Segunda-Feira, 31 de Agosto de 2020 @ 07:31
São Paulo - Em relatório, Nielsen indica que "o rádio se tornou o colega de trabalho perfeito e o melhor companheiro durante o dia"
Em agosto, a Nielsen disparou um relatório ao mercado que destaca o alcance do áudio entre os profissionais que estão em regime 'Home-office', ou seja, trabalhando de forma remota. E três quartos (75%) dos entrevistados ouvem música enquanto trabalham de casa, sendo a maior participação de atividades relacionadas à mídia de qualquer meio de comunicação. E, neste caso, o rádio sai na frente: segue com um alcance de 91% nos Estados Unidos, sendo líder entre todas as plataformas de áudio disponíveis. Acompanhe os recortes do relatório:
Em sua introdução, a Nielsen destaca que "O rádio é um companheiro de deslocamento tão onipresente que, quando muitos americanos foram convidados a trabalhar em casa no início deste ano devido ao COVID-19, a indústria se perguntou como os americanos ouviriam". E que, em 2020, o "entretenimento de áudio continua sendo uma característica da vida norte-americana", com o "rádio - e inovações como os serviços de streaming de música digital - ajudaram a lançar podcasts no centro das atenções, conduzir a descoberta de novas músicas, nos entreter e nos manter atualizados sobre as últimas notícias, locais e nacionais", destaca.
A Nielsen relata que os consumidores que ficaram isolados em suas respectivas casas, mas mantiveram as suas atividades profissionais de forma remota, "recorreram ao seu velho amigo, o rádio, para fazer-lhes companhia e informá-los, como sempre fez com segurança ao longo da história". A Nielsen destaca que o meio "se tornou o colega de trabalho perfeito e o melhor companheiro durante o dia para muitos funcionários remotos".
Os números
No relatório, a Nielsen trás os seguintes recortes da pesquisa Total Audience Report, no estudo Work from Home Edition: três quartos dos pesquisados (75%) afirmam ouvir música enquanto trabalham, independentemente da plataforma de áudio utilizada e sendo um volume que considera pelo menos uma vez por semana. Desses, 40% relataram sintonizar diariamente uma estação de rádio. Segundo a Nielsen, esse é o maior percentual de participação nas atividades relacionadas à plataformas de qualquer mídia e meio de comunicação. Já 35% relatam sintonizar pelo menos uma vez por semana.
"O rádio AM / FM continua sendo a peça central do universo do áudio, atingindo mais de nove em cada dez adultos nos Estados Unidos a cada semana, mais do que qualquer outra plataforma de mídia, incluindo 95% dos hispânicos adultos com 18 anos ou mais", destaca o relatório, afirmando também que "ao mesmo tempo, os consumidores estão complementando seu uso de transmissão de rádio transmitindo áudio por meio de seus dispositivos pessoais móveis menores. Entre os adultos, o uso semanal de smartphones e tablets cresceu 28% e 20%, respectivamente, na comparação com o mesmo trimestre do ano passado".
Durante a pandemia do novo coronavírus, no primeiro quadrimestre de 2020, o rádio contou com 91% de alcance entre as plataformas de áudio nos Estados Unidos, recuando apenas 1% em relação ao mesmo período em 2019 (quando a rotina da população estava normal em sua movimentação). Esse alcance líder não considera a participação das rádios em dispositivos conectados, como smartphones (via streaming), entre outros formatos (veja abaixo):
Alcance das plataformas de áudio nos Estados Unidos
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A Nielsen ainda destacou o crescimento do consumo de podcasts e a manutenção do interesse do público por suas estações e personalidades de rádio locais. Segundo a pesquisa de Trabalhadores Remotos da Nielsen, o público recorreu "a companheiros familiares e confiáveis na forma de apresentadores de rádio e podcast, que os mantinham atualizados sobre as constantes mudanças nas diretrizes de pandemia e agitação civil em todo o país. Na verdade, mais da metade dos entrevistados (53%) disseram que ouviam programas de rádio, notícias de rádio e podcasts semanais", destaca a Nielsen em seu relatório.
"O trabalho remoto colocou um novo foco em nosso entorno imediato", disse Peter Katsingris, vice-presidente sênior, Audience Insights, Nielsen. "Muitos americanos recorreram ao rádio e aos podcasts, mesmo durante o horário de trabalho, para ajudá-los a se manter informados e conectados à sua comunidade. As marcas podem querer adaptar suas mensagens para melhor captar a atenção de ouvintes multitarefas, abordar as preocupações dos consumidores em torno de sua comunidade e se concentrar em construir confiança", declara o executivo.
Trabalho em casa é tendência no pós-pandemia. Residências são equipadas com dispositivos de inteligência artificial
Várias pesquisas já apontam um retorno gradual à circulação de pessoas e também nos hábitos de consumo nos Estados Unidos (e também em outros países). Tanto que redes de rádios têm indicado para anunciantes que consideram pesquisas de 2019 para planejar sua distribuição de mídia no resto de 2020, também tendo como base um relatório da Nielsen.
Porém, a Nielsen aponta que esse retorno ainda é gradual e que algumas mudanças impostas pela pandemia podem ser fixadas. Uma dessas novas práticas está justamente no trabalho remoto, o que pode impactar no consumo de áudio (o rádio conta com uma participação importante nos deslocamentos de pessoas, mas também tem se adaptado à nova realidade).
"Trabalhar em casa parece ser uma realidade de longo prazo para muitos, pelo menos até que uma vacina viável possa ser implementada. Como tal, a vida doméstica foi reconfigurada para melhor atender a esse 'novo normal', desde investir em jardins até melhorar as estações de trabalho em casa. Isso inclui equipar residências com alto-falantes inteligentes e conectar assistentes de voz a diferentes dispositivos e veículos", observa o relatório da Nielsen.
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Segundo a Nielsen, hoje, quase um terço dos lares dos Estados Unidos contam com as smart-speakers, ou seja, as caixas de som inteligentes. "Para quem trabalha em casa e desfrutar de música de alta qualidade ou rádio de fundo, alto-falantes inteligentes e assistentes de voz podem simplificar a experiência multitarefa de mídia, permitindo que as pessoas trabalhem perfeitamente e controlem o volume e os canais", afirma o relatório.
Avanço das smart-speakers no mercado norte-americano
"A pandemia trouxe mudanças no comportamento da mídia e o áudio não é exceção", afirma Katsingris, que completa fazendo uma observação: "Mas mesmo após a pandemia, é provável que muitas empresas abracem uma força de trabalho remota maior. O que significa que essas mudanças de comportamento podem ser permanentes. Como profissional de marketing, pensar em histórias mais integradas ao áudio pode ser uma ótima maneira de se conectar com seu público", declara o executivo.
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Com informações da Nielsen
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.