Terça-Feira, 24 de Dezembro de 2024 @ 07:02
São Paulo - Dados do levantamento Music 360 indicam importância do rádio para a música, colaborando com as descobertas de outras pesquisas importantes que saíram em 2024
Uma pesquisa recente da Luminate Insights, por meio do levantamento Music 360, mostrou que a descoberta de novas músicas nos Estados Unidos segue dominada por três principais canais: recomendação de amigos ou familiares (44%), rádio AM/FM (43%) e serviços de streaming (43%). Redes sociais aparecem em seguida com 36%, acompanhadas por filmes/trilhas sonoras (35%) e TV (33%). Esses dados reforçam o papel do rádio como um meio relevante, mesmo diante da possível ascensão de outras plataformas. Dados similares que mostram a importância do rádio para o cenário musical foram repercutidos ao longo de 2024.
O estudo também destacou a força do rádio em grupos demográficos importantes. Mais da metade dos Millennials (54%) e 38% da Geração Z afirmaram utilizar o AM/FM para descobrir novas músicas. Segundo Haley Jones, chefe do setor de independentes da Luminate, “apesar da expansão do streaming, ouvintes curiosos ainda encontram surpresas musicais em diferentes lugares, e o rádio continua a ressoar entre as gerações mais jovens”.
No entanto, Jones aponta desafios para programadores de rádio, com a diversidade de opções disponíveis hoje. “Os gêneros mais populares dominam as rádios, enquanto artistas e estilos mais nichados têm acesso facilitado pelas plataformas de streaming. A programação algorítmica, assim como a pesquisa de rádio, muitas vezes usa o passado para prever as próximas execuções. Sem curiosidade proativa, como perguntar 'Qual foi a melhor música que você ouviu recentemente?', a inovação pode se tornar limitada”, comentou em um blog.
Para aproveitar as tendências de descoberta, a especialista sugere analisar os artistas mais ouvidos em plataformas de streaming e compará-los com os mais tocados no rádio. “Oportunidades podem ser encontradas onde o streaming supera as execuções no rádio. Esses artistas podem estar prontos para alcançar uma base de fãs maior e maior visibilidade”, afirma Jones.
Entre os artistas destacados pela Luminate como exemplos desse potencial estão nomes como Beebadoobee, Boygenius, Brent Faiyaz, Rylo Rodriguez, BigXthaPlug, e os artistas country Tyler Childers, Koe Wetzel e Red Clay Strays. A pesquisa reafirma o papel do rádio em uma era onde a descoberta de música é amplamente influenciada por múltiplos canais.
Rádio segue fundamental para a consolidação de músicas nas paradas
Outro estudo recente, divulgado pela Billboard e repercutido pelo tudoradio.com, apontou que o rádio desempenha um papel crucial para prolongar a presença de músicas nas paradas de sucesso. Embora o streaming tenha revolucionado o consumo musical, as rádios AM/FM continuam a ser um dos principais veículos para garantir que hits permaneçam relevantes por mais tempo. Essa característica contribui para a longevidade de canções que muitas vezes ganham uma segunda vida por meio de execuções regulares nas emissoras.
Esse impacto também é observado em pesquisas globais, como da IFPI, que identificou o rádio como a principal escolha para consumo de conteúdo musical em diversas partes do mundo. Combinando sua acessibilidade, curadoria humana e influência em mercados locais, o meio permanece indispensável, especialmente em mercados mais maduros como os Estados Unidos.
De acordo com a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), 76% dos ouvintes sintonizam o rádio principalmente pelo conteúdo musical, sendo que 67% dos entrevistados escolhem suas estações favoritas com base na seleção de músicas. Além disso, 63% afirmaram que deixariam de ouvir rádio se ele parasse de transmitir música.
Além de sua relevância na descoberta de novas músicas, o rádio AM/FM se destaca como a principal plataforma de consumo musical no mercado norte-americano, superando inclusive o streaming. As transmissões de rádio AM/FM lideram como a principal fonte de música para ouvintes com 13 anos ou mais, capturando 32% do tempo diário de audição. O meio é especialmente valorizado pela facilidade de acesso e pelo papel dos locutores na curadoria de conteúdo, algo que as playlists automatizadas ainda não conseguem replicar.
+ Rádio é fundamental para manter músicas por mais tempo nas paradas de sucesso, indica a Billboard
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Ilustração
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.