consumo de vídeo. Isso ocorre pelo fato do áudio ser uma ferramenta que sempre esteve disponível de forma ampla e gratuita. Apesar desse cenário ser mais desafiador para a criação de novas plataformas de áudio, a Nielsen aponta que isso pode ser uma oportunidade atraente para anúncios.
A Nielsen realizou uma pesquisa especial nos Estados Unidos que apontou o sentimento do público perante as plataformas de streaming. Foi apontado que, no mundo dos vídeos, "a grande maioria dos usuários desse tipo de mídia (mais de 90%) assina pelo menos um serviço de streaming pago", afirma a Nielsen.
Porém, quando o assunto é áudio, mais da metade procura por acesso gratuito (53%), enquanto 27% assinam um tipo de serviço de áudio (não necessariamente pago) e 20% acessam conteúdo das duas maneiras.
Desses 53% que acessam áudio gratuitamente, eles utilizam ferramentas que contam com anúncios, sejam aqueles em formato programático (como as publicidades automáticas no streaming), como também o intervalo comercial (no caso de rádio ao vivo via streaming).
"Os consumidores sempre tiveram acesso a entretenimento de áudio gratuito, por isso não é surpresa que os americanos sejam mais relutantes em pagar por isso. Independentemente de como ouvimos, os consumidores esperam que os serviços de streaming de música e o rádio sejam gratuitos e disponíveis, e essa é uma diferença impressionante do setor de streaming de vídeo, onde os provedores de conteúdo estão segregando programas distintos em serviços específicos, como forma de atrair assinantes", destaca a Nielsen em seu relatório.
Diferença no consumo de vídeo e áudio nos formatos de assinatura ou gratuito
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Impacto do Rádio e o interesse do mercado
O próprio rádio (FM/AM) tem um papel fundamental nesse comportamento, segundo a Nielsen. Desde o surgimento desse formato de mídia em áudio, o acesso gratuito sempre foi suportado por anúncios, sendo algo padrão e suportado pelo público. E isso não parece arrefecer: a Nielsen lembra que o rádio, que é a principal plataforma de áudio, segue atingindo 92% dos adultos norte-americanos a cada semana.
Isso tem chamado a atenção das grandes marcas, segundo a Nielsen. A publicidade está atenta ao perfil e a força do áudio, procurando soluções de anúncios baseadas em áudio. Essas marcas sabem que o alcance oferecido pelo rádio e pelo áudio é importante: "é um componente fundamental de campanhas publicitárias bem-sucedidas e um ingrediente necessário para gerar conscientização e mover produtos da prateleira", afirma o relatório da Nielsen.
Segundo a Nielsen, o áudio gratuito suportado por anúncios, falando especificamente o veículo rádio, "oferece uma oportunidade atraente para alcançar os consumidores em massa no mundo altamente fragmentado e louco por streaming de hoje", afirma o relatório, que complementa dizendo que "o áudio oferece uma experiência única e íntima para os ouvintes e os anunciantes que desejam alcançá-los".
Por mais que o streaming de vídeo tende a dominar a pauta das tendências tecnológicas e em chamadas relacionadas ao planejamento de marketing das empresas, o áudio também está crescimento de forma rápida como "um elemento básico no consumo de mídia dos consumidores norte-americanos", alerta a Nielsen.
Ganho ilimitado?
A Nielsen aponta ainda que o modelo gratuito com anúncios tem uma vantagem de ganho ilimitado perante outros modelos de negócio. "Em algum momento, até o modelo de assinatura mais bem-sucedido enfrentará desafios de crescimento à medida que seus pools de assinantes se enchem. Esse não é o caso do modelo suportado por anúncios", alerta o instituto.
O relatório termina afirmando que entende que é "tentador ficar envolvido na alarde dos mais recentes serviços de vídeo por assinatura", mas destaca que "no mundo do áudio, o foco para emissoras, podcasters e criadores é inalterado: desenvolva conteúdo de qualidade que mantenha o público voltando independentemente da plataforma ou modelo de anúncio - assim como tem sido desde o início do rádio", conclui a Nielsen.
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Para um faturamento maior…
Recentemente o tudoradio.com publicou uma matéria que aponta a manutenção da gratuidade de conteúdos de áudio como o podcast representam um desafio ao setor.
Por exemplo: as receitas globais de podcasts podem superar a marca de US$ 3,3 bilhões em 2025, caso o ritmo atual de crescimento seja mantido. Porém a Deloitte observa que para alcançar esse volume é preciso que ocorra um avanço internacional da plataforma, além de um modelo de monetização mais aprimorado.
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Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.