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Quão importante é para uma estação de rádio FM ter o serviço de RDS ativo, que exibe o nome da estação e outras informações sobre a rádio?

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Terça-Feira, 09 de Maio de 2023 @

Rádio com imagem? Ainda estamos errando no básico, prejudicando a experiência do ouvinte

Acredite se quiser: uma das primeiras imagens que seu público capta do rádio é o RDS (Radio Data System), presente na tela da maioria dos receptores utilizados no Brasil

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O avanço feito por muitas rádios brasileiras na área de entrega de conteúdo multiplataforma tem sido exemplar. Muitas compreenderam que cada plataforma digital possui uma linguagem própria, ou seja, precisam adaptar ou criar um determinado conteúdo para ela. Senão, não há engajamento que valha a pena. Mas toda essa história de “rádio com imagens” me provoca um questionamento aparentemente simples: você sabia que a tela de rádio mais vista pelo público é aquela que está no receptor? Sim, aquele display no painel dos carros e no aplicativo de rádio e áudio do celular, que não executa vídeo algum, é a “vitrine” do conteúdo de áudio ao vivo gerado por uma estação de rádio. Pense na quantidade de pessoas que acompanham uma emissora pelo dial. Bem, esse batalhão não pode se deparar apenas com a frequência da emissora. Vou tentar explicar melhor a importância disso.

Acredite se quiser: uma das primeiras imagens que seu público capta do rádio é o RDS (Radio Data System), presente na tela da maioria dos receptores utilizados no Brasil. Considere que esses receptores estão cada vez mais modernos, cheios de recursos que, em muitos casos, aproveitam o que a estação de rádio envia de informação através do seu sinal para oferecer nessas telas. Falo da forma como essas mensagens de texto do RDS aparecem, mas também como esses receptores organizam as emissoras disponíveis, por lista de frequências, nomes, formatos de programação e até logotipos em alguns casos.

O uso correto do RDS é tão importante que já faz mais de cinco anos que ouço engenheiros da NAB (associação norte-americana do setor de radiodifusão) implorarem (sim, é essa a sensação que tenho ao ouvi-los) para que as estações utilizem o RDS e da maneira correta. Sim, há formas corretas de se utilizar. Mas antes de chegar a elas, vamos colocar aqui alguns pontos que tornam o RDS tão importante.

1 - É uma forma estratégica de promoção de uma rádio. Grande parte dos rádios automotivos e de aplicativos com FM no Android listam os sinais de FMs disponíveis na praça, de forma automática. E ali muitos já puxam a primeira informação de RDS. Ou seja, nesse “scan” automático, um ouvinte pode descobrir quais rádios existem em sua cidade. Quase um outdoor de rua ou uma publicidade. É ali também que, se o seu ouvinte estiver na concorrente, ele vai constantemente lembrar que você também é opção.

Neste caso, é importante considerar o tal “uso correto”. Muitos engenheiros têm recomendado apenas a inclusão do nome da rádio no PS, ou seja, aquela função que mostra apenas oito caracteres (por onde o RDS começou). A maioria dos receptores atuais usa essa informação para identificar a rádio e até salvar seu nome, aparecendo essas palavras até antes mesmo de captar outra informação. Sendo assim, se não estiver o nome da estação ali, é possível que o receptor salve outra frase que talvez não interesse para a FM. Mas e o nome da música, programa, etc? Calma, já vamos chegar na outra recomendação mais adiante.

2 - O formato da programação da emissora. Aqui tem uma pegadinha chata que até faz com que rádios grandes e experientes caiam nesta. Existem padrões diferentes entre receptores e aparelhos de RDS para os códigos relacionados aos formatos de programação. Em alguns casos, o número destinado a um determinado gênero para aparelhos europeus não é o mesmo para norte-americanos. E qual o problema disso? Bem, uma rádio que é Pop pode ser listada como Country. E isso é bem comum, já que os receptores estão sendo montados nos mais diversos locais, com padrões distintos. A ideia é escolher um formato que seja similar entre os dois padrões, assim não causa muita estranheza por parte da audiência. Veja a tabela no final deste texto, com os respectivos códigos.

Mas isso é importante? Sim, é. Cada vez mais. Muitos receptores, principalmente automotivos, também listam rádios por formatos de programação. E isso é muito intuitivo para o ouvinte. Não é algo tão inacessível como já foi há alguns anos.

3 - Competição entre serviços de áudio. Agora os outros dois pontos se encontram neste aqui, que talvez seja crucial. A EXPERIÊNCIA DO OUVINTE. Considere que ele sempre transitou entre os mais variados serviços de áudio, certo? Isso desde o CD Player, Pen-drive, rádio FM, até os atuais serviços de streaming de áudio. Pois bem. Com as telas dos receptores cada vez mais modernas, com mais dados, é péssimo para uma estação quando um ouvinte está no Spotify (com nome da música, lista de formatos, etc) e depois que muda para o rádio FM dá de cara apenas com a frequência da estação. Bem, eu adoro frequências de rádio, mas isso não diz muita coisa para o ouvinte. Quanto mais uma rádio usa os dados que já tem disponível, leia-se RDS, melhor para preencher esses espaços, seja no carro, seja no celular.

