Terça-Feira, 21 de Junho de 2022 @ 07:31
São Paulo - Maior parcela de crescimento estará concentrada no rádio online, segundo a BIA (BIA Advisory Services). Transmissão terrestre também terá avanço
A BIA Advisory Services, empresa especializada em previsão de mídia nos Estados Unidos, reduziu suas perspectivas de investimentos com publicidade para 2022. O cenário econômico complicado observado no país norte-americano, que está interligado com um quadro mundial desafiador, obrigou a revisão da previsão feita inicialmente em no final do passado. Porém, não há no horizonte uma estimativa negativa para o rádio: a BIA prevê um avanço de destaque para o investimento em rádio online e uma oscilação positiva para o rádio terrestre (via AM/FM). Acompanhe:
Um início de 2022 bem mais lento nos investimentos publicitários do que era previsto inicialmente, forçou a BIA a revisar os seus dados. “Os ventos contrários de conflitos no exterior, problemas contínuos na cadeia de suprimentos e cortes profundos nos gastos com anúncios automotivos e outras grandes categorias precipitaram a redução”, afirmou a empresa, em comunicado.
Mas isso não significa que não sejam observados fatores positivos na compra de mídia em 2022 e isso envolve o rádio. O setor já vinha divulgando balanços positivos, com grupos chegando a alcançar ou superar os valores observados no período pré-pandemia da covid-19, conforme também relatado pelo tudoradio.com. Segundo a BIA, é esperado um “crescimento significativo” para o rádio online em 2022, que deve saltar 14,5% para US $2,99 bilhões, acima dos US $2,61 bilhões do ano passado.
Já o rádio terrestre, considerando a compra de mídia na transmissão FM, AM e HD Radio (formato digital terrestre norte-americano), o crescimento será mais modesto, porém ele foi mantido mesmo com a previsão da BIA sendo reduzida para o investimento publicitário local, o que afeta diretamente o setor. Esse avanço menor também consiste no fato dos valores serem maiores: atingirá US$ 11,16 bilhões em 2022, um aumento de 3,8% em relação aos US$ 10,75 bilhões registrados em 2021.
+ Planejadores de mídia acreditam na eficácia do rádio e 35% devem aumentar o investimento no meio
O comunicado da BIA indica que o começo de 2022 frustrou as expectativas iniciais, com os dois primeiros trimestres do ano sendo considerados como "extremamente difícies". Os Estados Unidos vivem um processo de pleno emprego, ou seja, há um crescimento de renda pessoal por parte da população, o que possibilita o consumo de bens e serviços (interesse da publicidade). Mas a inflação local, a maior em décadas, tem puxado o freio de mão nos investimentos de compra de mídia.
“Por um lado, a renda pessoal continua aumentando, mas o custo dos bens de consumo, o aumento dos preços da gasolina e a inflação estão tendo um grande impacto e acreditamos que isso influenciará a forma como os anunciantes escolherão usar seus dólares de publicidade nos próximos meses. Tudo isso deve ser pesado contra o que vemos como positivo para a publicidade local este ano", destaca a empresa.
Apesar da redução na previsão inicial para anúncios locais, a BIA destaca que há sim um avanço nessa modalidade de compra de mídia, desenvolvendo ainda mais a publicidade feita nas próprias praças. “As pessoas economizaram durante a pandemia e agora estão aproveitando diferentes áreas nas verticais de lazer e recreação (...). Em todas essas áreas, inclusive política, aumentamos as expectativas de publicidade local. Para empresas que dependem diretamente de cadeias de suprimentos, reduzimos as expectativas", afirma o VP de Previsão e Análise da BIA, Nicole Ovadia.
+ Levantamento da Kantar IBOPE Media registra crescimento nos investimentos publicitários em 2021
Fatia digital vs. tradicional
O comunicado ainda indica que a previsão atualizada de publicidade local, que abrange 16 mídias e 96 subverticais, segue creditando à mídia tradicional uma pequena vantagem sobre a digital quando o assunto é divisão do total dos investimentos publicitários, com 52,5% dos gastos com anúncios (US$ 87,9 bilhões), em comparação com 47,5% para mídia digital (US$ 79,5 bilhões).
A atualização da previsão reduz ligeiramente a parcela do investimento digital, devido à novas medidas de privacidade envolvendo os smartphones, em especial o Apple iPhone. E também pelo ritmo de investimento ter se apresentado mais lento no início de 2022, em relação à previsão inicial.
Divisão dos investimentos publicitários entre o que é considerado tradicional e digital pela BIA
Notícias relacionadas:
> Publicidade se aproxima do nível pré-pandemia na França. Anunciantes retornam ao rádio
> Rádio amplia receita publicitária na Alemanha e também na Austrália
> Mercado publicitário brasileiro avança em 2021. Rádio cresce mais de 23%, segundo Cenp-Meios
> Rádio do Reino Unido registra receita histórica em 2021
> Três dos maiores grupos de rádios dos EUA continuam divulgando resultados positivos
E por qual razão olhar para lá fora?
O tudoradio.com costuma observar esses pontos de curiosidade dos números do rádio internacional para mapear possíveis mudanças de hábitos e a manutenção do consumo de rádio em diferentes países. Assim como ocorreu no ano anterior, periodicamente a redação do portal irá monitorar o desempenho do rádio nos principais mercados do mundo e, é claro, fazendo sempre uma comparação com a situação brasileira. E, como de costume, repercutindo também qualquer número confiável sobre o consumo de rádio no Brasil.
Recomendamos:
> Veja aqui mais notícias sobre o atual momento do rádio em diferentes países
> Confira também as principais tendências para o setor de rádio e tecnologia
Com informações do portal Inside Radio
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.