Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2024 @ 09:06
São Paulo - Rádios são obrigadas a transmitir o horário eleitoral da cidade de origem de sua concessão; Situação é comum para quem trabalha na área, mas é curiosa para a audiência
Um fato bem comum para quem trabalha no rádio, mas nem tanto para quem ouve as emissoras, é a diferença do programa eleitoral que vai ao ar em cada emissora de rádio. Ou seja, em pleitos municipais, cada estação precisa veicular a propaganda eleitoral da cidade de origem de sua concessão. Esse quadro cria situações um tanto curiosas para a audiência. Por exemplo, a atual líder geral de audiência em São Paulo, a Alpha FM 101.7, veicula propaganda política de Osasco, sua cidade-sede da concessão. Isso significa que não é possível ouvir na líder a campanha política da capital paulista, mas a emissora acaba se tornando uma das referências para o pleito de Osasco. Já a líder no total de ouvintes únicos, a Band FM 96.1, transmite o horário eleitoral de São Paulo. E isso ocorre em várias áreas metropolitanas brasileiras. Acompanhe:
As medições regulares de audiência da Kantar IBOPE Media em 13 mercados, com exceção da praça Campinas, consideram cidades-sede e suas respectivas áreas metropolitanas. Ou seja, é claro que uma emissora com desempenho de destaque em audiência e no total de ouvintes únicos tem a chance de ter um bom desempenho em sua cidade de origem na concessão. Em um mercado como o de São Paulo, com a maioria das concessões sendo da própria cidade, a capital também não fica sem cobertura das campanhas eleitorais. No entanto, como o rádio é um hábito, a situação é curiosa para o ouvinte de outras cidades da região ao perceber que aquela grande emissora que acompanha transmite propaganda política de uma cidade diferente.
Considerando o top 10 de alcance ou de audiência em São Paulo (podendo ter mais de dez emissoras, já que há diferença no ranking entre as duas métricas), seis emissoras não estão veiculando a propaganda política da capital. São elas: Alpha FM 101.7 (Osasco), Nativa FM 95.3 (Diadema), Transcontinental FM 104.7 (Mogi das Cruzes), 89 FM A Rádio Rock FM 89.1 (Osasco), Rádio Mix FM 106.3 (Diadema) e Rádio 105 FM 105.1 (Jundiaí).
Em outros mercados, o mesmo fenômeno ocorre. Considerando o top 3 de audiência ou alcance mais recente da Kantar IBOPE Media, é possível perceber situações como a Rádio Melodia FM 97.5 do Rio de Janeiro com programa eleitoral de Petrópolis, Liberdade FM 92.9 de Belo Horizonte veiculando Betim, Massa FM 97.7 de Curitiba com Campo Largo, Jovem Pan FM 89.9 de Campinas com Águas de Lindóia, entre outros exemplos.
Isso não é novo, e o quadro tende a mudar ainda mais quando algumas cidades ficam sem segundo turno, com suas respectivas emissoras sendo desobrigadas dessa veiculação após o resultado do primeiro turno, seja pela eleição já ser encerrada com a vitória de um candidato com 50% + 1 dos votos, ou pelo município não realizar segundo turno por ter menos de 200 mil eleitores, conforme as regras eleitorais do país.
O que tem sido novo é o avanço da alternativa oferecida ao rádio aos seus ouvintes: a ausência dos dois blocos eleitorais fixos no streaming das rádios, já que a obrigatoriedade da veiculação é relacionada ao dial, conforme já destacado pelo tudoradio.com no levantamento relacionado ao rádio da Grande São Paulo.
+ Veja aqui a lista de emissoras em cada região, com seus respectivos sinais e locais de transmissão
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Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.