O que se recomenda?

Aí vale a cartilha básica: nome da rádio no PS (8 caracteres). Nome da rádio, música, entre outras informações que a rádio deseja incluir, inclusive comerciais/anunciantes, etc, no RT (Rádio Texto, de até 64 caracteres). E o formato cadastrado, procurando o “meio-termo” da tabela abaixo devido à divergência de padrão entre os equipamentos.

Mas não vale o nome da música ou de um programa no PS? Olha, a resposta é sim se você garantir que a primeira coisa que vai aparecer para o receptor é o nome da rádio. Ele vai memorizar. Lembro aqui de uma história contada por colegas de rádio onde uma senhora muito religiosa teve a infelicidade da palavra “Demon” (demônio em inglês) aparecer no RDS de uma das estações com sinal da cidade dela. Após muito desespero, isso só foi resolvido com a troca do aparelho, pois a concessionária não conseguiu “resetar” essa memória. Ok, é um caso, mas é um caso conhecido que ilustra bem qual vai ser a experiência dos ouvintes. Já tive gente na minha família de chamar o nome de uma rádio da região de São Paulo pelo nome de uma cantora. Motivo? A tal memória.


Receptor de rádio FM com as estações listadas automaticamente, com a informação do PS / crédito: tudoradio.com

Metadados

O “RDS do streaming” também é importante. E ele é bem interessante, sendo bem simples de configurar. O que seria? É o nome da rádio e do que está tocando naquele momento, enviado via log para o seu servidor de streaming. O resultado? Vai aparecer essa informação em tempo real para o ouvinte, nos mais diversos tocadores de streaming, como agregadores, players avulsos, base de dados híbridas (que mistura online com o sinal FM/AM, possivelmente o futuro próximo do rádio) e pode ser explorado pela emissora em suas plataformas próprias, como sites e aplicativos. O recomendável aqui é colocar logo no mesmo sinal de streaming, via encoder, pois essa informação irá automaticamente para qualquer player que conte com a emissora cadastrada.

Também estamos caminhando para imagens. O tal rádio híbrido vai proporcionar que o ouvinte tenha acesso a muitas informações das rádios, como programação, logotipo, sinal de internet, interatividade, entre outras questões. E o maior avanço nesse setor, assim como ocorre com RDS, está mais na mão dos desenvolvedores de aplicativos e receptores do que da própria rádio. Basta ela disponibilizar isso pelos canais que ela já tem na mão.

Como o papo já está longo demais, não vou entrar nas demais práticas que impactam na experiencia do ouvinte com o rádio, como a qualidade do áudio via FM (ou streaming), conteúdo do ar, sinal, compatibilidade de conexão, entre outros pontos. Já sabemos que isso é importante e deixarei para aprofundarmos em outro bate-papo.

Mas por favor, se você atua por uma rádio, é engenheiro ou até proprietário, considere essa história do RDS e metadados com carinho. O ouvinte já considera.


Receptor de rádio digital e híbrido, exposto durante o NAB Show 2023 / crédito: tudoradio.com

Bem, agora enfrentamos a dor de cabeça das diferenças nos padrões de formatos. Observe a tabela abaixo e, dentro do possível, busque enquadrar sua emissora na melhor definição compatível com ambos os padrões.

RDS PTY CODE  RDS PROGRAMME TYPE 
   EUROPE  NORTH AMERICA 
No programme type defined  No programme type defined 
News  News 
Current affairs  Information 
Information  Sport 
Sport  Talk 
Education  Rock 
Drama  Classic Rock 
Culture  Adult Hits 
Science  Soft Rock 
Varied  Top 40 
10  Popular Music (Pop)  Country Music 
11  Rock Music  Oldies (Music) 
12  Easy Listening  Soft Music 
13  Light Classical  Nostalgia 
14  Serious Classical  Jazz 
15  Other Music  Classical 
16  Weather  Rhythm & Blues 
17  Finance  Soft Rhythm & Blues 
18  Children's Programmes  Language 
19  Social Affairs  Religious Music 
20  Religion  Religious Talk 
21  Phone-in  Personality 
22  Travel  Public 
23  Leisure  College 
24  Jazz Music  Not assigned 
25  Country Music  Not assigned 
26  National Music  Not assigned 
27  Oldies Music  Not assigned 
28  Folk Music  Not assigned 
29  Documentary  Weather 
30  Alarm Test  Emergency Test 
31  Alarm  Emergency 

Fonte da tabela: RDS PTY Codes & Programme Types - Eletronicnotes

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Tags: Rádio, carro, automóveis, RDS, indústria, movimento, tendências, tecnologia, FM, celulares

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Colunista
Daniel Starck

Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.










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